quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

JONHANES BLAUW - A NATUREZA MISSIONÁRIA DA IGREJA.

(Equipe Missionária brasileira no Chile e na Argentina - Foto tirada na Cordilheiras dos Andes com brasileiros, argentinos, chilenos e mexicanos)

Há convite do grupo de trabalho do departamento de estudos missionários, pelo conselho mundial de missões e pelo conselho mundial de igreja, o doutor Jonhanes Blauw tem dado uma grande contribuição para a igreja. Em seu livro A Natureza Missionária da Igreja, Blauw, aponta caminhos para uma sadia teologia bíblica de missões.

Ele mesmo diz que quando as missões não são consideradas como fenômeno histórico, mas como comissão divina, a questão de uma base bíblica e teológica da missão passa a ser importante A busca do motivo para a missão no A.T. era somente confinada á indicação de algumas pessoas não israelitas que foram incorporadas a Israel ou que lhe aceitavam a fé.

Para Blauw a teologia de missão, não pode se basear apenas na faixa estreita de alguns textos missionários, mas em todo o testemunho tanto do A.T. como o N.T. O autor inicia sua tese no A.T. mas precisamente em Gênesis 1-11, ele mostra que a criação foi instituída com base no homem e para o homem, mas o homem usou mal esta centralidade e não compreendeu a sua responsabilidade. Inicia então a culposa alienação de Deus.

Todavia em Gn. 12 com a chamada de Abraão e a história de Israel se dá então o começo da restauração da unidade humana perdida e da comunhão quebrada com Deus. Blauw então advoga que a história de Israel nada mais é do que a continuação do trato de Deus com as nações.

Rowley que é citado pelo autor diz que o propósito da eleição é o serviço. Eleição e escolha no A.T., para Israel é usada na forma ativa e não passiva. Na verdade a eleição de Israel não significa a rejeição das nações (Sal.67;86:9) A eleição de Israel não é um acomodamento mas ela tem um objetivo na qual se expressa em serviço "trazer o mundo a Deus". Sintetizando o A.T. juntamente com a figura messiânica que Blauw explica, o autor mostra que nos seus escritos Israel mostra uma mentalidade missionária centrípeta e a atividade missionária centrífuga.

O autor após trabalhar com A.T. nos arremete para o período Inter-bíblico, mostrando que neste lapso ouve uma atividade missionária judaica e que a igreja incipiente adotou e também substituiu. Abrindo a janela do N.T. ele mostra que á uma continuidade entre o testemunho do Antigo e do Novo com respeito as nações, todavia continuidade é bem diferente de identidade, pois o novo distingue do velho mesmo tendo ali suas raízes. No Novo a história da salvação está desabrochando (heilgeschichte).

A vinda de Jesus é de fato o cumprimento da expectação vétero-testamentário e seu sofrimento e ressurreição introduzem uma nova era. Isso deixa claro que Deus não abandonou o mundo, mas continua a sua obra. Assim a proclamação do evangelho é a proclamação da soberania de Cristo sobre as nações, e essa proclamação segundo Blauw é através do Espírito Santo, pois ele garante na Igreja a presença de Deus no mundo e a publicação do evangelho. Cristo é o fim do A.T. e o primogênito da nova criação, o fim de um mundo, e o começo de outro novo.

Ele é o ponto central da história, e a igreja de Cristo durante toda a sua existência é serva do mundo, enviada ao mundo. A comunidade existe para o mundo, porque é a comunidade de Jesus Cristo.

Johannes Blauw nos adverte dizendo para nós não esquecermos de que o grande primeiro motor da pregação do Evangelho não vem de fora (da necessidade do mundo), nem tampouco de dentro (do impulso religioso), mas de cima, como coerção divina (I Cor.9.16-23).

O livro é um clássico da teologia bíblica de missões e é recomendável. Johannes Blauw encerra seu livro trazendo a mente o texto de I Pedro2.9-10, deixando claro a grande responsabilidade da Igreja. "Enquanto é dia a comunidade de Cristo pode e deve proclamar os feitos de Deus".

Livro: A Natureza Missionária da Igreja - Editora ASTE

Resenha feita pelo
Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

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