terça-feira, 25 de maio de 2010

O CUIDADO PASTORAL NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: CRISES E PROPOSTAS PARA UMA IGREJA EM EXPANSÃO.

O Cuidado Pastoral no Brasil Contemporâneo deve ser analisado a partir da Bíblia. É de suma importância perceber esta temática na época que estamos vivendo, pois, de fato vivemos o melhor dos tempos e também o pior dos tempos como disse Charles Dickes.

"O melhor dos tempos" por que podemos olhar para a nossa história cristã e perceber os acertos e os erros e evitar essa purpurina em nossa época. O melhor dos tempos por que vivemos uma época tecnológica avançada. O melhor dos tempos por que nenhuma época foi melhor do que está no campo fértil da somatizaçao das idéias etc.

Porém vivemos o pior dos tempos. Nossa época é a época da superficialidade, época hedônica, niilista, narcisista, pluralista. Vivemos numa cultura pós-crista, pós-moderna que tem a cada dia negado os princípios da palavra de Deus relativizando a verdade.

Essas palavras de Charles Dickes podem ser aplicadas em qualquer contexto seja político, social, econômico, ecológico, teológico, religioso, eclesiológico, pastoral etc. Nosso reflexao versa justamente o cuidado pastoral nesse nosso Brasil contemporâneo e sem dúvida vivemos também o “ melhor e o pior” dos tempos. Uma grande multidao está por aí precisando de cuidado pastoral no dizer de Jesus Cristo “ovelhas sem pastor”,

Todavia vivemos hoje em nossos círculos evangélicos a síndrome do pragmatismo, das agendas lotadas, do ativismo religioso, do corre - corre em busca de novos métodos, nova onda e esquecemos o cuidado pastoral bíblico. Por vez implantamos na igreja os aconselhamentos pastorais, os grupos caseiro, celulares, etc. nao como agente terapeutico pastoral que nutri e cuida daqueles que já estao dentro, mais usamos esse meio como forma de evangelizaçao para crescer nosso grupo.

Nao estou aqui advogando que nao devemos evangelizar, ganhar almas, para Jesus Cristo, proclamar o reino de Deus e todas as terminologias que voce quiser usar estou falando aqui sobre o fato que estamos negligenciando o cuidado pastoral e temos vistos as ovelhas desnutrida, mal amada, mal cuidada etc., por que implantamos cuidado pastoral segundo nossa ótica e nao a ótica de Deus. Nosso trabalho tem como o objetivo o cuidado pastoral no Brasil contemporâneo a partir da Bíblia e também da percepçao das batidas do coraçao dessa geraçao, que adoece tendo o remédio ao seu lado:"A Bíblia".

O Teólogo Julio César Zabatieiro em seu artigo “Cuida (n) do – A Arte do pastorado “ diz que para o pastor cuidar bem do rebanho de Cristo ele precisa primeiro ser cuidado pelo Supremo Pastor. Ele afirma ainda que se alguma vez foi simples descrever o ministério pastoral, hoje essa definiçao nao é tao simplista assim.

O Dr. Zabatieiro faz uma lista dessas complexidades ministeriais no Brasil contemporâneo. Ele pergunta: O que faz um Pastor hoje? E responde: “ Ele prega, ensina, treina líderes, transforma a igreja, ora, evangeliza, administra, visita, disciplina, motiva, discípula, dirige o louvor, aconselha, batiza, ministra a ceia, arrecada, impetra a bençao, redige o boletim, governa, doutrina, quebra paradigmas, faz teologia, faz missoes, dá testemunho da vida pessoal, familiar, financeira etc.

Zabatieiro prossegue dizendo: De que aspectos de nossa atividade nós, pastores, construímos nossa identidade ministerial e pessoal? Quais sao os nossos modelos de cuidado pastoral? Será no retrato doutrinário denominacional do pastor? Nos pastores neo-pentecostais ou neo televisivos? Nos pastores das megas igrejas? Nos pioneiros e desbravadores? , nos pioneiros em buscas de novos paradigmas? Etc.

Esse tom reflexivo aqui leva o autor a dizer que nao seria melhor prestarmos á atençao na pessoa bendita de Jesus Cristo e perceber nele a doce e excelente arte de pastorear? do cuidar? Pois este é o caminho mais seguro e canônico do cuidado pastoral. Trabalhando a excelencia do cuidado pastoral Zabatieiro diz:

A arte de cuidar, de cuidar-se. No dicionário do idioma portugues, cuidar é zelar pelo bem estar, pela saúde de; de outra pessoa, de si mesmo. No dicionário dos idiomas ingles-portugués, cuidar também é amar. Bem estar, saúde e amor. Em linguagens teológicas: bençao, amor e salvaçao. A arte do pastorear, pode-se dizer, é a amorosa arte de abençoar, de estar bem, de bem estar. Amorosa arte de salvar, curar, vivificar.

Por isso o Novo Testamento fala do Supremo Pastor. Ele, Jesus, pastoreou efetiva e efizcamente. A amorosa arte que Jesus tinha para cuidar do rebanho culminou no dar se pelo rebanho ovelhas sem pastor. Assim, a arte de pastorear fica mais leve, fluída, viável. É arte de participar no bem-estar já oferecido, na salvaçao graciosamente ofertada, no amor derramado. É, entao, e antes de tudo, arte de ser pastoreado. Para cuidar é necessário ser cuidado. ( p. 1,2002).

O ativismo pastoral implantado hoje pela sociedade pragmática eclesial contemporânea tem esquecido e esqueletizado o adendo do cuidado pastoral em meio as avalanches dos papeis eclesiásticos que o pastor tem que desincumbir ao longo do seu ofício ministerial. Temos visto até aqui o realismo que para cuidar, temos que ser cuidados e isso tem conotaçoes poeimenicas vindas do Supremo Pastor que junto com a chamada ministerial nao nos isenta dos seus cuidados pastorais.
Neste sentido o Dr. Zabatieiro conclui seu argumento dizendo que para pastorear é preciso, antes de tudo, ser pastoreado por Deus e isso desemboca em tres propostas:

1) Aceitar a valorizaçao que Deus faz de nós. 2) Ser reunificado na comunidade de Deus. 3) Receber o “Lembrar–se divino”. Quando compreendemos que somos amados, curados, revitalizados, incluídos, compreendidos, justificados, abençoados pelo supremo pastor da nossa vida o ministério pastoral tem uma nova dinâmica excelente e cuidar do rebanho de Cristo nao é um fardo, um peso, um interesse mais um se doar com amor no entendimento que isso é excelente.

O ministério pastoral no Brasil Contemporâneo no aspecto do cuidado pastoral precisa ter a sua base nas escrituras “Sola Scriptura”, e também na percepçao ontológica.

Muitos pastores e modelos pastorais hoje tem uma visao do cuidado pastoral na moldura da multidao no templo, do frenesi momentâneo produzido na reuniao, na cura realizada, nas campanhas destituídas de afeto relacional e de interesse genuíno na dor do outro. O cuidado pastoral no Brasil contemporâneo em muitos círculos tem a sua base nao na “Sola Scriptura” e no protótipo cristológico mais no modismo destituído de vida

O cuidado pastoral nao pode ser somente via púlpito, via reuniao em suas várias expressoes, via louvorzao, mas ele deve seguir o modelo cristológico da aproximaçao, da compreensao, da percepçao, da misericórdia, do ensino curador, libertador, do envolvimento em todas as facetas da vida desde a alegria até a tristeza, a dor, desde a vida ate a morte desde o ganho ate a perda. Ele deve estar solidificado na justiça e na paz cristológica.

Henry Nouwen em seu livro “O Sofrimento que Cura”, mostra para nós que o cuidado pastoral contemporâneo deve ser margeado também por uma compreensao do componente humano. Ele tece comentário do nosso cuidado pastoral e mostra a realidade do homem nuclear, mostra também que desenvolvemos o nosso ministério para uma geraçao sem raízes e com isso devemos olhar para dentro dos olhos do fugitivo e que desenvolvemos um ministério para o homem sem esperança.

Essa conotaçao de Nouwen aqui de cuidado pastoral abrange as pessoas que estao na igreja, mas também das pessoas que chegam na igreja. Nouwen aprofunda mais sua argumentaçao e mostra também a visao macro do ministério e do cuidado pastoral que abrange nao só a “igreja”, mais o “bairro”, a “cidade” e o “mundo” do Senhor.

Isso nao é um cuidado isolativo, mas integralizado, pois Jesus Cristo modelo de cuidado pastoral nao armou a sua tenda num “gabinete pastoral” e esperou as pessoas virem a ele, mas ele armou sua tenda de cidade em cidade, abençoando as vidas na busca do perdido, na busca da justiça em seu tom integral, na busca do fraco, dos injustiçados, na busca dos que nao tinham amigos, na busca do perdido, etc.

Seus encontros com diversos tipos de pessoas e circunstancias retratam para nos suas prioridades. Seus posicionamentos diante do fraco, sua lucidez do Reino de Deus, sua paixao pela missao, sua obstinaçao para Soli Dei Glória, redesenham para nós o verdadeiro cuidado pastoral que longe do frenesi eclesial contemporâneo, tem fisionomia de piedade e doaçao, justiça, envolvimento em todas as dimensoes da vida humana, da cidade e do mundo como tenda antropológica.

Jesus Cristo também em seu cuidado pastoral nao priorizou a multidao mais o indivíduo que faz parte da multidao, essa atitude é bem diferente hoje de muitos pastores que tem uma compreensao pseuda do ministério excelente e o cuidado pastoral pois esses dao mais valor para o aglomerado humano como massa de manobra do que para o indivíduo como imagem de Deus “ Imago Dei”, priorizam o reino aqui e agora e o patrulhamento ideológico como sucesso terrenal, gloria humana, corredor da fama, trocadilho financeiro, promessas de um pseudo Celeste por vir em contornos humanistas, e uma enfase demasiada na pregaçao egocentrica e das necessidades.

A reformulaçao da excelencia do ministério e do cuidado pastoral contemporânea é sem dúvida necessária e urgente e deve ter a cruz de Cristo como modelo. David Hansen em seu fabuloso livro “A Arte de Pastorear”, diz que o cuidado pastoral e o ministério pastoral jamais podem ser dirigidos por tendencias contemporâneas como modismo, tarefas etc. ele faz uma crítica aos teólogos profissionais que reduziram o trabalho pastoral em realizaçao de coisas e isso gera uma falta de tempo para a leitura já que os teólogos profissionais reclamam que pastores quase nao leem.

Hansem diz que o ministério pastoral jamais pode ser margeado por modismo, tarefas, açao, etc., ele sim deve ser direcionado por Cristo como modelo seguro. Ele diz que devemos prestar atençao em duas áreas do ministério de Jesus Cristo que é importante para esse resgate do excelente: Primeiro o seu “ministério” e segundo o “roteiro de sua vida”.

Hansem salienta que o ministério de Jesus Cristo foi tao simples mais profundo que muitos pastores contemporâneos acham simples demais, pois trata de oraçao, amizade, sacramento, liderança etc., ao contrário do que muitos tratam hoje.
O roteiro da vida de Jesus Cristo diz o autor nos aponta para o caminho da “Cruz”, sua vida era uma vida de sacrifício e ele nos chama para caminharmos essa estrada cristológica (Mc.8.34). David Hansen mostra para nós o serviço pastoral sadio e o cuidado pastoral benéfico quando diz:

Para que nao façamos objeçao a levar a cruz, como sendo bobagem pietista, num mundo de princípios de gerenciamento “científico” e metodologia psicológica, simplesmente observe que praticamente, toda dificuldade em que incorrem os pastores melhores, de mais talento, resulta de nao seguirem o Caminho da Cruz. Os melhores e mais talentosos no ministério pastoral e nas hierarquias denominacionais se prejudicam e prejudicam mais ainda a igreja, por seu ego incontido e por recusarem retirar o pé das altas posiçoes ( p.29.2001)

Devemos de fato considerar o que o veterano David Hansen está analisando aqui. O cuidado pastoral sem dúvida deve ter o seu foco na pessoa bendita de Jesus Cristo e o caminho da cruz deve estar no tecido do ministério pastoral. Nao podemos desdenhar do modelo maior que é Cristo em troca de tecnologia, gerenciamento e psicologizaçao e filosofia ministerial estranho a palavra de Deus. Quando o motivo do ministério é cristológico esses expedientes podem ser usados na medida em que se sujeitem a palavra de Deus e nao ao contrário.

O colocar os pés nas altas posiçoes eclesiásticas e o esquecimento do cuidado pastoral bíblico em muitos círculos evangélicos tem sido o emblema de muitos pastores que nao compreende o sacrifício de Jesus Cristo e a sua obra santa em prol das vidas. No frenesi da busca do famigerado sucesso e da galinha dos ovos de ouro do ministério hodierno esses pastores vao a cada dia se distanciando da cruz e da mensagem do evangelho como fez a igreja romano na idade média, mostrando que a excelencia do ministério se transformou em tirania dogmática e ideologismo em vez de teologismo sadio.

Alberto Barrientos em seu livro “Trabalho pastoral: Princípios e Alternativas”, diz que o trabalho pastoral deve ter princípios bem claros e concretos na direçao de guiar a igreja. Ele inúmera vários itens para essa atividade pastoral:

O primeiro objetivo é “Dar á igreja um lugar em sua comunidade”,
O segundo objetivo é “ Reconciliar e unir as pessoas com Deus”,
O terceiro objetivo é “ Formar e aperfeiçoar os Cristaos”,
O quarto objetivo é “ Criar e amadurecer Relacionamentos”,
E o quinto objetivo é “ Organizar e mobilizar Capacidades”.

O cuidado pastoral contemporâneo passa sem dúvida por essa reflexao, pois ela está focado nao na glória humana mais na glória de Deus. Ela nao visa outra coisa senao o crescimento dos santos. Barrientos também nos diz que os alvos finais de um pastorado sao: “ Apresentar perfeitos os Crentes”, “Preparar os cristaos para servir no reino terreno de Jesus” , “ Apresentar uma Igreja Unida”,

Ele também chama a nossa atençao para um ponto importante do cuidado pastoral que é justamente os relacionamentos como forma terapeutica e de crescimento para o povo de Deus. Barrientos faz uma lista desses relacionamentos.

• Relacionamentos entre o pastor e os irmaos
• Relacionamentos entre irmaos e irmaos
• Relacionamentos entre pastor e líderes
• Relacionamentos entre anciaos e líderes
• Relacionamentos entre os próprios líderes
• Relacionamentos entre jovens e adultos
• Relacionamentos entre igreja e outras igrejas
• Relacionamentos entre igreja e denominaçao
• Relacionamentos entre igreja e comunidade civil.

Os mandamentos recíprocos da palavra de Deus e a forte enfase na comunhao dos santos ensinados pela Bíblia dao o suporte necessário para vivenciá-los isso e celebrar mutuamente o cuidado uns dos outros.

Richard L. Mayhue que faz parte do corpo docente do “Máster Seminary” e uns dos colaboradores do livro “Redescobrindo o ministério pastoral: Moldando o ministério Contemporâneo aos Preceitos Bíblicos”, mostra uma pesquisa feita por John Seel em 1995 com 25 líderes evangélicos de renome mostrando seus pontos de vista sobre o estado geral dos evangélicos no final do século XX.

Sem dúvida alguma essa pesquisa analisa o quanto o cuidado pastoral e o cuidado do pastor precisa ser repensado e analisados nos moldes bíblicos. Mayhue entao mostra para nós os oito temas dominantes e suas respostas.

• Identidade Incerta : Confusao disseminada acerca da definiçao do que é um evangélico
• Desilusao Institucional : Percepçao da ineficácia e da irrelevância do ministério
• Falta de Liderança : Lamento pela escassez de liderança bíblica na igreja
• Pessimismo com respeito ao futuro : Crença de que o futuro dos evangélicos está ameaçado
• Crescimento positivo, impacto negativo : Um paradoxo intrigante sem explicaçoes claras e imediatas.
• Isolamento cultural: Estamos em plena era pós-crista
• Soluçoes políticas e metodologias sao a resposta : Surgem perspectivas nao bíblicas de ministério
• Troca da orientaçao bíblica pela pesquisa de mercado : A preocupaçao com o eterno é substituída pelo interesse no temporal, em um esforço para mostrar relevância. ( p.22.1999).

Richard L. Mayhue nos diz que o grande problema hoje no cuidado pastoral na atividade ministerial nao é o tradicional versus o contemporâneo, mas o bíblico contra o nao bíblico. Temos aqui neste trabalho levantado essa bandeira para o cuidado pastoral seguro.

Nao adianta bebermos em fontes estranhas a palavra de Deus, devemos sim redirecionar nosso ministério nos moldes bíblicos, pois Cristo é o nosso Bom Pastor
(Jo.10.11-14) e também o Sumo Pastor ( I Pe.5.4), e o grande pastor ( Hb.13.20) pensando assim seremos eficazes no cuidado pastoral contemporâneo abençoando pessoas e exaltando o nome de Deus.

Mayhue nos diz que Deus usará a sua palavra como critério na qual aprovará ou condenará nosso labor na igreja. Deus nao irá indagar se o nosso ministério foi “tradicional” ou “contemporâneo”, mas perguntará : foi Bíblico.
Ele também diz que o pastor contemporâneo deve sem dúvida prestar muita a atençao as liçoes bíblicas e reafirma que várias passagens mostram e explicam quem deve ser o pastor e o que ele deve fazer e logicamente isso inclui o cuidado pastoral.

Ele mostra entao quais sao as responsabilidades básicas do pastor baseando na epístola do apóstolo Sao Paulo aos irmaos de Tessalônica:

• Orar (I Ts.1.2,3;3.9-13)
• Evangelizar (I Ts.1.4,5,9,10)
• Capacitar ( I Ts.1.6-8)
• Defender ( I Ts. 2.1-6)
• Amar ( I Ts. 2.7,8)
• Labutar ( I Ts.2.9)
• Exemplifica r ( ITs.2.10)
• Liderar ( I Ts.2.10-12)
• Alimentar ( I Ts. 2.13)
• Vigiar ( I Ts.3.1-8)
• Alertar ( I Ts. 4.1-8)
• Ensinar ( I Ts. 4.9-5.11)
• Exortar (I Ts. 5.12-24)
• Encorajar ( II Ts. 1.3-12)
• Corrigir ( II Ts. 2.1-12)
• Confrontar ( II Ts. 3.6,14)
• Resgatar ( II Ts. 3.15)

De fato esses pontos aqui abordados mostram para nos pastores e líderes cristaos o caminho do cuidado pastoral para o Brasil contemporâneo devemos sim nos munir com a palavra de Deus e aplica-la no tecido contextual dessa geraçao crista como responsabilidade pastoral

Em seu livro “ Despertando para um Grande Ministério”, H.B London Jr. e Neil B. Wiseman dizem que toda a responsabilidade é Terra Santa. Isso é um fato importante a ser tratado por que o cuidado pastoral deve ser elevado á um grau de excelencia e nao uma peça decorativa na atividade poimenica. A igreja corpo de Cristo tem que ser cuidado, protegida, amada, curada, sanada, crescente etc. e isso se da á partir de uma visao cristológica.

H.B. London Jr. e Neil B. Wiseman pensando em termos ministeriais dizem que:

Toda a responsabilidade é terra santa por que Jesus se entregou pelas pessoas que vivem ali. Todo lugar é importante por que Deus quer que voce realize algo sobrenatural ali. Toda situaçao é especial por que o ministério é necessário ali. Como a Rainha Ester, voce veio para o Reino para um tempo como este ( p.20,1996).

Os autores London e Wiseman nos lembram ainda que: “ Toda a congregaçao é singular” Toda a congregaçao precisa do amor de um pastor”, “ Deus prove poder sobrenatural”, “ Toda a igreja precisa de pregaçao bíblica”, “ todo pastor é dotado de maneira singular”, “Toda situaçao tem potencial”.

Como a rainha Ester este é o nosso tempo e nao podemos deixar escapar o sobrenatural de Deus nas vidas das pessoas a partir de um cuidado pastoral sadio. O Brasil contemporâneo a nível eclesial tem enfrentado muitos problemas no campo eclesiástico e doutrinal em virtude do pragmatismo e o afastamento dos princípios da palavra de Deus, porém urge a hora que Deus nos chama para fazer diferença em épocas nebulosas.

Com a Bíblia na mao e com o coraçao encharcado de misericórdia e compaixao como disse Henri Nonwen iremos celebrar a comunhao como caminho de cura e açao terapeutica no cuidado pastoral como expressou o Dr. Larry Crabb em seu livro “ O lugar mais seguro da Terra.

Acredito que o cuidado pastoral nao é feito somente por uma única pessoa e sim pela comunidade da fé. Devemos romper com o paradigma “ Clero e Laicato” e celebrar “O sacerdócio de todos os Crentes” com critério e sabedoria pois a arte de cuidar é também a humildade de querer ser cuidado como quer Zabatieiro.

Esse cuidado pastoral também nao está trancado no chao geográfico eclesial mais ele se move em busca do aflito em soluçao de conflito apaziguando as beligerâncias humanas. Ele se mistura e se envolve no drama do outro e no rosto do outro contempla a face de Deus como viu Jacó a seu irmao Esaú (Gn. 33.10).

Esse cuidado pastoral nao se move em busca de honra, favor, glória, fama mais ele se posiciona como se posicionou o bom samaritano que atendeu o ferido sem pedir nada em troca e viu no outro o seu próximo. Que Jesus Cristo o “Bom Pastor” abençoe a nossa naçao

Chegamos ao final da nossa reflexao poimenica na santa expectativa que Deus mova o nosso coraçao para o realismo do cuidado pastoral no Brasil contemporâneo. Nossa contribuiçao nessa temática, como foi visto parte do nosso entendimento de que o cuidado pastoral é integral e tem sua solidificaçao na palavra de Deus, nas batidas do coraçao humano e nos seus dramas.

Ele também serve como crescimento individual e coletivo para com Deus que é o processo de santificaçao e da ajuda mútua. O cuidado pastoral nao é um estar no gabinete dando receita médica como se a vida fosse repetitiva em açao, mais ele é mais do que isso ele é um caminhar junto em duas avenidas como quer Paulo Freire na educaçao libertadora.

O cuidado pastoral nao se retrata pelo vários modelos que existem por aí mais se guia pelo modelo bíblico canônico. Ele também nao está preso a geografia templista, ao tribalismo denominacional mais ele se move em busca do outro e se envolve no drama humano seja no campo político, social, econômico, ecológico e do coraçao.

Pensar assim nao é ir além das Escrituras, pois o modelo maior de cuidado pastoral Jesus Cristo nao ficou em Cafarnaum esperando o povo na sua sala confortável, mas ele foi a Gadara e ali ajudou um endemoninhado que estava segregado do seu próprio povo, família e do seu próprio ser e Jesus Cristo, filho de Deus, incluiu ele de novo dando tarefas espirituais.

Ele conversou com a mulher samaritana, abençoou o cego Bartimeu, ressuscitou na rua o filho da viúva de Naim, foi tocado por um leproso, maltrapilho na alma e no físico, atendeu o pedido de uma mae em desespero a mulher sírio-fenícia e abençoou a multidao curando e saciando a sua fome.

Jesus Cristo o filho de Deus também comeu com pecadores, chamou para andar com “Ele” , zelotes, pescadores, publicanos, etc. fazendo deles apóstolos, conversou e inocentou uma mulher prostituta e delineou o caminho da paz com Deus dizendo “ vai e nao peques mais”, jantou na casa de Simao o Fariseu e deixou ser ungido por uma pecadora e a protegeu do intelectualismo barato, gelado, sem sentido do farisaísmo oco, destituído de vida. Jesus Cristo é o modelo maior de todos os nossos caminhos e contornos pastorais.

Que o emblema maior dessa geraçao de pastores seja o caminho santo de Cristo e nao a ocosidade da fama e do reino aqui e agora que nada produzem a nao ser um som incerto que nao glorifica a Deus e rebaixa o santo ministério lançando ele num ostracismo anti-bíblico justamente nessa época pós-cristã.

Precisamos sim como servos do “Senhor da Seara” levantar urgentemente o modelo cristológico e a bandeira reformada da “Sola Scriptura, Sola gratia, Sola Deo Glória, Sola Chistus e Sola Fide” para o sucesso do cuidado pastoral no Brasil contemporâneo pois, estamos diante de crises e propostas para uma igreja em expansao que precisa repensar sua eclesiologia e sua pastoral nao baihista mas integralista cujo chao é a Bíblia e a visualizaçao de um mundo sem Deus.

Que Deus abençõe as nossas vidas e ministérios na árdua e prazerosa arte de sermos pastores e líderes do rebanho do Senhor

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ZABATIERO, Julio. Cuida (n) do – A Arte do Pastorado, out. – dez 2001


ESTUDO REALIZADO PELO PASTOR CARLOS LOPES

Pastor Carlos A. Lopes
Teólogo

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