terça-feira, 25 de maio de 2010

O CUIDADO PASTORAL NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: CRISES E PROPOSTAS PARA UMA IGREJA EM EXPANSÃO.

O Cuidado Pastoral no Brasil Contemporâneo deve ser analisado a partir da Bíblia. É de suma importância perceber esta temática na época que estamos vivendo, pois, de fato vivemos o melhor dos tempos e também o pior dos tempos como disse Charles Dickes.

"O melhor dos tempos" por que podemos olhar para a nossa história cristã e perceber os acertos e os erros e evitar essa purpurina em nossa época. O melhor dos tempos por que vivemos uma época tecnológica avançada. O melhor dos tempos por que nenhuma época foi melhor do que está no campo fértil da somatizaçao das idéias etc.

Porém vivemos o pior dos tempos. Nossa época é a época da superficialidade, época hedônica, niilista, narcisista, pluralista. Vivemos numa cultura pós-crista, pós-moderna que tem a cada dia negado os princípios da palavra de Deus relativizando a verdade.

Essas palavras de Charles Dickes podem ser aplicadas em qualquer contexto seja político, social, econômico, ecológico, teológico, religioso, eclesiológico, pastoral etc. Nosso reflexao versa justamente o cuidado pastoral nesse nosso Brasil contemporâneo e sem dúvida vivemos também o “ melhor e o pior” dos tempos. Uma grande multidao está por aí precisando de cuidado pastoral no dizer de Jesus Cristo “ovelhas sem pastor”,

Todavia vivemos hoje em nossos círculos evangélicos a síndrome do pragmatismo, das agendas lotadas, do ativismo religioso, do corre - corre em busca de novos métodos, nova onda e esquecemos o cuidado pastoral bíblico. Por vez implantamos na igreja os aconselhamentos pastorais, os grupos caseiro, celulares, etc. nao como agente terapeutico pastoral que nutri e cuida daqueles que já estao dentro, mais usamos esse meio como forma de evangelizaçao para crescer nosso grupo.

Nao estou aqui advogando que nao devemos evangelizar, ganhar almas, para Jesus Cristo, proclamar o reino de Deus e todas as terminologias que voce quiser usar estou falando aqui sobre o fato que estamos negligenciando o cuidado pastoral e temos vistos as ovelhas desnutrida, mal amada, mal cuidada etc., por que implantamos cuidado pastoral segundo nossa ótica e nao a ótica de Deus. Nosso trabalho tem como o objetivo o cuidado pastoral no Brasil contemporâneo a partir da Bíblia e também da percepçao das batidas do coraçao dessa geraçao, que adoece tendo o remédio ao seu lado:"A Bíblia".

O Teólogo Julio César Zabatieiro em seu artigo “Cuida (n) do – A Arte do pastorado “ diz que para o pastor cuidar bem do rebanho de Cristo ele precisa primeiro ser cuidado pelo Supremo Pastor. Ele afirma ainda que se alguma vez foi simples descrever o ministério pastoral, hoje essa definiçao nao é tao simplista assim.

O Dr. Zabatieiro faz uma lista dessas complexidades ministeriais no Brasil contemporâneo. Ele pergunta: O que faz um Pastor hoje? E responde: “ Ele prega, ensina, treina líderes, transforma a igreja, ora, evangeliza, administra, visita, disciplina, motiva, discípula, dirige o louvor, aconselha, batiza, ministra a ceia, arrecada, impetra a bençao, redige o boletim, governa, doutrina, quebra paradigmas, faz teologia, faz missoes, dá testemunho da vida pessoal, familiar, financeira etc.

Zabatieiro prossegue dizendo: De que aspectos de nossa atividade nós, pastores, construímos nossa identidade ministerial e pessoal? Quais sao os nossos modelos de cuidado pastoral? Será no retrato doutrinário denominacional do pastor? Nos pastores neo-pentecostais ou neo televisivos? Nos pastores das megas igrejas? Nos pioneiros e desbravadores? , nos pioneiros em buscas de novos paradigmas? Etc.

Esse tom reflexivo aqui leva o autor a dizer que nao seria melhor prestarmos á atençao na pessoa bendita de Jesus Cristo e perceber nele a doce e excelente arte de pastorear? do cuidar? Pois este é o caminho mais seguro e canônico do cuidado pastoral. Trabalhando a excelencia do cuidado pastoral Zabatieiro diz:

A arte de cuidar, de cuidar-se. No dicionário do idioma portugues, cuidar é zelar pelo bem estar, pela saúde de; de outra pessoa, de si mesmo. No dicionário dos idiomas ingles-portugués, cuidar também é amar. Bem estar, saúde e amor. Em linguagens teológicas: bençao, amor e salvaçao. A arte do pastorear, pode-se dizer, é a amorosa arte de abençoar, de estar bem, de bem estar. Amorosa arte de salvar, curar, vivificar.

Por isso o Novo Testamento fala do Supremo Pastor. Ele, Jesus, pastoreou efetiva e efizcamente. A amorosa arte que Jesus tinha para cuidar do rebanho culminou no dar se pelo rebanho ovelhas sem pastor. Assim, a arte de pastorear fica mais leve, fluída, viável. É arte de participar no bem-estar já oferecido, na salvaçao graciosamente ofertada, no amor derramado. É, entao, e antes de tudo, arte de ser pastoreado. Para cuidar é necessário ser cuidado. ( p. 1,2002).

O ativismo pastoral implantado hoje pela sociedade pragmática eclesial contemporânea tem esquecido e esqueletizado o adendo do cuidado pastoral em meio as avalanches dos papeis eclesiásticos que o pastor tem que desincumbir ao longo do seu ofício ministerial. Temos visto até aqui o realismo que para cuidar, temos que ser cuidados e isso tem conotaçoes poeimenicas vindas do Supremo Pastor que junto com a chamada ministerial nao nos isenta dos seus cuidados pastorais.
Neste sentido o Dr. Zabatieiro conclui seu argumento dizendo que para pastorear é preciso, antes de tudo, ser pastoreado por Deus e isso desemboca em tres propostas:

1) Aceitar a valorizaçao que Deus faz de nós. 2) Ser reunificado na comunidade de Deus. 3) Receber o “Lembrar–se divino”. Quando compreendemos que somos amados, curados, revitalizados, incluídos, compreendidos, justificados, abençoados pelo supremo pastor da nossa vida o ministério pastoral tem uma nova dinâmica excelente e cuidar do rebanho de Cristo nao é um fardo, um peso, um interesse mais um se doar com amor no entendimento que isso é excelente.

O ministério pastoral no Brasil Contemporâneo no aspecto do cuidado pastoral precisa ter a sua base nas escrituras “Sola Scriptura”, e também na percepçao ontológica.

Muitos pastores e modelos pastorais hoje tem uma visao do cuidado pastoral na moldura da multidao no templo, do frenesi momentâneo produzido na reuniao, na cura realizada, nas campanhas destituídas de afeto relacional e de interesse genuíno na dor do outro. O cuidado pastoral no Brasil contemporâneo em muitos círculos tem a sua base nao na “Sola Scriptura” e no protótipo cristológico mais no modismo destituído de vida

O cuidado pastoral nao pode ser somente via púlpito, via reuniao em suas várias expressoes, via louvorzao, mas ele deve seguir o modelo cristológico da aproximaçao, da compreensao, da percepçao, da misericórdia, do ensino curador, libertador, do envolvimento em todas as facetas da vida desde a alegria até a tristeza, a dor, desde a vida ate a morte desde o ganho ate a perda. Ele deve estar solidificado na justiça e na paz cristológica.

Henry Nouwen em seu livro “O Sofrimento que Cura”, mostra para nós que o cuidado pastoral contemporâneo deve ser margeado também por uma compreensao do componente humano. Ele tece comentário do nosso cuidado pastoral e mostra a realidade do homem nuclear, mostra também que desenvolvemos o nosso ministério para uma geraçao sem raízes e com isso devemos olhar para dentro dos olhos do fugitivo e que desenvolvemos um ministério para o homem sem esperança.

Essa conotaçao de Nouwen aqui de cuidado pastoral abrange as pessoas que estao na igreja, mas também das pessoas que chegam na igreja. Nouwen aprofunda mais sua argumentaçao e mostra também a visao macro do ministério e do cuidado pastoral que abrange nao só a “igreja”, mais o “bairro”, a “cidade” e o “mundo” do Senhor.

Isso nao é um cuidado isolativo, mas integralizado, pois Jesus Cristo modelo de cuidado pastoral nao armou a sua tenda num “gabinete pastoral” e esperou as pessoas virem a ele, mas ele armou sua tenda de cidade em cidade, abençoando as vidas na busca do perdido, na busca da justiça em seu tom integral, na busca do fraco, dos injustiçados, na busca dos que nao tinham amigos, na busca do perdido, etc.

Seus encontros com diversos tipos de pessoas e circunstancias retratam para nos suas prioridades. Seus posicionamentos diante do fraco, sua lucidez do Reino de Deus, sua paixao pela missao, sua obstinaçao para Soli Dei Glória, redesenham para nós o verdadeiro cuidado pastoral que longe do frenesi eclesial contemporâneo, tem fisionomia de piedade e doaçao, justiça, envolvimento em todas as dimensoes da vida humana, da cidade e do mundo como tenda antropológica.

Jesus Cristo também em seu cuidado pastoral nao priorizou a multidao mais o indivíduo que faz parte da multidao, essa atitude é bem diferente hoje de muitos pastores que tem uma compreensao pseuda do ministério excelente e o cuidado pastoral pois esses dao mais valor para o aglomerado humano como massa de manobra do que para o indivíduo como imagem de Deus “ Imago Dei”, priorizam o reino aqui e agora e o patrulhamento ideológico como sucesso terrenal, gloria humana, corredor da fama, trocadilho financeiro, promessas de um pseudo Celeste por vir em contornos humanistas, e uma enfase demasiada na pregaçao egocentrica e das necessidades.

A reformulaçao da excelencia do ministério e do cuidado pastoral contemporânea é sem dúvida necessária e urgente e deve ter a cruz de Cristo como modelo. David Hansen em seu fabuloso livro “A Arte de Pastorear”, diz que o cuidado pastoral e o ministério pastoral jamais podem ser dirigidos por tendencias contemporâneas como modismo, tarefas etc. ele faz uma crítica aos teólogos profissionais que reduziram o trabalho pastoral em realizaçao de coisas e isso gera uma falta de tempo para a leitura já que os teólogos profissionais reclamam que pastores quase nao leem.

Hansem diz que o ministério pastoral jamais pode ser margeado por modismo, tarefas, açao, etc., ele sim deve ser direcionado por Cristo como modelo seguro. Ele diz que devemos prestar atençao em duas áreas do ministério de Jesus Cristo que é importante para esse resgate do excelente: Primeiro o seu “ministério” e segundo o “roteiro de sua vida”.

Hansem salienta que o ministério de Jesus Cristo foi tao simples mais profundo que muitos pastores contemporâneos acham simples demais, pois trata de oraçao, amizade, sacramento, liderança etc., ao contrário do que muitos tratam hoje.
O roteiro da vida de Jesus Cristo diz o autor nos aponta para o caminho da “Cruz”, sua vida era uma vida de sacrifício e ele nos chama para caminharmos essa estrada cristológica (Mc.8.34). David Hansen mostra para nós o serviço pastoral sadio e o cuidado pastoral benéfico quando diz:

Para que nao façamos objeçao a levar a cruz, como sendo bobagem pietista, num mundo de princípios de gerenciamento “científico” e metodologia psicológica, simplesmente observe que praticamente, toda dificuldade em que incorrem os pastores melhores, de mais talento, resulta de nao seguirem o Caminho da Cruz. Os melhores e mais talentosos no ministério pastoral e nas hierarquias denominacionais se prejudicam e prejudicam mais ainda a igreja, por seu ego incontido e por recusarem retirar o pé das altas posiçoes ( p.29.2001)

Devemos de fato considerar o que o veterano David Hansen está analisando aqui. O cuidado pastoral sem dúvida deve ter o seu foco na pessoa bendita de Jesus Cristo e o caminho da cruz deve estar no tecido do ministério pastoral. Nao podemos desdenhar do modelo maior que é Cristo em troca de tecnologia, gerenciamento e psicologizaçao e filosofia ministerial estranho a palavra de Deus. Quando o motivo do ministério é cristológico esses expedientes podem ser usados na medida em que se sujeitem a palavra de Deus e nao ao contrário.

O colocar os pés nas altas posiçoes eclesiásticas e o esquecimento do cuidado pastoral bíblico em muitos círculos evangélicos tem sido o emblema de muitos pastores que nao compreende o sacrifício de Jesus Cristo e a sua obra santa em prol das vidas. No frenesi da busca do famigerado sucesso e da galinha dos ovos de ouro do ministério hodierno esses pastores vao a cada dia se distanciando da cruz e da mensagem do evangelho como fez a igreja romano na idade média, mostrando que a excelencia do ministério se transformou em tirania dogmática e ideologismo em vez de teologismo sadio.

Alberto Barrientos em seu livro “Trabalho pastoral: Princípios e Alternativas”, diz que o trabalho pastoral deve ter princípios bem claros e concretos na direçao de guiar a igreja. Ele inúmera vários itens para essa atividade pastoral:

O primeiro objetivo é “Dar á igreja um lugar em sua comunidade”,
O segundo objetivo é “ Reconciliar e unir as pessoas com Deus”,
O terceiro objetivo é “ Formar e aperfeiçoar os Cristaos”,
O quarto objetivo é “ Criar e amadurecer Relacionamentos”,
E o quinto objetivo é “ Organizar e mobilizar Capacidades”.

O cuidado pastoral contemporâneo passa sem dúvida por essa reflexao, pois ela está focado nao na glória humana mais na glória de Deus. Ela nao visa outra coisa senao o crescimento dos santos. Barrientos também nos diz que os alvos finais de um pastorado sao: “ Apresentar perfeitos os Crentes”, “Preparar os cristaos para servir no reino terreno de Jesus” , “ Apresentar uma Igreja Unida”,

Ele também chama a nossa atençao para um ponto importante do cuidado pastoral que é justamente os relacionamentos como forma terapeutica e de crescimento para o povo de Deus. Barrientos faz uma lista desses relacionamentos.

• Relacionamentos entre o pastor e os irmaos
• Relacionamentos entre irmaos e irmaos
• Relacionamentos entre pastor e líderes
• Relacionamentos entre anciaos e líderes
• Relacionamentos entre os próprios líderes
• Relacionamentos entre jovens e adultos
• Relacionamentos entre igreja e outras igrejas
• Relacionamentos entre igreja e denominaçao
• Relacionamentos entre igreja e comunidade civil.

Os mandamentos recíprocos da palavra de Deus e a forte enfase na comunhao dos santos ensinados pela Bíblia dao o suporte necessário para vivenciá-los isso e celebrar mutuamente o cuidado uns dos outros.

Richard L. Mayhue que faz parte do corpo docente do “Máster Seminary” e uns dos colaboradores do livro “Redescobrindo o ministério pastoral: Moldando o ministério Contemporâneo aos Preceitos Bíblicos”, mostra uma pesquisa feita por John Seel em 1995 com 25 líderes evangélicos de renome mostrando seus pontos de vista sobre o estado geral dos evangélicos no final do século XX.

Sem dúvida alguma essa pesquisa analisa o quanto o cuidado pastoral e o cuidado do pastor precisa ser repensado e analisados nos moldes bíblicos. Mayhue entao mostra para nós os oito temas dominantes e suas respostas.

• Identidade Incerta : Confusao disseminada acerca da definiçao do que é um evangélico
• Desilusao Institucional : Percepçao da ineficácia e da irrelevância do ministério
• Falta de Liderança : Lamento pela escassez de liderança bíblica na igreja
• Pessimismo com respeito ao futuro : Crença de que o futuro dos evangélicos está ameaçado
• Crescimento positivo, impacto negativo : Um paradoxo intrigante sem explicaçoes claras e imediatas.
• Isolamento cultural: Estamos em plena era pós-crista
• Soluçoes políticas e metodologias sao a resposta : Surgem perspectivas nao bíblicas de ministério
• Troca da orientaçao bíblica pela pesquisa de mercado : A preocupaçao com o eterno é substituída pelo interesse no temporal, em um esforço para mostrar relevância. ( p.22.1999).

Richard L. Mayhue nos diz que o grande problema hoje no cuidado pastoral na atividade ministerial nao é o tradicional versus o contemporâneo, mas o bíblico contra o nao bíblico. Temos aqui neste trabalho levantado essa bandeira para o cuidado pastoral seguro.

Nao adianta bebermos em fontes estranhas a palavra de Deus, devemos sim redirecionar nosso ministério nos moldes bíblicos, pois Cristo é o nosso Bom Pastor
(Jo.10.11-14) e também o Sumo Pastor ( I Pe.5.4), e o grande pastor ( Hb.13.20) pensando assim seremos eficazes no cuidado pastoral contemporâneo abençoando pessoas e exaltando o nome de Deus.

Mayhue nos diz que Deus usará a sua palavra como critério na qual aprovará ou condenará nosso labor na igreja. Deus nao irá indagar se o nosso ministério foi “tradicional” ou “contemporâneo”, mas perguntará : foi Bíblico.
Ele também diz que o pastor contemporâneo deve sem dúvida prestar muita a atençao as liçoes bíblicas e reafirma que várias passagens mostram e explicam quem deve ser o pastor e o que ele deve fazer e logicamente isso inclui o cuidado pastoral.

Ele mostra entao quais sao as responsabilidades básicas do pastor baseando na epístola do apóstolo Sao Paulo aos irmaos de Tessalônica:

• Orar (I Ts.1.2,3;3.9-13)
• Evangelizar (I Ts.1.4,5,9,10)
• Capacitar ( I Ts.1.6-8)
• Defender ( I Ts. 2.1-6)
• Amar ( I Ts. 2.7,8)
• Labutar ( I Ts.2.9)
• Exemplifica r ( ITs.2.10)
• Liderar ( I Ts.2.10-12)
• Alimentar ( I Ts. 2.13)
• Vigiar ( I Ts.3.1-8)
• Alertar ( I Ts. 4.1-8)
• Ensinar ( I Ts. 4.9-5.11)
• Exortar (I Ts. 5.12-24)
• Encorajar ( II Ts. 1.3-12)
• Corrigir ( II Ts. 2.1-12)
• Confrontar ( II Ts. 3.6,14)
• Resgatar ( II Ts. 3.15)

De fato esses pontos aqui abordados mostram para nos pastores e líderes cristaos o caminho do cuidado pastoral para o Brasil contemporâneo devemos sim nos munir com a palavra de Deus e aplica-la no tecido contextual dessa geraçao crista como responsabilidade pastoral

Em seu livro “ Despertando para um Grande Ministério”, H.B London Jr. e Neil B. Wiseman dizem que toda a responsabilidade é Terra Santa. Isso é um fato importante a ser tratado por que o cuidado pastoral deve ser elevado á um grau de excelencia e nao uma peça decorativa na atividade poimenica. A igreja corpo de Cristo tem que ser cuidado, protegida, amada, curada, sanada, crescente etc. e isso se da á partir de uma visao cristológica.

H.B. London Jr. e Neil B. Wiseman pensando em termos ministeriais dizem que:

Toda a responsabilidade é terra santa por que Jesus se entregou pelas pessoas que vivem ali. Todo lugar é importante por que Deus quer que voce realize algo sobrenatural ali. Toda situaçao é especial por que o ministério é necessário ali. Como a Rainha Ester, voce veio para o Reino para um tempo como este ( p.20,1996).

Os autores London e Wiseman nos lembram ainda que: “ Toda a congregaçao é singular” Toda a congregaçao precisa do amor de um pastor”, “ Deus prove poder sobrenatural”, “ Toda a igreja precisa de pregaçao bíblica”, “ todo pastor é dotado de maneira singular”, “Toda situaçao tem potencial”.

Como a rainha Ester este é o nosso tempo e nao podemos deixar escapar o sobrenatural de Deus nas vidas das pessoas a partir de um cuidado pastoral sadio. O Brasil contemporâneo a nível eclesial tem enfrentado muitos problemas no campo eclesiástico e doutrinal em virtude do pragmatismo e o afastamento dos princípios da palavra de Deus, porém urge a hora que Deus nos chama para fazer diferença em épocas nebulosas.

Com a Bíblia na mao e com o coraçao encharcado de misericórdia e compaixao como disse Henri Nonwen iremos celebrar a comunhao como caminho de cura e açao terapeutica no cuidado pastoral como expressou o Dr. Larry Crabb em seu livro “ O lugar mais seguro da Terra.

Acredito que o cuidado pastoral nao é feito somente por uma única pessoa e sim pela comunidade da fé. Devemos romper com o paradigma “ Clero e Laicato” e celebrar “O sacerdócio de todos os Crentes” com critério e sabedoria pois a arte de cuidar é também a humildade de querer ser cuidado como quer Zabatieiro.

Esse cuidado pastoral também nao está trancado no chao geográfico eclesial mais ele se move em busca do aflito em soluçao de conflito apaziguando as beligerâncias humanas. Ele se mistura e se envolve no drama do outro e no rosto do outro contempla a face de Deus como viu Jacó a seu irmao Esaú (Gn. 33.10).

Esse cuidado pastoral nao se move em busca de honra, favor, glória, fama mais ele se posiciona como se posicionou o bom samaritano que atendeu o ferido sem pedir nada em troca e viu no outro o seu próximo. Que Jesus Cristo o “Bom Pastor” abençoe a nossa naçao

Chegamos ao final da nossa reflexao poimenica na santa expectativa que Deus mova o nosso coraçao para o realismo do cuidado pastoral no Brasil contemporâneo. Nossa contribuiçao nessa temática, como foi visto parte do nosso entendimento de que o cuidado pastoral é integral e tem sua solidificaçao na palavra de Deus, nas batidas do coraçao humano e nos seus dramas.

Ele também serve como crescimento individual e coletivo para com Deus que é o processo de santificaçao e da ajuda mútua. O cuidado pastoral nao é um estar no gabinete dando receita médica como se a vida fosse repetitiva em açao, mais ele é mais do que isso ele é um caminhar junto em duas avenidas como quer Paulo Freire na educaçao libertadora.

O cuidado pastoral nao se retrata pelo vários modelos que existem por aí mais se guia pelo modelo bíblico canônico. Ele também nao está preso a geografia templista, ao tribalismo denominacional mais ele se move em busca do outro e se envolve no drama humano seja no campo político, social, econômico, ecológico e do coraçao.

Pensar assim nao é ir além das Escrituras, pois o modelo maior de cuidado pastoral Jesus Cristo nao ficou em Cafarnaum esperando o povo na sua sala confortável, mas ele foi a Gadara e ali ajudou um endemoninhado que estava segregado do seu próprio povo, família e do seu próprio ser e Jesus Cristo, filho de Deus, incluiu ele de novo dando tarefas espirituais.

Ele conversou com a mulher samaritana, abençoou o cego Bartimeu, ressuscitou na rua o filho da viúva de Naim, foi tocado por um leproso, maltrapilho na alma e no físico, atendeu o pedido de uma mae em desespero a mulher sírio-fenícia e abençoou a multidao curando e saciando a sua fome.

Jesus Cristo o filho de Deus também comeu com pecadores, chamou para andar com “Ele” , zelotes, pescadores, publicanos, etc. fazendo deles apóstolos, conversou e inocentou uma mulher prostituta e delineou o caminho da paz com Deus dizendo “ vai e nao peques mais”, jantou na casa de Simao o Fariseu e deixou ser ungido por uma pecadora e a protegeu do intelectualismo barato, gelado, sem sentido do farisaísmo oco, destituído de vida. Jesus Cristo é o modelo maior de todos os nossos caminhos e contornos pastorais.

Que o emblema maior dessa geraçao de pastores seja o caminho santo de Cristo e nao a ocosidade da fama e do reino aqui e agora que nada produzem a nao ser um som incerto que nao glorifica a Deus e rebaixa o santo ministério lançando ele num ostracismo anti-bíblico justamente nessa época pós-cristã.

Precisamos sim como servos do “Senhor da Seara” levantar urgentemente o modelo cristológico e a bandeira reformada da “Sola Scriptura, Sola gratia, Sola Deo Glória, Sola Chistus e Sola Fide” para o sucesso do cuidado pastoral no Brasil contemporâneo pois, estamos diante de crises e propostas para uma igreja em expansao que precisa repensar sua eclesiologia e sua pastoral nao baihista mas integralista cujo chao é a Bíblia e a visualizaçao de um mundo sem Deus.

Que Deus abençõe as nossas vidas e ministérios na árdua e prazerosa arte de sermos pastores e líderes do rebanho do Senhor

BIBLIOGRAFIA

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AZEVEDO, Irland A Excelencia do Ministério Evangélico. Curso ministrado no Seminário Teológico Betânia Paraná 1998

BARRIENTOS, Alberto Trabalho Pastoral: Princípios e Alternativas. Traduçao Kédma Campos Rix. Editora United Press 1999

GONDIM, Ricardo Os Perigos e Desafios da Pós-Modernidade na Igreja. Sao Paulo: Abba. 1996

HENDRICKS, Howard Aprenda a Mentorear. Traduçao Nina L.S.Jensen. Belo Horizonte: Editora Betânia 1999

LOPES, Carlos Augusto A Igreja Crista e o Tratado do Sermao do Monte. s/e, Altônia PR. 1999

LONDON H.B. - WISEMAN Neil Despertando Para um Grande Ministério: Um Livro de Pastor para Pastor. Traduçao Guilherme Kerr. Sao Paulo: Editora Mundo Cristao 1996

MACARTHUR, JOHN. Redescobrindo o Ministério Pastoral: Moldando o Ministério Contemporâneo aos Preceitos Bíblicos. Traduçao Lucy Yamakami. Rio de Janeiro: Editora CPAD. 1999,

NOUEWN Henri, O Sofrimento que Cura: Por meio de Nossas próprias feridas, podemos nos tornar fonte de Vida para o Outro, traduçao Pedro Elyseu Scweitzer, Sao Paulo: Ediçoes Paulinas, 2001

PETERSON, Eugene O Pastor Desnecessário: Reavaliando a Chamada para O ministério. Traduçao, Cláudia Ziller Faria, Rio de Janeiro Editora Textus: 2001

SOUZA, Ricardo Barbosa, Janelas para a Vida, Curitiba: Encontro, 1999.

SPURGEON, C.H. Liçoes aos Meus Alunos: Homilética e Teologia Pastoral. Traduçao Odayr Olivetti Sao Paulo: Editora Pés, 1982

SPROUL, R.C. A Alma em Busca de Deus. Traduçao Edson Tanaka. Sao Paulo: Eclésia 1998

ZABATIERO, Julio. Cuida (n) do – A Arte do Pastorado, out. – dez 2001


ESTUDO REALIZADO PELO PASTOR CARLOS LOPES

Pastor Carlos A. Lopes
Teólogo

sábado, 22 de maio de 2010

BIOGRAFIA DE JOHN STOTT: SERVO, TEÓLOGO E PASTOR.


O inglês John Stott nasceu em 27 de abril de 1921. Foi um agnóstico até 1939, quando ouviu uma mensagem do reverendo Eric Nash e se converteu ao cristianismo evangélico.

Estudou Línguas Modernas na Faculdade Trinity, de Cambridge. Foi ordenado pela Igreja Anglicana em 1945, e iniciou suas atividades como sacerdote na Igreja All Souls, em Langham Place. Lá continuou até se tornar pastor emérito, em 1975. Foi capelão da coroa britânica de 1959 a 1991.

Stott tornou-se ainda mais conhecido depois do Pacto de Lausanne - grande congresso mundial de evangélicos que ocorreu em 1974 na Suíça, onde foi criado um comitê mundial das igrejas evangélicas. O teólogo se destacou na defesa do conceito de Evangelho Integral - uma abordagem cristã mais ampla, abrangendo a promoção do Reino de Deus não apenas na dimensão espiritual, mas também, na transformação da sociedade a partir da ética e dos valores cristãos. Em 1982, fundou o London Institute for Contemporary Christianity, do qual hoje é presidente honorário.

Além da vasta produção literária, Stott há 30 anos atua no apoio à formação de pastores e líderes e também facilitando o acesso à literatura nos mais diversos países, através de sua organização John Stott Ministries e o fundo Langham Partnership International. Ambos estão encarregados de perpetuar a visão de Stott. A JSM continuará sob a presidência de Chris Wright, que desde 2001 é seu principal executivo.

Em 2006, a organização apresentou seu projeto mais ousado: a publicação do Comentário Bíblico Africano. A obra conta com a inédita participação de 70 estudiosos africanos e foi elaborado com foco na realidade do continente, sem perder seu aspecto universal.

Aclamado pelo jornal The New York Times como o “papa” dos evangélicos pelo seu imenso prestígio, Stott escreveu mais de 50 livros, dentre eles Entenda a Bíblia.

Entre os seus títulos mais famosos estão: Cristianismo Básico; Crer é Também Pensar; Porque Sou Cristão; A Cruz de Cristo; Eu Creio na Pregação; Firmados na Fé; Cristianismo Equilibrado; Entenda a Bíblia; Cristianismo Autêntico; O Perfil do Pregador; Ouça o Espírito, ouça o mundo, a maioria deles disponível para empréstimo em nossa biblioteca.

A sua obra mais importante, Cristianismo Básico, vendeu mais de 2 milhões de cópias e já foi traduzido para mais de 60 línguas. Billy Graham chamou John Stott de "o mais respeitável clérigo no mundo hoje".

Leia abaixo uma frase marcante de John Stott:

"Alguma vez abrimos nossas portas a Cristo? Nós já o convidamos? Esta foi exatamente a questão que eu precisei ter colocado a mim. Pois, intelectualmente falando, eu tinha acreditado em Jesus toda a minha vida, do outro lado da porta. Regularmente tive dificuldades para fazer minhas orações pelo buraco da fechadura. Eu tinha mesmo empurrado tostões por debaixo da porta em uma vã tentativa de acalmá-lo. Eu fui batizado, sim, e confirmado também. Eu fui à igreja, li a Bíblia, tive altos ideais, e tentei ser bom e fazer o bem.

Mas o tempo todo, muitas vezes sem perceber, eu estava afastando Cristo no comprimento do braço, e mantendo-o longe. Eu sabia que abrir a porta poderia ter consequências. Estou profundamente grato a ele por permitir-me abrir a porta. Olhando para trás agora por mais de cinqüenta anos, percebi que esse passo simples mudou toda a direção, o rumo e a qualidade da minha vida”.

Priscila Rocha com informações da editora Mundo Cristão

Estaremos neste blog colocando vários estudos do Dr. John Stott, para enriquecer o leitor e a liderança da igreja evangélica brasileira. A voz de Stott deve ser ouvida por esta geraçào fascinada pelo reino aqui e agora, pelo evangelho água com açucar e pelo evangelho estranho das facilitações urbanas.

Pr. Carlos Augusto Lopes

Teólogo

JOHN STOTT - BEM AVENTURADOS OS HUMILDES DE ESPÍRITO.

Já mencionamos que o Velho Testamento fornece os antece¬dentes necessários para a interpretação desta bem-aventurança. No princípio, ser "pobre" significava passar necessidades literal¬mente materiais. Mas, gradualmente, porque os necessitados não tinham outro refúgio a não ser Deus, a "pobreza" recebeu nuances espirituais e passou a ser identificada como uma hu¬milde dependência de Deus.

Por isso o salmista intitulou-se "este aflito" que clamou a Deus em sua necessidade, "e o Senhor o ouviu, e o livrou de todas as suas tribulações". O "aflito" (ho¬mem pobre) no Velho Testamento é aquele que está sofrendo e não tem capacidade de salvar-se por si mesmo e que, por isso, busca a salvação de Deus, reconhecendo que não tem direito à mesma. Esta espécie de pobreza espiritual foi especialmente elogiada em Isaías.

São "os aflitos e necessitados", que "buscam águas, e não as há", cuja "língua se seca de sede", aos quais Deus promete abrir "rios nos altos desnudos, fontes no meio dos vales" e tornar "o deserto em açudes de águas, e a terra seca em mananciais". O "pobre" também foi descrito como "o contrito e abatido de espírito", para quem Deus olha (embora seja "o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo"), e com quem se deleita em habitar.

É para esse que o ungido do Senhor proclamaria as boas novas da salvação, uma profecia que Jesus conscientemente cumpriu na sinagoga de Nazaré: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, para pregar boas-novas aos quebrantados." Mais ainda, os ricos inclinavam-se a transigir com o paganismo que os rodeava; eram os pobres que permaneciam fiéis a Deus. Por isso, a riqueza e o mundanismo, bem como a pobreza e a piedade, andavam juntas.

Assim, ser "humilde (pobre) de espírito" é reconhecer nossa pobreza espiritual ou, falando claramente, a nossa falência espi¬ritual diante de Deus, pois somos pecadores, sob a santa ira de Deus, e nada merecemos além do juízo de Deus. Nada temos a oferecer, nada a reivindicar, nada com que comprar o favor dos céus.
"Nada em minhas mãos eu trago, Simplesmente à tua cruz me apego; Nu, espero que me vistas; Desamparado, aguardo a tua graça; Mau, à tua fonte corro; Lava-me, Salvador, ou morro."

Esta é a linguagem do pobre (humilde) de espírito. Nosso lugar é ao lado do publicano da parábola de Jesus, clamando com os olhos baixos: "Deus, tem misericórdia de mim, pecador!" Como Calvino escreveu: "Só aquele que, em si mesmo, foi reduzido a nada, e repousa na misericórdia de Deus, é pobre de espírito."
Esses, e tão somente esses, recebem o reino de Deus. Pois o reino de Deus que produz salvação é um dom tão absolutamente de graça quanto imerecido. Tem de ser aceito com a dependente humildade de uma criancinha. Assim, bem no começo do Ser¬mão do Monte, Jesus contradisse todos os juízos humanos e todas as expectativas nacionalistas do reino de Deus.

O reino é concedido ao pobre, não ao rico; ao frágil, não ao poderoso; às criancinhas bastante humildes para aceitá-lo, não aos soldados que se vangloriam de poder obtê-lo através de sua própria bra¬vura. Nos tempos de nosso Senhor, quem entrou no reino não foram os fariseus, que se consideravam ricos, tão ricos em mé¬ritos que agradeciam a Deus por seus predicados: nem os zelotes, que sonhavam com o estabelecimento do reino com sangue e espada; mas foram os publicanos e as prostitutas, o refugo da sociedade humana, que sabiam que eram tão pobres que nada tinham para oferecer nem para receber. Tudo o que podiam fazer era clamar pela misericórdia de Deus; ele ouviu o seu clamor.

Talvez o melhor exemplo desta mesma verdade seja a igreja nominal de Laodicéia, à qual João recebeu ordem de enviar uma carta do Cristo glorificado. Ele citou as complacentes palavras dela, e acrescentou o seu próprio comentário: "Pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de cousa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu." Esta igreja visível, apesar de toda a sua profissão cristã, não era de modo algum verdadeiramente cristã.

Auto-satisfeita e superficial, era composta (de acordo com Jesus) de cegos e mendigos nus. Mas a tragédia era que não o admitiam. Eram ricos, não pobres, de espírito.Ainda hoje, a condição indispensável para se receber o reino de Deus é o reconhecimento de nossa pobreza espiritual. Deus continua despedindo vazios os ricos. Como disse C. H. Spurgeon: "Para subirmos no reino é preciso rebaixarmo-nos em nós mesmos."

Extraído na íntegra do livro
Sermão do Monte do Dr. Stott, teólogo e mestre da Bíblia

Reverendo John Stott já escreveu mais de 40 livros é considerado uns dos principais líderes do cristianismo contemporâneo. Ele tem influenciado líderes de várias partes do mundo com seus escritos, vida piedosa e seriedade com a Bíblia

Pr. Carlos Augusto Lopes
Teólogo

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O IDE NÃO É TÃO LONGE ASSIM: REFLEXÃO PARA UMA VIDA DE PAIXÃO PELAS PESSOAS.






Ide por todo o mundo e pregai o evangelho (Mt.28.19;Mc.16.15)

Dr. Timóteo Carriker que foi meu professor de missiologia na minha pós-graduação dizia que a Bíblia é um livro essencialmente missionário e que só podemos fazer missão através do Espírito Santo de Deus em total obediência a sua palavra.

Quando estive no Congresso Brasileiro de Evangelização na cidade de Belo Horizonte em 2003 estive na casa do diretor da Missão Betânia no Brasil reverendo Cícero Bezerra. Ele tinha publicado o livro do Dr. Ronaldo Lidório e me presenteou com um exemplar, logo percebi que para o missionário Lidório “ O Ide não é tão longe assim”.

O missionário Ronaldo Lidório que durante anos evangelizou os esquecidos Konkombas, no oeste africano em seu livro “ Missões o Desafio Continua”, diz que missão não é definido em termos de resultados, mas sim de fidelidade ao Senhor.

Ruth A. Taucker, mostra em seu livro " Até Aos Confins da Terra", que homens e mulheres, trabalharam de maneira firme e constante na obra missionária e esses lugares em sua grande maioria eram longínquos e distantes. Taucher, nos leva para uma leitura reflexiva e biográfica das missões cristãs. Com isto percebemos que para aqueles servos do Senhor o " Ide não era tão Longe assim".

Todos os estudiosos em missão afirmam que Jesus Cristo chamou a igreja para uma tarefa de romper fronteiras e barreiras, logo o "Ide não é tão longe assim", pois como disse o médico e missionário inglês David Livingstone “ Sem Cristo, Nem mesmo um passo; com Cristo, a qualquer lugar”.

O erudito Stanley Jones em seu livro “ Jesus é Senhor”, diz que Jesus Cristo tinha três hábitos que todos nós temos que ter também “ A leitura da Palavra de Deus, a Oração e a evangelização.

Isso denota que Jesus Cristo na qual foi o primeiro missionário, usando a frase do amado médico missionário Dr.Livingstone “O Ide não é tão longe assim” como também não foi para os seus discípulos e para a igreja do caminho, pois a “Missio Dei” era vista não como um peso desfocal mas como obediência e urgência.

No campo missiologal existem algumas frases que marcaram o “ Ide e Anunciai” de Jesus na história da Igreja e isso mostra que de fato “O Ide não é tão longe assim, quando missões está em nosso coração e na estrutura da igreja cristã.

O próprio Oswald Smith que trabalhou em mais de 70 países e ficou conhecido como “Senhor das missões” cita com liberdade e regozijo essas frases em seu fabuloso livro “Evangelizemos o mundo”.

“ Faça grandes coisas para Deus, e espere grandes coisas de Deus” (William Carey),

“ Se Jesus Cristo é Deus e morreu por mim, então nenhum sacrifício que eu fizer por Ele pode ser grande demais (C. Studd),

“ A igreja que deixa de ser evangelistica, em breve deixa de ser evangélica” (Alexander Duff)

"A Igreja que não evangeliza se fossiliza" (autor desconhecido).

“ Deus tinha um único Filho, e fez dele um missionário" (David Livingstone).

“ A questão não é bem quanto do meu dinheiro darei a Deus, mas quanto do dinheiro de Deus reservarei para mim (autor desconhecido).

“Só Cristo pode salvar o mundo, mas Cristo não quer salvar sozinho o mundo ele conta com nossa colaboração” (autor desconhecido).

"A tarefa toda, de toda a igreja, é dar o Evangelho todo, ao mundo todo"(autor desconhecido)

"O melhor remédio para uma igreja enferma é pô-la em dieta missionária" (autor desconhecido)

"Desconhecemos quantos milhões ainda desconhecem o evangelho" (autor desconhecido)

"A luz que alcança mais longe é aquela que brilha mais ali perto de casa" (autor desconhecido).

Para os moravianos na liderança do conde Nicolau Zinzendorf “O Ide não era tão longe assim” , Eles viveram de maneira santa, encarnacional e obediente a obra missionária.

Eles fizeram muito pela a evangelização do mundo e mostraram para as gerações futuras a seriedade do chamado, a doçura de fazer a vontade do seu Senhor e o compromisso de levar Cristo aos povos não alcançados, para eles de fato "O Ide não era tão longe assim”.

E nós o que vamos fazer com ” O Ide não é tão longe assim?", será que vamos achar de fato longe, vamos relegar a segundo plano, vamos ser tragado pelo modernismo pós-cristao ou pelo relativismo visionário templista.

Como igreja de Cristo devemos fazer e dizer em alto tom que “ O Ide não é tão longe assim”, ele deve ser obedecido e temos razões para isso, pois a Bíblia nos chama a esta tarefa sublime e a história da igreja nos deixou um legado exemplativo.

De fato devemos obedecer a Cristo e não o modismo contemporâneo que arrasta multidão para o parasitismo missiologal. Devemos de fato com nossa atitude e obediência darmos glória a Deus e servir o mundo como disse o missiólogo Dr.Johannes Blauw, por que sem dúvida o Ide Não é tão longe assim".

Adoniram Judson compreendeu com maestria este ponto importante e usou a sua lavra para dizer que " Muitos crentes consagrados jamais atingirão os campos missionários com seus próprios pés, mas poderão alcança-lo com os seus joelhos", de fato o Ide é marcado pela obediência e por uma vida de oração e consagração.

Na definição clássica do missionário William Carey, sobre "O Ide não é tão longe assim" , ele atesta dizendo: " Na mente divina não há distinção entre missões estrangeiras e missões nacionais. Onde houver uma alma perdida, aí está um campo missionário".

O missionário David Brainerd, um modelo de vida consagrada bradou dizendo: "Não me importei onde ou como eu vivia, nem quais provações tive de atravessar, contanto que assim pudesse ganhar almas para Cristo".

Quando estive pregando junto com o missionário Zig Fried Zius, em palestras para pastores e obreiros do CAD, numa das suas preleções ele disse: "Cristo garantiu para nós o Ide e não a volta", todavia é justamente ali neste lugar difícil que eu quero fazer missões, "Ali onde a fé é mas cara".

Encerro este artigo com duas histórias inspirativas. A primeira fala sobre o Oleiro um dos últimos missionários do movimento moravianos narrado pelo Dr. Ronaldo Lidório e a segunda história e de Myconius amigo de Martinho Lutero, narrado pelo Reverendo do século passado Horatius A. Bonnar.

Primeira História

No dia 13 de agosto de 1727
, Deus derramou um profundo avivamento sobre um grupo de Checos refugiados na Saxônia, atual Alemanha, chamado de Morávios. Com o Conde Nikolaus Zinzendorf á frente daquela comunidade que vivia no vilarejo de Hernhut, nasceu ali uma obra missionária sem precedentes desde os primeiros séculos. Dali saíram centenas de crentes apaixonados por Jesus. Foram enviados para a Espanha, Itália, África do Sul, São Tomé e Príncipe e até o Brasil, além de tantas outras regiões. Impactaram sociedades, plantaram igrejas e certamente fizeram muito maias do que a história conseguiu registrar.

Já no fim desse movimento missionário, Zinzendorf se sentiu desafiado a enviar um missionário para alcançar os esquimós no Alaska. Ele relatou que certa noite sonhou com Jesus, e que nesse sonho o Senhor instruía a enviar o Oleiro.

O oleiro era um homem de meia idade, crente no Senhor Jesus, mas de personalidade pacata e que não demostrava capacidade de liderança até então. Zinzendorf o chamou e lhe expôs seu sonho e sua preocupação com os Esquimós. Antes que o oleiro se manifestasse, o conde acrescentou que, se aquele desafio fosse aceito por ele, infelizmente ele não poderia contar com uma equipe para acompanhá-lo, pois não dispunha de outros missionários. Não haveria também meios de sustenta-lo financeiramente, pois tinha usado todos os recursos para o sustento de outros obreiros.

Por fim, cria que talvez voltasse, já que o Alasca no século XVIII certamente era uma das regiões mais isoladas e inacessíveis do planeta. Em outras palavras, ele deveria ir só, sem sustento e sem garantia de voltar. Sem dúvida, esse foi um convite missionário desprovido de atrativos.

Aquele oleiro permaneceu em oração por dois minutos e, por fim levantou o rosto e respondeu: " Se o senhor conseguir me dar um par de sandálias usadas, amanhã cedo eu partirei".

O conde lhe deu as sandálias. A história não relata, mas imagino que aquele homem estava descalço. No outro dia, Zinzendorf foi á casa dele procurá-lo. Mas chegou tarde, o oleiro já havia partido logo bem cedo, para jamais voltar.

Hoje, de todos os esquimós da Terra, mas de 50% são convertidos ao Senhor Jesus. Isso por que um homem, do qual nem sequer sabemos o nome, pediu apenas um par de sandálias usadas para seguir a Jesus e espalhar o evangelho até o distante Alasca.

Segunda História

Na vida de Myconius, o grande amigo de Martinho Lutero, de acordo com Melchior Adam, nós temos uma descrição marcante do evento que o envolveu no grande momento de sua vida e que o levou a gastar todas as suas energias na causa de Cristo. Logo na primeira noite de vida monástica ele teve um sonho. Era como se ele estivesse vagando sozinho por um imenso deserto.

De repente ele foi surpreendido por alguém que apareceu e o conduziu para um vale de uma beleza inigualável onde havia uma corrente de água da qual não lhe foi permitido beber. Mas adiante ele encontrou a fonte onde brotava aquela água. Ele quis se ajoelhar-se para beber quando quando eis que apareceu diante dele o Senhor crucificado, cujas feridas faziam jorrar toda aquela água.

E, num momento muito rápido, aquele que o havia guiado ate o vale o arremessou dentro da fonte. E a sua boca encheu-se da água que jorrava das feridas, e ele pode então mitigar aquela sede que lhe afligia a vida, e desde então nunca mas teve sede.

Logo depois de ter bebido da fonte, ele foi levado para um outro lugar onde o seu guia lhe falou das grandes coisas que ele iria fazer pelo Senhor crucificado que havia inundado a sua alma com a água viva.Eles estavam numa planície muito vasta que estava toda coberta de trigo que se agitava pelo vento. O seu guia então ordenou que ele começasse a colher o trigo. Mas ele quis recusar alegando que nunca fizera aquilo antes, e que portanto não teria a habilidade para fazê-lo.

"O que você não sabe você aprenderá", foi a resposta. Eles se aproximaram um pouco mais e ele avistou um trabalhador que embora solitário, trabalhava como se estivesse determinado a colher todo o trigo sozinho. O seu guia então ordenou que ele puzesse a ceifar ao lado daquele outro ceifeiro, e agarrando uma roçadeira, mostrou como manuseá-la.

Novamente o seu guia o levou para uma colina. Ele contemplou a aquela vasta planície diante de seus olhos e perguntou quanto tempo levaria para ceifar todo o campo com tão poucos trabalhadores. " Antes que o inverno chegue será dada a última foiçada", respondeu o Guia. "Continue com toda a tua força. O Senhor da seara logo enviará mais ceifeiros".

Já fatigado do seu trabalho Myconius teve alguns momentos para descansar. Novamente o Senhor crucificado surgiu ao seu lado, desfigurado e sofrido. Então o guia colocou a mão sobre Myconius DIZENDO: Assim como Ele você deve também ser.

Com estas palavras Myconius despertou de seu sonho. Mas ele despertou para uma vida de fervor e de amor. Ele encontrou o Salvador de sua alma, e pôs-se a pregar a respeito dEle para outros.


Ele tomou posição ao lado daquele outro vigoroso ceifeiro, Martinho Lutero. Ele foi impulsionado pelo seu exemplo e com ele trabalhou naquele vasto campo até que todos os lados afluíam mais trabalhadores e a colheita foi recolhida antes da chegada do inverno. ´

A lição para nós é clara, apanhemos nós as foices. Os campos estão brancos e eles são vastos e poucos são os trabalhadores, porém o Senhor da Seara não nos deixará sozinhos no campo.

Que Deus possa abrir os nossos olhos para o clamor dos aflitos, pois missões é atravessar o oceano mais também é atravessar a minha rua, pois “O IDE NÃO É TÃO LONGE ASSIM” .

Estudo Realizado pelo
Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo