terça-feira, 26 de julho de 2011

O GRITO DOS GIGANTES: UMA REFLEXÃO DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL E O POSICIONAMENTO EVANGÉLICO

E disse Jesus Cristo: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (...) Se, pois, o filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres ( São João 2.32;36)

A história da escravidão no Brasil foi escrita com sangue, sofrimento, morte, e muita dor que permeou e permeia até hoje a comunidade negra. A escravidão é a situação social do indivíduo ou grupo, obrigado a servir, sob coação a outra pessoa, que exerce sobre ele direito de propriedade.

Uma das marcas da escravidão é minimizar a autonomia do indivíduo, furtar sua dignidade como ser-humano e privar sua liberdade. Durante a história da humanidade a escravidão foi um instrumento sempre utilizado pelo homem seja para fins domésticos ou fins rentáveis.

Na Grécia, os trabalhos artesanais e agrícolas eram realizados por escravos. Por volta do século III antes de Cristo, os romanos passaram a utilizar grande número de escravos em trabalhos agrícolas e domésticos.

Todavia esse mercado fortaleceu quando os navios italianos, Provenças e Catalões chegaram nos portos do norte da África para compra de negros do Sudão. O fortalecimento desse mercado humano se deu nos séculos XIII e XIV, nos países do mediterrâneo.

O comércio de negros que era dominado pelos muçulmanos passou a ser exercidos por representantes de Portugal. No século XVI, Lisboa juntamente com Sevilha eram os postos de mais importância na comercialização de escravos de toda Europa.

A partir daí o Continente africano foi palco das barbaridades e crueldades dos exploradores durante o período de dois séculos e meio. No início das explorações da América, os colonos tentaram escravizar os índios, mas eles se opuseram aos colonizadores.

Os colonizadores que estavam no Brasil estavam sentido a falta de mão de obra negra para o cultivo da cana de açúcar. Em virtude disso eles solicitaram ao Rei permissão para ter escravos.

Em 1559, um alvará da regente Dona Catarina deu permissão para o ingresso de escravos negros para o Brasil. A partir dessa abertura imperial começou o tráfico oficial de negros no Brasil.

Os celeiros que emanavam esses escravos eram o Golfo Guiné a região da Angola e Moçambique etc. de 1532 á 1852 veio para o Brasil 3,6 a 4 milhões de escravos. O tráfico de escravos era feito pelos chamados Navios Negreiros em condições precárias num período longo de pouca assistência e de super lotação, as viagens eram sufocantes e cruéis e muitos morriam por fome e maus tratos.

Os negros escravos nunca aceitaram pacificamente o regime de escravidão imposto para eles no Brasil. Uma das grandes provas disso eram os quilombos que era o reduto dos negros que não aceitavam esse sistema escravista.

O Quilombo dos Palmares foi o maior e mais conhecido dentre todos. Ele foi fundado no início do século XVII, na Serra da Barriga, hoje Alagoas sob a liderança de Ganga Zumba e mais tarde sobre a liderança de Zumbi dos Palmares.

Em 1888 a Princesa Isabel sancionou a Lei 3.353 declarando extinta a escravidão no Brasil conhecida como Abolição “lat. Abolere”. Sabemos que a abolição não é mérito somente da princesinha mas também do povo como “políticos, advogados, abolicionista, jornalistas, poeta, estudantes, escritores, funcionários e os próprios negros com suas manifestações e também a ala evangélica inglesa que era contra o tráfico Thomas Clarkson e William Wilberforce amigo de John Wesley.

Sabemos que o período abolicionista foi bom mais o pós-abolicionista foi difícil pois não tinha espaço para a comunidade negra que cedo descobriu o caminho da miséria, do indiferentismo e do abandono social.

Eles na verdade foram sem sombra de dúvida os primeiros Sem-Terra. Sabemos que hoje existe muitas pessoas que também são escravas do vício, de si mesmo e do sistema caótico reinante hoje.

O navio contemporâneo do século XXI, não tem só negro, mais todo o tipo de pessoas que estão escravas pelo pecado, pelo vazio existencial, pela depressão, angústia, vaidade, consumo excêntrico, medo, miséria, exclusão, opulência, arrogância, soberba, discriminação, orgulho e toda sorte de maldade oriunda do coração humano.

Esse tipo de liberdade na alma e na vida a Lei Áurea os políticos, as religiões e o grito de Zumbi não pode realizar pois essa liberdade tem dinâmica mais profunda pois desemboca no ser todo, no homem integral e somente Jesus Cristo a Terceira pessoa da Trindade pode trazer paz aonde a guerra, alegria aonde a tristeza, doçura aonde a amargor, vida a onde á morte.

Cristo sim pode libertar os oprimidos desse mundo fugaz e mesquinho. Ele é o “Verbo da Vida o Autor da Vida” e morreu na cruz para nos libertar , salvar e nos dá vida com abundância. Só ele pode silenciar o grito dos gigantes e abolir a escravidão do coração, pois só Jesus Cristo que é Deus pode libertar os cativos desse mundo doente e injusto e dar paz para os injustiçados que estão em busca de justiça, alegria e paz.

O erro portugués e o patrulhamento capitalista ideológico , marcou nossa nação com o tribulismo da escravidão que ainda encontra as suas veias abertas em forma de julgamento, preconceito e racismo débil.

A comunidade evangélica sabedora que esta luta tem implicações sociais mas espirituais, deve ser sem dúvida a grande reconciliadora entre o homem pecador e Deus entre o negro e o branco entre o pobre e o rico entre o sabio e o inculto.

Em nome de Cristo ela deve atravessar samaria como Cristo fez e romper com o muro de separação, pois em Deus o muro de Berlim espiritual se ruiu na cuz do calvário e todos agora somos um em Cristo o Senhor.

De fato este deve ser o grito dos gigantes, pois o maior brado já foi manifesto para o mundo na cruz do Gólgota " tetelestai", "Está consumado", em Cristo temos acesso a Deus, pois ele é o Caminho a Verdade e a Vida.

Pastor Carlos Augusto Lopes
TEÓLOGO

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