quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A CAMINHADA RUMO Á FORMAÇÃO DA ALIANÇA CRISTÃ EVANGÉLICA BRASILEIRA.


Meus caros irmãos e irmãs, Paz!

Queremos compartilhar com vocês, por meio desta correspondência, o fruto dessa caminhada rumo à formação da Aliança Cristã Evangélica Brasileira (Aliança), expresso no documento anexo intitulado "Carta de Princípios e Diretrizes". Este fruto ainda não está totalmente maduro e está sendo partilhado com você para a sua apreciação, o seu comentário e o seu compromisso.

Lembramos a cada um da reunião de formação da Aliança. Em anexo segue a carta convite com os devidos detalhes deste encontro e precisamos muito que você esteja conosco naquele dia.

Escrevo esta em pleno vôo de volta de uma minhas viagens mais marcantes e intensas. Volto de uns dias na Albânia onde estive com a Visão Mundial, mas sem deixar de encontrar vários missionários brasileiros, o que é fonte de alegria para mim. O meu artigo a ser publicado na próxima Ultimato reflete algumas dimensões desta minha experiência. Embora o texto “Deus dá testemunho de si mesmo”, esteja anexo na íntegra, destaco três aspectos do mesmo.

1. Depois de anos de um regime comunista totalitário, onde a igreja foi dizimada e oficialmente extinta, essa mesma igreja volta como um atestado de que Deus cuida da sua igreja e ela se arraiga muito fortemente na alma humana.

2. As formas e vícios históricos voltam com o ressurgimento da igreja, geralmente. É o que se vê na Albânia, tanto na Igreja Ortodoxa, como na Igreja Católica Romana e nas diferentes igrejas evangélicas, divididas como sempre, que nasceram depois da queda do regime comunista na década de 90.

3. As igrejas evangélicas na Albânia tem a sua Aliança Evangélica, que congrega a maioria das igrejas evangélicas e estiveram presentes, como tal, numa reunião que fizemos e na qual também participaram representantes Católico Romanos e Ortodoxos também.

Me alegra que a Albânia tenha a sua Aliança Evangélica. Me entristece que aqui no Brasil não conseguimos manter uma dessas expressões de busca da unidade da igreja; o que deveria ser motivo de arrependimento para todos nós. É que na área da unidade da igreja temos uma dificuldade histórica e "intestina" de expressar obediência ao evangelho de Jesus Cristo. A Aliança que está nascendo quer ser uma pequena resposta de obediência ao mandato da unidade da igreja, a qual Jesus proclama e pela qual ele intercede (cf. João 17).

À luz da nossa proposta da "Carta de Princípios" anexa, compartilhamos algumas das nossas sugestões para o encontro do dia 30 de novembro póximo.

1. Queremos caminhar devagar no processo da formação da Aliança. Não devemos ter pressa e sim sedimentar a proposta.

2. Queremos nos estabelecer em "silêncio" e sem grandes alardes.

3. Propõe-se existir sem CNPJ, nesta primeira etapa. Para isso estamos buscando uma instituição que nos hospede, especialmente em função da questão financeira.

4. Propomos uma estrutura simples, caminhando o máximo possível na direção de sermos uma rede de evangélicos.

5. Celebramos os encontros regionais que estão acontecendo e onde representantes estão sendo escolhidos e indicados.

6. Propomos que, neste primeiro ano, a Comissão que coordenado os trabalhos até aqui, faça parte do Conselho Geral da Aliança, para que se dê a maior continuidade possível ao processo de sedimentação da Aliança. A primeira reunião deste Conselho deve acontecer já no dia 1º de dezembro de 2010.

7. Na reunião do dia 30.11 estará conosco um representante da Aliança Evangélica Mundial e que estará nos assessorando neste período de formação da Aliança.

8. A assembléia do dia 30.11 terminará com um culto de adoração e gratidão a Deus, às 17:30 horas. Todo o programa desse dia será acompanhado por um grupo de intercessores que estará orando por nós durante todo aquele dia.

Queremos desafiar você a estar conosco neste dia 30.11. Desafiamos ainda a que esteja orando, com a sua igreja, por este processo de formação da Aliança. Se a sua igreja local, denominação ou organização cristã quiser e/ou puder se afiliar à Aliança já no dia 30.11, também queremos desafiar você a que traga consigo uma declaração nesse sentido. Cada membresia será recebida com muita gratidão e alegria.


Agradecemos a Deus por este momento histórico que ele nos está dando o privilégio de viver.
Graça e paz!
Valdir Steuernagel


DEUS DÁ TESTEMUNHO DE SI MESMO

Na sala pequena a conversa é intensa. Em pouco tempo chegamos a assuntos profundos. “Você não faz idéia do que este país passou e do que o regime comunista e ateu fez com esta gente!”, diz o missionário inglês, com a firmeza e espontaneidade de quem se sente em casa aqui em Esbalan, no nordeste da Albânia. E ele tem razão. Nestas dias por aqui, fico tentando entender o drama pelo qual o país passou em sua história recente e o seu processo de transformação nestas duas últimas décadas.

A história da Albânia é muito antiga e só em 1912 eles se libertaram da longa ocupação otomana que transformara este país cristão em muçulmano. Mas já em 1944 eles voltavam a outro império, desta vez o soviético. Sob a liderança de Enver Hoxha, que ficou no poder até falecer em 1985, a Albânia passou a ser uma “ilha” totalitária na qual nem o bloco soviético, com o qual rompeu em 1967, e nem a China, com a qual rompeu em 1978, eram suficientemente rqadicais na sua vivência do comunismo. Foi Hoxha quem suprimiu toda e qualquer estrutura e expressão religiosa no país, declarando-o o primeiro estado ateu no mundo. A liderança que o substituiu procurou introduzir algumas medidas liberalizadoras, mas não subsistiu às consequências e à influência da queda do império soviético e à mediática queda do muro de Berlim. Assim, quando as fronteiras foram abertas, em 1991, instituiu-se um novo regime político e a população vivenciou níveis desconhecidos de liberdade.

O que mais me intrigou é que apesar de décadas de ensino e controle ateísta e do aniquilamento radical de qualquer sinal religioso, hoje a população do país é descrita em termos religiosos, embora usando dados antigos e desatualizados. Assim, 70% da população seriam muçulmanos, 20 % ortodoxos e 10% católicos, enquanto a igreja evangélica, com expressões diversas, é bem pequena e com menos de 20 anos de idade. Cadê os ateus? Cadê os convertidos ao ateísmo por um estado forte, controlador e violento? Eles existem, é claro, mas a verdade é que o anseio e a necessidade espiritual vieram à tona assim que possível. Eclesiastes diz que Deus pôs no coração do homem o anseio pela eternidade (3.11); e este, quando pode, expressa sua busca de Deus de várias maneiras e em várias formas religiosas. Por um pouco, a inexistência de Deus pode até ser declarada, imposta e proclamada por regimes, instituições e filosofias; mas assim que uma janela se abre ou uma porta deixa fresta, as pessoas saem em busca de conhecer e pertencer, como nós cristãos dizemos, ao Deus que nos criou, nos sustenta e se revela com amor em Jesus Cristo. Deus é o maior interessado em revelar-se a nós, pois sabe que necessitamos dele de forma existencial e visceral. Ele é a nossa vida e a razão da nossa coexistência comunitária.

Há sinais desse interesse de Deus em se dar a conhecer e em dar às pessoas a oportunidade de descobrir que aquilo que anelavam e buscavam estava no conhecimento e na relação de amor com Ele mesmo.

No último domingo que Silêda e eu passamos na Albânia fomos a uma igreja no sul do pais, acompanhados por duas funcionárias da Visão Mundial. Erisa,uma jovem bonita e inteligente era uma delas e quando eu perguntei em como ela havia chegado a fé cristã, ela me disse com a maior naturalidade: “Eu tive um sonho!” É claro que a minha racionalidade e bem alimentada suspeita estranhou: “O quê?” “Eu tive um sonho”, ela repetiu. E nos contou a história.

Nascida numa família nominalmente muçulmana e avô praticante de um Islamismo típico daqui, ela sofria de pesadelos noturnos. Um dia alguém que visitava sua casa lhe sussurrou ao ouvido, para que seu pai não ouvisse, que invocasse o sangue de Jesus ao ter esses pesadelos. Erisa começou a fazer isso e uma noite sonhou que alguém, cujo rosto ela não via, lhe estendia as mãos e dizia que a amava. Quando acordou, na manhã seguinte, ela saiu correndo pela casa, dizendo a todo mundo que era cristã. Ela tinha então 8 anos e por um bom tempo continuou a afirmar a sua identidade cristã apesar dos protestos e suspeita dos pais. Foi só aos 14 anos que, escondida, ela começou a frequentar uma igreja. E só mais tarde, já universitária, começou a aproximar-se da Bíblia de forma mais inteira e compreensiva.

De queixo caído e o coração palpitando de alegria, eu disse: “Você é uma menina bem-aventurada!” Estava impactado pela forma como Deus se revela e como Ele faz isso com graça, amor e convicção. Eu tinha ouvido falar de revelações de Deus em sonho, mas nunca havia encontrado alguém que o tivesse experimentado. Mas agora, diante do testemunho de Erisa eu só queria e podia ficar encantado com o próprio Deus.

Mas é claro que nem sempre é assim. Aliás, isso é raro. Normalmente Deus usa gente como você e eu para dar-se a conhecer e o faz pelo encontro com o evangelho de Jesus Cristo, intermediado pelo Espírito Santo. Mas é muito bom saber que Ele não depende de nós para se revelar onde e como ele quer.

Eu venho escrevendo sobre o chamado de Jesus para sermos testemunhas dele faz um bom tempo. Durante esta viagem vi um pouco mais de como Deus é o maior interessado em se dar a conhecer a todos nós e como faz isso de formas ricas e diversas. Graças a Deus, ele dá testemunho de sí mesmo e o faz com muito beleza, intensidade e clareza.

Minha oração não é apenas por eles.
Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste
(João 17: 21-22)


Querido(a) Irmão e irmã,

Cremos que o Senhor tem nos liderado até aqui e juntos queremos celebrar este momento de unidade, visão, missão e recomeço da nossa caminhada como comunidade cristã evangélica do Brasil. Ao longo destes meses nos encontramos com muitos líderes e pastores de diferentes parte do Brasil afim de continuar o caminho daqueles que até aqui construiram nossa história e trilhar o que Jesus nos legou em sua oração sacerdotal.

Em constante oração pela presença guiadora e iluminadora do Espírito Santo. Paz e graça.
Valdir Steuernagel e Comissão de Trabalho

* Para mais informações sobre a proposta da Aliança e nossa caminhada até aqui, favor entrar em contato com Wilson Costa.


Venha participar do Primeiro Fórum da Aliança Evangélica Brasileira
24,25,26 de novembro - 2011 - Brasília - DF
Tema: Unidade, Identidade e Missão
Informações: www.aliancaevangelica.org.br
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Fonte: Aliança Cristã Evangélica Brasileira

Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

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