segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA COM DOUTOR RUSSELL SHEDD.

Entrevista com dr. Russell Shedd - Veterano da fé
Aos 80 anos de vida, o doutor Russell Shedd mantém-se como referência de integridade, conhecimento bíblico e vida cristã.

Nos dias 19 de maio até 22 de Maio de 2011 o Doutor Russell Shedd, estará ministrindo a palavra de Deus no nosso I Congresso de Teologia, Sociedade e Fé, na igreja ADI em Tubarão Santa Catarina.


Não é muito comum um líder religioso chegar aos 80 anos em plena atividade. Mais raro ainda é ter atravessado todo este tempo mantendo um ministério de visibilidade internacional. Agora, privilégio mesmo é poder ostentar uma reputação inabalada e manter-se como referência de conhecimento bíblico e saber teológico em idade tão avançada. Pois Russell Philip Shedd entrou para o rol dos octogenários em 10 de novembro passado com todas essas características. Missionário de origem americana, ele está radicado no Brasil desde 1962. Neste quase meio século, tem prestado decisiva colaboração à Igreja nacional, seja através de seus livros e trabalhos de cunho teológico, seja com suas pregações, conferências e palestras.

Shedd é um teólogo com grande preparo. Com apenas 20 anos, graduou-se no Wheaton College, nos Estados Unidos. Ali, especializou-se em hebraico e grego – línguas bíblicas cujo conhecimento considera fundamental para uma correta interpretação das Escrituras. Em seguida, tornou-se mestre em teologia e, mais tarde, doutor em filosofia e Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo, na Escócia. Mas o saber não fez dele um acadêmico arrogante, desses que enxergam a divindade com a frieza dos livros. “O conhecimento não enfraquece a fé; pelo contrário, auxilia o nosso relacionamento com Deus”, afirma. “E ainda produz muita dependência dele também”. Para manter a comunhão com Deus, a receita desse veterano da fé é simples: “Acordo todo dia antes das cinco da manhã. Assim, é possível dedicar uma hora ou mais à leitura bíblica e à oração.”

Com vinte livros publicados, Russell Shedd é muito conhecido no Brasil como fundador de Edições Vida Nova, casa publicadora especializada em obras teológicas pela qual lançou a Bíblia Vida Nova em 1977, abrindo o mercado para a popularização das versões de estudo das Escrituras Sagradas. Foi também professor na Faculdade Teológica Batista de São Paulo durante 30 anos e pastor da Metropolitan Chapel, congregação fundada por ele na capital paulista, onde vive e permanece ligado à denominação Batista. Missionário jubilado, Shedd tem um padrão de vida simples, razão pela qual não aceita que o líder evangélico ostente riquezas. “Não creio que o ensinamento do Novo Testamento favoreça em algum momento o ato de esbanjar ou gastar somas grandes para provar que Deus nos tem abençoado”, comenta. O “senhor Bíblia” – como muitos o chamam, à sua própria revelia – concedeu esta entrevista a Cristianismo hoje.

O senhor tem um dos mais invejáveis currículos de formação teológica entre os líderes cristãos que atuam no Brasil. É difícil conciliar tanto conhecimento com a simplicidade de um relacionamento com Deus?

RUSSELL SHEDD – Não, não acho difícil. O conhecimento não enfraquece a fé; pelo contrário, auxilia o relacionamento com Deus. E produz muita dependência dele também.

De modo geral, como é o nível do conhecimento do crente brasileiro acerca de Deus e de sua Palavra?

RUSSELL SHEDD – Creio que um problema em diversas igrejas é a falta de ensinamento que explique mais detalhadamente a Bíblia toda. Por exemplo: quantos creem num inferno eterno? E muitos crentes têm uma aversão contra a soberania de Deus, tal como a Palavra ensina.

Em 1962, quando o senhor chegou ao país, o panorama religioso nacional era completamente diferente do de hoje. Faça um paralelo entre a situação espiritual que encontrou naquela época e o que se vê atualmente.

RUSSELL SHEDD – Uma das principais diferenças foi que, naquele início dos anos 1960, as igrejas tradicionais condenavam interpretações e práticas pentecostais, como dons de línguas, profecia e curas miraculosas. Tais manifestações eram consideradas quase como heréticas. Hoje, as igrejas mais tradicionais tendem a condenar a teologia da prosperidade e os ensinamentos dos neopentecostais por falta de base bíblica. Os seminários proliferam, embora o ensino bíblico, em muitos casos, seja bastante superficial. E o interesse em missões continua sendo muito precário.

Então, apesar da haver mais seminários, o panorama do ensino teológico no Brasil não é bom?

RUSSELL SHEDD – Muitas igrejas montaram suas próprias escolas teológicas. Claramente, hoje temos muitas escolas sem professores treinados. O liberalismo teológico tem sido tirado de algumas escolas, enquanto em outras continua sendo uma opção que os alunos não têm habilidade para julgar ou avaliar. A leitura de autores como Tillich e Bultmann pode dar a ideia de que não há muita diferença entre o liberalismo e ortodoxia. Um bom número de autores teológicos modernistas está aí, no mercado editorial. Ao mesmo tempo, há um crescente número de excelentes opções de autores que abraçam firmemente a inspiração plenária das Escrituras e a ortodoxia tradicional.

O reconhecimento dos cursos teológicos evangélicos pelo Ministério da Educação [tema tratado em reportagem nesta edição] pode ser uma solução?

RUSSELL SHEDD – Não acho que esse reconhecimento seja positivo, uma vez que os professores precisam adquirir graus de mestrado e doutorado, muitas vezes orientados por professores liberais. E a vantagem de fazer um curso reconhecido se perde na medida em que os pastores se tornam mais, digamos, profissionais.

Como um ex-editor, o que o senhor acha do segmento editorial evangélico hoje? A realidade do mercado sufoca a vocação ministerial?

RUSSELL SHEDD – Não há dúvida de que, se não existir um mercado editorial, as editoras não podem sobreviver. Claro, elas também têm de ter um caráter de missão, para poder escolher títulos que o povo precisa ler. É óbvio que há muitos títulos no mercado que acho de pouca importância, mas isso não quer dizer que não haja muitos leitores que buscam informação e encorajamento nesses livros. Existe também uma outra questão. Algumas editoras evangélicas têm receio de publicar livros liberais, que poderiam destruir a fé dos leitores. Mas aquelas que publicam tais livros têm interesse no mercado e no aparecimento de outros autores “famosos”, mesmo que não sejam crentes evangélicos.

A popularização das Bíblias de estudo temáticas – como Bíblia da mulher, Bíblia das profecias, Bíblia dos pequeninos, Bíblia do executivo – tem beneficiado as editoras, que investem cada vez mais em novos lançamentos do gênero. Essa corrida pelo mercado é boa ou ruim?

RUSSELL SHEDD – Não acho ruim, uma vez que qualquer ajuda que o leitor recebe dessas bíblias somente poderia trazer benefícios. Não seria o caso se as notas fossem tendenciosas, oferecendo interpretações falsas.

Na diversidade de versões e edições que hoje existem da Bíblia, qual deve ser o parâmetro de escolha do crente em termos de fidedignidade?

RUSSELL SHEDD – O que importa é que a tradução escolhida não acrescente alguma ideia que o autor do original não tinha. Fidelidade na tradução sempre tem que reproduzir a ideia do original. Ela não pode incluir nem excluir algo que o texto hebraico ou grego diga.

O senhor é o presidente emérito de Edições Vida Nova, casa publicadora que ao longo dos anos tornou-se referência em obras de cunho teológico, e consultor da Shedd Publicações. Num mercado dominado por livros de cunho motivacional, a literatura teológica ainda encontra espaço?

RUSSELL SHEDD – Graças a Deus, sim. As vendas de livros publicados pelas Edições Vida Nova, bem como de Shedd Publicações, têm aumentado ano a ano, juntamente como o crescimento do público evangélico.

O que deve ser feito pelas editoras para que as obras de conhecimento teológico não sejam apenas livros de referência para professores e estudiosos, mas também tenham apelo para o crente comum, o membro de igreja?

RUSSELL SHEDD – Os editores estão de olho naquilo que vende. Eles sempre seguirão o que a pesquisa de mercado indica que será um sucesso. Mas para aproximar as obras teológicas dos leitores comuns será evidentemente necessário tornar esses livros mais populares. Por exemplo, os manuais bíblicos. Hoje existem manuais de todos os níveis.

Em seus livros O líder que Deus usa e A oração e o preparo de líderes cristãos, o senhor enfatiza a necessidade do caráter e do exemplo que o pastor deve dar às suas ovelhas. Qual sua impressão sobre a integridade pastoral hoje?

RUSSELL SHEDD – Infelizmente, temos ouvido sobre casos tristes de quedas de líderes no adultério, no nepotismo e na corrupção. Os pecados que destroem o ministério do líder muitas vezes são esquecidos pelas igrejas, que acham que o pastor é um homem de Deus e não deve ser demitido por um “tropeço”, especialmente se for um líder muito popular. A verdade é que sempre tivemos quedas de líderes durante a história, mas parece que a integridade deles hoje sofre desgaste maior.

Como evitar a excessiva vinculação da congregação a seu dirigente, de modo que a eventual queda do líder não represente um golpe inevitável na comunidade?

RUSSELL SHEDD – A queda de líderes muito proeminentes, isolados e sem o acompanhamento de bons auxiliares, torna-se um desastre para a igreja. Quando presbíteros e diáconos – ou seja, o segundo escalão na liderança da igreja – são muito responsáveis, acompanhando de perto o ministério do dirigente da congregação, é possível, em muitos casos, amenizar os efeitos de uma eventual queda.

Uma das expressões dessa concentração de poder nas mãos dos líderes é o uso de título eclesiais, como o de bispo ou apóstolo. Biblicamente, qual é a legitimação disso?

RUSSELL SHEDD – O ensinamento de nosso Senhor sobre a necessidade de humildade e disposição de servir deve nos advertir sobre o perigo de procurar alguma autoridade que deve ser unicamente de Cristo. Não acho positiva a adoção de títulos que não sejam bíblicos. Bispo é um título bíblico, mas significa apenas “supervisor” e não alguém que domina a vida de outros líderes e pastores. Aliás, o único texto que menciona pastor humano no Novo Testamento é o de Efésios 4.11, onde o grego dá a entender que o pastor deve ser um mestre.

Já a nomenclatura apóstolo, a não ser em raros casos, refere-se às pessoas que Jesus apontou pessoalmente – razão pela qual Paulo argumenta, na sua primeira Epístola aos Coríntios, que viu o Senhor ressurreto e que Cristo apareceu para ele em último lugar. Já Filipenses 2.25 registra o termo “apóstolo” no original, fazendo referência a Epafrodito, que foi autorizado especificamente para levar os donativos da igreja de Filipos a Paulo. Logo, ele foi apóstolo da igreja de Filipos, tal como Barnabé e o próprio Saulo o foram da igreja de Antioquia.

Muitos dirigentes denominacionais justificam a própria opulência argumentando que a prosperidade financeira do líder é sinal da bênção de Deus. Isso tem base bíblica?

RUSSELL SHEDD – Não creio que o ensinamento do Novo Testamento favoreça em algum momento o ato de esbanjar ou gastar somas grandes para provar que Deus nos tem abençoado. Jesus mandou o jovem rico vender o que ele tinha para dar o produto aos pobres. Fica evidente que o Senhor é completamente contrário a que os líderes gastem dinheiro em luxo ou desnecessariamente.

O que faz um líder cair e ficar pelo caminho, transformando seu ministério em motivo de escândalo?

RUSSELL SHEDD – Creio que a falta de cuidado em buscar uma intimidade com Deus todos os dias, evitando a aparência do mal. Acredito que quedas ocorrem quando não achamos possível cair, ou quando ficamos seguros e até orgulhosos de nossa espiritualidade.

Quais têm sido as suas fontes de sustento ao longo desses anos todos?

RUSSELL SHEDD – Nós chegamos de Portugal em 1962, sustentados pela Missão Batista Conservadora. Ao longo desse tempo, igrejas e crentes da América do Norte enviaram suas ofertas missionárias para manter nossa família [Shedd é casado com Patricia e tem cinco filhos]. Hoje, esta entidade chama-se World Venture e continua sustentando missionários em muitos paises do mundo. O nível de sustento é determinado pela missão de acordo com o custo de vida do país no qual o missionário vive. Desde janeiro de 2008, nossos recursos vêm do plano previdenciário Social Security e de uma aposentadoria fornecida pela própria missão. Não temos sofrido nenhuma falta.

Em sua opinião, por que entidades associativas de pastores e líderes, como a Associação Evangélica Brasileira (AEVB), enfrentam problemas de continuidade? Falta interesse dos pastores em participar desses movimentos associativos?

RUSSELL SHEDD – Vários motivos explicam a falta de interesse em entidades associativas. Poucos acham importante, ou de grande benefício, esse tipo de associação. A maioria dos pastores estão tão ocupados com seus programas, planos e ministérios que não acham que vale a pena contribuir e trabalhar para alguma entidade além da própria denominação.

Em que o conhecimento das línguas bíblicas originais pode ajudar na prática da pregação?

RUSSELL SHEDD – A importância de estudo das línguas originais reside no fato de que através dele se pode explicar melhor o significado que certos termos e frases tinham quando o autor escreveu o texto bíblico. A diferença entre as culturas bíblicas e a cultura ocidental em que vivemos hoje requer bastante cuidado para se entender a visão de mundo e os valores que regeram os escritos bíblicos. Além disso, as línguas originais ajudam chegar a conclusões mais seguras acerca do que dizem as Escrituras. Trabalhar com o texto original leva o pastor a pregar com mais cuidado e a poder afirmar: “Assim diz o Senhor”. Bons comentários também ajudam na tarefa de buscar o sentido do texto.

Essa falta de conhecimento é o motivo de tantas pregações superficiais?

RUSSELL SHEDD – Não é apenas isso. Imagino que os pastores e professores de Escola Bíblica Dominical não têm tempo ou muito interesse em examinar as Escrituras para saber de fato o que o autor queria comunicar. Preferem usar uma hermenêutica que recorre a alegorias sobre o texto bíblico. Assim, é possível dar uma interpretação muito diferente daquela que a Bíblia ensina.

Qual o tempo adequado para o preparo de uma mensagem consistente?

RUSSELL SHEDD –Varia muito. Alguns pregadores podem chegar à proposição, ou seja, ao ensinamento central do texto, com mais facilidade do que outros. Daí, procurar os argumentos dentro do texto que sustentem a proposição demora também. O professor Karl Lachler, que lecionou muitos anos na Faculdade Teológica Batista de São Paulo, dizia que uma hora de estudo por cada minuto de mensagem parece exagerado... Porém, aquele que estuda e medita para chegar ao cerne da mensagem do texto, além de buscar os argumentos dentro do trecho escolhido que comprovem essa proposição, pode gastar bastante tempo. Infelizmente, cuidado no preparo de mensagens que alimentem o rebanho e a realização de visitas para conhecer bem as vidas dos membros e confrontar aqueles que não estão obedecendo às ordens do Senhor têm sido práticas esquecidas em muitas igrejas. Pastores santos, crentes firmes na veracidade da Bíblia, com famílias ajustadas, que buscam ao Senhor com muita oração e fé, produzem igrejas de qualidade.

A Igreja contemporânea está sempre buscando novas formas de crescer, e muitas congregações recorrem a modelos empresarias de gestão e marketing. O que o senhor pensa de incorporação de tais elementos à obra de Deus?

RUSSELL SHEDD – Não tenho nada contra o crescimento das igrejas, desde que ele não ocorra em detrimento da qualidade da formação dos membros na imagem de Cristo, conforme preconiza o texto de Romanos 8.29. Sou muito a favor do crescimento do número dos genuinamente convertidos e nascidos de novo. O problema surge quando, no interesse de aumentar o tamanho da igreja, deixa-se de lado a santificação dos membros. Ora, sem a santificação, conforme Hebreus 12.14, ninguém verá o Senhor! Ocorre que modelos de gestão eclesiástica não têm tido muito sucesso no discipulado e na formação de homens e mulheres de Deus. Uma igreja muito grande pode ter dificuldades em integrar os fiéis num plano de crescimento espiritual verdadeiro. Com o aumento do número dos membros, é muito fácil perder os indivíduos de vista. Além disso, numa igreja grande os crentes muitas vezes não se sentem responsáveis para servir, contribuir, discipular ou alcançar novos convertidos, especialmente se houver na comunidade líderes pagos para cumprir esse papel. Por outro lado, uma igreja grande tem recursos pessoais e financeiros para se comprometer com grandes projetos e muitos ministérios.

Então, qual deve ser o objetivo de uma igreja?

RUSSELL SHEDD – O alvo bíblico descrito em Colossenses 1.28 – proclamação, advertência, ensino com toda sabedoria e entendimento espirituais – é o objetivo que todo pastor e igreja devem considerar como prioridade.

Na sua opinião, a mídia eletrônica é um bom púlpito?

RUSSELL SHEDD – A televisão pode, sim, ser um bom canal para se explicar o Evangelho. Mas ela tem sérias deficiências também: as pessoas não são discipuladas se não se tornam membros ativos da família de Deus. Um compromisso muito sério com uma igreja local que ensine a Palavra de Deus com autoridade é o caminho do discipulado e do crescimento espiritual.

De alto de sua experiência, o que o deixa preocupado em relação ao futuro da Igreja brasileira?

RUSSELL SHEDD – A minha preocupação se concentra na qualidade espiritual da liderança e dos membros das igrejas. É assustador ver a quantidade de divórcios que ocorrem hoje entre casais evangélicos e a falta de integridade por parte dos líderes. Também fico muito preocupado com a proliferação de ensinamentos que não são bíblicos, como a teologia da prosperidade, que nega a necessidade de o crente negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Jesus.

Qual a sua compreensão acerca do que seja um avivamento?

RUSSELL SHEDD – O avivamento tem algumas evidências. Uma delas é quando o Senhor e sua Palavra têm mais importância do que o dinheiro ou qualquer outra coisa material. Avivamento cria arrependimento profundo pelos pecados cometidos e muita alegria no Senhor ao reconhecer seu perdão. Para uma Igreja avivada, o evangelismo se torna algo natural e as missões transculturais, uma prioridade, uma vez que Jesus mandou seus servos fazerem discípulos de todas as nações.

Logo, ao contrário do que se diz, a Igreja brasileira hoje não experimenta um avivamento?

RUSSELL SHEDD – Não acredito que o que acontece hoje, com o rápido crescimento da Igreja, seja um avivamento de verdade. O que eu vejo é que falta temor do Senhor, arrependimento profundo e interesse por missões.

O senhor é filho de missionários americanos que aqui chegaram na primeira metade do século passado, época em que obreiros estrangeiros tinham grande influência no Brasil. Hoje em dia, sendo o país uma potência evangélica, ainda há espaço para eles?

RUSSELL SHEDD – De fato, a influência de missionários estrangeiros aqui é cada vez menor. Mas ainda há áreas em que obreiros vindos de fora poderiam ser úteis, como no preparo para as missões transculturais. O treinamento em determinadas áreas, como antropologia, linguística e informação acerca de povos não alcançados continua sendo uma área em que os missionários estrangeiros podem ser muito úteis à Igreja brasileira.

Pode-se dizer que já existe uma teologia genuinamente nacional?

RUSSELL SHEDD – Creio que teologia nacional, brasileira, seria aquela alicerçada em nossa história e cultura. Não acho que poderia encontrar uma visão como essa bem divulgada no Brasil. Ainda há muita dependência dos livros estrangeiros e de modelos de igrejas que tendem a copiar o que se faz em outros países.

Do que o senhor sente falta na Igreja de hoje e que já viu em outros tempos?

RUSSELL SHEDD – De um lado, mais ensino da Palavra, mais preocupação com santificação e mais investimento em missões transculturais. De outro, uma Escola Dominical mais forte, uma hinologia alicerçada na teologia bíblica e mais livros de ensino sério.

www.cristianismohoje.com.br

Doutor Russell Shedd é catedrático no Novo Testamento e tem pregado o evangelho em vários lugares do mundo. Ele já escreveu mais de 20 livros para abençoar a igreja Brasileira e também escreveu a conhecida e famosa Bíblia Shedd que tem sido bem aceita no cenário nacional como uma ferramenta para pastores e pregadores da palavra de Deus como também para os membros da igreja

Para maiores informações sobre o I Congresso de Teologia, Sociedade e Fé que será ministrado pelo Dr. Russel Shedd durante cinco dias com diversos temas para a igreja brasileira entre em contato com o pastor Carlos Augusto Lopes, Coordenador do Congresso (CTSF) - pastorcarloslopes@hotmail.com.

Em breve estaremos dando informações dos temas do congresso e o foolder

Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

sábado, 26 de fevereiro de 2011

CONSTRUÍNDO PONTES DE AMIZADE SADIA.

“Aquele que não perdoa os outros, destrói a ponte por onde ele mesmo deve passar”(George Herbert).

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na COMUNHÃO, e no partir do pão, e nas orações”. ( Atos dos Apóstolos 2.42).

A Comunhão é a Regra de Ouro dos relacionamentos humanos, portanto, devemos Construir Pontes de Amizades saudáveis, pontes em que possamos trilhar sem medo! Por isso, reservamos este momento para falarmos de relacionamentos. Já dizia um autor “ se você não sabe se relacionar, não importa o que você sabe”.

Dr. John Maxwell, nos traz uma reflexão importante a cerca disso:

Você sabe qual é a palavra menos importante de um relacionamento ( EU)
Você sabe a palavra mais importante de um relacionamento (Nós)
Você sabe as duas palavras mais importante de um relacionamento ( Muito obrigado)
Você sabe as três palavras mais importante num relacionamento ( Tudo esta perdoado)
Você sabe as três palavras mais importante num relacionamento (Qual a sua opinião)
Você sabe as cinco palavras mais importante de um relacionamento (Você fez um bom trabalho)
Você sabe as seis palavras mais importante de um relacionamento (Eu quero poder conhecer você melhor)

Como podemos ver, quando se trata de relacionamentos, o outro é sempre muito importante. É sempre em função de alguém e para alguém que se movimenta a nossa vida. Jesus sempre nos trouxe a importância do próximo em seu reino. Ele sabia que quando nos preocupamos com o outro, o outro também se preocupará conosco.

Afinal, se plantamos frutos bons, colheremos bons frutos. Jesus Cristo disse: “Nisto é glorificado meu Pai: Que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. ( João 15.8). Uma das maiores dádivas que Deus deixou para o homem é o relacionamento inter-pessoal.

Todos nós precisamos estar conectados, precisamos de amigos, precisamos de pessoas que se preocupem uns com os outros e os ajudem na caminhada. John Maxwell , escreveu:

“Seja gentil, cada pessoa que você conhece está lutando sua própria batalha. Todos precisam ouvir algo de bom, um elogio estimulante para despertar suas esperanças e seus sonhos. Não custa nada fazer isso, e o resultado é extremamente positivo” - ( Pratique a Regra dos 30 segundos- Livro “ 25 Maneiras de Valorizar as Pessoas).

O respeitado psicólogo americano professor Philip Zimbardo disse com razão que não conhece nada mais mortífero do que o isolamento. Nenhuma outra influencia tem ação mais destrutiva sobre a saúde mental e física que o afastamento entre as pessoas.

Construir pontes de amizades sadia é uma tarefa sublime que está ao nosso alcance. Nós fomos chamados para construir pontes de amizades e não destruir pontes na qual um dia nós já passamos. Somos por natureza, seres gregários e não uma ilha. Precisamos e devemos nos relacionar uns com os outros em santo amor.

Deus, foi o próprio a estabelecer a comunhão, o relacionamento entre pessoas. Sabemos que a Bíblia sempre mostra dois tipos de comunhão. A primeira comunhão é com o próprio Deus. Deus nos chamou e nos salvou para nos relacionarmos com Ele em santo amor.A segunda manifestação da comunhão, é com o meu irmão na fé com o meu próximo.

Ninguém pode viver uma vida isolada, individualista, privada sem se preocupar com o outro. Pelo contrário, devemos ao longo da nossa vida desenvolver amizades saudáveis. No Reino de Deus, não deve existir as chamadas panelinhas, onde um grupo esta fechado em si mesmo. No Reino de Deus todos devem se sentir amados, incluídos e valorizados.

Uma pessoa que esta firmado nas mãos de Deus irá sempre valorizar a amizade, a comunhão e o relacionamento sadio. Nós, enquanto jovens, não podemos viver uma vida solitária, e sim coletiva.

A igreja de Atos dos Apóstolos deixa um rastro de modelo para nós no que tange a comunhão, a amizade a conexão. Em várias passagens diz que eles estavam juntos, unidos, congregados. Um dos textos clássicos diz “que todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum” ((Atos.2.43-45).
O nosso adversário tem mais chance de nos vencermos quando estamos afastados, isolados e distantes.

Todavia se tivermos juntos, iremos desenvolver os mandamentos recíprocos escritos na Bíblia que diz: Devemos ajudar o outro, incentivar o outro, levar a carga um do outro e assim, vamos vencendo as nossas lutas do dia a dia. Como diz o dito popular “ o graveto fora da fogueira esta mais apto a apagar.”

A comunhão é uma benção. As pessoas mais fortes e animadas são aquelas que entenderam que não podem viver afastada do grande grupo e precisam estar conectada com Deus e com as pessoas.

Um psicólogo cristão famoso chamado Larry Crabb disse em seu livro que o “Lugar mais Seguro da Terra” é a comunhão. Talvez você diga: mas, eu sou tímido! Eu não consigo! Eu não sei me enturmar! Queremos dizer para você que a amizade é uma avenida de mão dupla. Você deve se esforçar para conquistar amigos.

Amigos cristãos são o maior presente que nós podemos ter. Um amigo cristão é melhor do que as iguarias deste mundo. Deus tem nos dado a comunhão , então, devemos nos apropriar dela. Deus deseja que façamos amigos para toda a vida.

Alguém um dia disse: “Ó Senhor morar no céu, com os irmãos amados, isso será uma grande benção. Mas viver aqui na terra e na igreja com os irmãos aí já é outra história”. Todavia mesmo sabendo que somos limitados e falhos, o desejo de Deus é que vivemos como uma família onde a bandeira do amor e da comunhão seja levantada na aste da Cruz.

Para você se relacionar bem com Deus e se relacionar bem com o seu próximo, você deve se relacionar bem com você mesmo. Você deve se aceitar, deve se amar, deve compreender que Deus criou você e você é um amado de Deus.

Não importa qual o conceito que o mundo ou as pessoas têm de você, o importante é como Deus te olha. Deus nos amou de tal maneira que enviou Jesus Cristo para nos salvar. ( João 3:16) . Nos Salvar dos nossos complexos, nos salvar dos nossos pecados, nos salvar das nossas crises, nos salvar de nós mesmos!!! Deixe Deus cuidar de você. E assim você poderá desfrutar de uma grande comunhão com Ele e com o seu irmão.

Mas, para isso , não o perca de vista. Não deixe sua mente vagando, não se distancie da presença do Senhor e das pessoas que estão a sua volta. Seja persistente na sua caminhada. Charles Spurgeon, mencionou: “ Foi pela perseverança que o Caracol atingiu a Arca”

Um dos grandes segredos de vivermos uma vida firmada nas mãos de Deus é termos uma compreensão da pessoa Bendita de Jesus Cristo. Ele é o Caminho a Verdade e a Vida (João 14.6). Como jovens que queremos ficar firmes diante de Deus.

Devemos seguir as pegadas de Jesus conforme diz a Bíblia. “Por que para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, Deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas” ( I Pedro 2.21).

Ele amou a Deus acima de todas as coisas. Ele foi amigo dos que não tinha amigo; Ele tinha uma vida regrada de oração; Ele participava da vida das pessoas; Ele foi humilde; Ele evangelizou; Ele glorificou a Deus em tudo. De Sua boca nunca saiu palavras de baixo calão e nem de murmuração (I Pedro 2.22-23).

Ele adorava a Deus em todos os momentos de sua vida. Ele levou a sério o seu ministério; Ele soube enfrentar os problemas da vida. Ele foi um exemplo para nós de amor, de perdão, de adoração, de consagração e de ternura.
Jamais poderemos perder Jesus de vista. Um dos grandes problemas de muitos jovens hoje, é que eles começam bem a sua vida cristã e depois tiram o seu olhar de Jesus Cristo naufragando como o Apóstolo Pedro, no mar da dúvida, da incredulidade, do desanimo etc.(Mateus 14.22-31) Deus nos chama para não nos esquecermos jamais do principal, que é Jesus Cristo o nosso salvador.

O nosso namoro, as nossas amizades, a nossa família, o nosso estudo etc, jamais podem tirar o nosso olhar de Jesus Cristo. Devemos permanecer firme como diz o livro de Hebreus. “Olhando para Ele autor e consumador da nossa fé” (Hb.12.1-2).

Os homens podem-nos decepcionar, as pessoas podem-nos decepcionar, todavia Jesus Cristo não nos decepciona por que ele nos ama com amor eterno. Ele morreu por nós. Ele conhece a nossa vida e a nossa história.

Ele sempre estará conosco nos momentos de alegria e também nos momentos de dificuldade, basta nos colocarmos diante Dele em reverência, em amor, em reconhecimento de tudo aquilo que Ele fez por nós.

Pois, assim, poderemos estar mais fortes firmes diante deste mundo que se apresenta todos os dias diante de nós com ofertas tentadoras para nos afastar de nosso alvo que é CRISTO.

John Kells, afirmou: “ Somente quando nos ajoelhamos diante de Deus é que nos tornamos aptos para por-nos de pé diante dos homens” .Que possamos dobrar os nossos joelhos, nossa mente e nosso coração diante de Deus, entendendo que Ele é, e deve ser sempre, soberano sob a nossa vontade e nossa vida.

Para isso, devemos olhar para o alto que é de onde nos vem o socorro, e para o lado, que é de onde nos vem os amigos e irmãos. Façamos a Eles, o que podemos,o que está ao nosso alcance , pois o Senhor certamente nos recompensará. “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” ( Mt.7.12).

Um dos textos Bíblicos mais significativos para os relacionamentos inter-pessoais, é justamente este na qual o nosso Senhor Jesus Cristo , proferiu no Sermão da Montanha. Os estudiosos chamam esta passagem de “Regra de Ouro” dos relacionamentos. Ele é válido para nós cristãos do século XXI e devemos obedecer este princípio bíblico para as nossas vidas e para a nossa comunidade.

Que possamos caminhar dizendo o que disse Martin Luther King: não digam que sou um premio Nobel, isso não tem importância. Digam que fui porta voz da justiça, digam que procurei dar amor, que procurei amar e servir a humanidade. Assim, também queremos servir a Deus e ao próximo, pois estamos firmados nas mãos do grande Deus.

Encerramos com a oração de Martinho Lutero

Vê, Senhor, eu sou um vaso vazio, que carece ser enchido. Enche-me, meu Senhor. Sou fraco na fé,.Fortalece-me. Sou frio no amor, aquece-me, faze meu coração arder para que meu amor transborde, envolvendo o meu próximo. Em minha carência só há pecado; em ti, Senhor, há plenitude da justiça. Por isso permaneço contigo. A ti não preciso dar. De ti posso receber” - (Martinho Lutero, reformador protestante)

Extraído do Livro do pastor Carlos Augusto Lopes - Firmados Nas Mãos de Deus.

Se voce deseja obter este livre gratuitamente nos envie um E-mail - pastorcarloslopes@hotmail.com