sábado, 4 de abril de 2009

TEOLOGIA BÍBLICA DO BATISMO CRISTÃO E DA SANTA CEIA DO SENHOR.


Senhor nosso Deus, quando estamos com medo, não permitas que desesperemos. Quando estamos desapontados, não permitas que a amargura tome conta de nós. Quando nosso entendimento e a nossa força se esgotarem, não nos deixes perecer! Que sempre sintamos a tua presença e o teu amor
Karl Barth, 1886-1968 – teólogo suíço

Acreditamos como Igreja evangélica, que os únicos mandamentos que Cristo deixou para Sua Igreja foram o Batismo em Águas e a Santa Ceia do Senhor. Tudo o que foge deste princípio, são considerados como erro doutrinário.


Teologia Bíblica do Batismo


Cristãos não são apenas pessoas boas, são ou supõe-se que sejam pessoas novas - C. S. Lewis

Então, Jesus aproximou-se deles e disse: Foi me dada a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, BATIZANDO-OS em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos ( Mt.28:18-20NVI)

Hoje, vivemos um momento de vertiginoso crescimento no mundo evangélico, quando milhares e milhares de pessoas em todas as partes estão sendo batizadas.
O batismo cristão é um mandamento bíblico a ser seguido e obedecido pela Igreja e pelo cristão autêntico.

O batismo cristão tem sido praticado desde o primeiro século da história da Igreja. Ele não é um ato criado por um homem ou denominação (Igreja), mas uma ordem de Cristo Jesus para a Sua Igreja, conforme está registrado no Novo Testamento, mais precisamente nos livros de Mateus 28.19 e Lucas 22.19.

Louis Berkhof diz que o batismo cristão foi instituído com autoridade divina, logo ele é obrigatório para todas as gerações subseqüentes. Os Sacramentos são rituais que manifestam a graça de Deus aos crentes. Nós, evangélicos, costumamos chama-los de “ordenanças”, que é um sinal exterior e visível de uma graça interior e espiritual.

Segundo a concepção evangélica, existem somente dois sacramentos ou ordenanças emanados de Jesus Cristo: O Batismo em águas e a Santa Ceia do Senhor Na linguagem do reformador Martinho Lutero, esses dois rituais recebiam, pela ordem, os nomes de “Banho” e de “Pão”.

Quanto ao Batismo em águas, ele representa o ingresso do crente na comunhão com a Igreja, e também o compromisso diário com Cristo e com os irmãos da comunidade da fé.

A palavra batizar (do grego baptizõ) significa imergir, mergulhar. Vimos nos evangelhos que os seguidores do profeta João Batista foram batizados dentro do rio Jordão, conforme Marcos 1:5 e Mateus 3:6.

Algumas Igrejas cristãs batizam por aspersão (respingar água), outras por efusão (derramar água), porém é costume da Igreja, desde o primeiro século, batizar por imersão (Jo 3.23; At. 8:36; At. 8.38-39).

A grande maioria da ala evangélica, batiza por imersão, ou seja, mergulhamos a pessoa em água, prática que os teólogos chamam de “Imersionismo”.

No início do ministério de Jesus Cristo, o batismo estava sendo praticado por João Batista, o precursor do Nosso Senhor (Mc.1:2-11; Jo.19:34) e percebe-se que o mesmo tinha duas ênfases:

• Arrependimento do pecado (Mt. 3:2);
• Antecipação à vinda do Reino de Deus e o juízo (Mt. 3:7-12)

O próprio Jesus Cristo foi batizado por João Batista. Porém, temos que entender que Ele foi batizado não porque tivesse pecados, pois a própria Bíblia diz que Ele não tinha pecado. Tanto era assim que João Batista não queria batizar Aquele do qual ele não se considerava digno nem de desatar as sandálias (Mt.3:14).

Todavia, a doutrina bíblica está aí a garantir que aquele ato era necessário. Jesus Cristo teria que ser batizado para nos deixar exemplo, para se identificar conosco e para consagrar ao Pai o Seu trabalho de salvação (Mt. 3:17).

Como Senhor ressurreto, Jesus enviou a Igreja para fazer discípulos e batizar a todos em nome trino do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt. 28:19). Assim, essa é a missão da Igreja: obedecer ao seu Senhor em todas as coisas. E o que se vê é a Igreja procurando ser obediente a esse mandato de Jesus Cristo em toda a sua história.

O batismo nas águas, em si, não tem poder para salvar um indivíduo. As pessoas não são batizadas para serem salvas; ao contrário: elas são batizadas porque já são salvas.

Como o ritual do batismo é uma obediência às palavras de Jesus Cristo, logo ele não pode ser considerado como “preciso ou não preciso” — Ele é um mandamento e não uma opção. (Mc.16:16)

Quando o candidato ao batismo desce às águas, costuma-se imaginar a figura do descer à sepultura ou de um sepultamento. Neste caso, falamos do sepultamento do velho homem, da velha vida, do mundo.

No ato de sair das águas vemos a figura da ressurreição com Cristo, onde a pessoa está partindo para uma nova vida com o Salvador, uma vida cheia de novidades e muito abundante ( Rm. 6:3-8; Cl. 2.12).

Mas, quem deve ser batizado? Segundo o Novo Testamento, somente devem ser batizados aqueles que fazem uma profissão de fé digna de crédito.

A razão disso é que o batismo, que é um símbolo do início da vida cristã, deve ser ministrado apenas aos que, de fato, iniciaram a vida cristã (At. 2:41; 8.12; 16.32-33).

Diante disso, então, quais seriam os requisitos necessários para
uma pessoa conseguir formalizar a membresia na Igreja? Segundo o doutor Ed Hayes, existem essencialmente quatro requisitos:

• Um coração regenerado: É de suma importância entendermos que a regeneração ou o novo nascimento é uma obra do Espírito Santo no homem interior e que essa obra secreta só pode acontecer por intermédio de Deus. O apóstolo Paulo deixa isso claro em Efésios 2:2-10, quando mostra que é Deus quem nos dá vida em Cristo Jesus. Para Hayes, caso a Igreja pretenda manter a sua pureza, é essencial que a sua membresia seja regenerada. Em momento algum a Igreja pode tolerar que sua membresia seja composta de regenerados e de não-regenerados;

• Uma confissão de fé verossímil: Como o batismo é uma ordenança, o batizando deve fazê-lo em obediência à ordem de Cristo, como uma confissão de fé no seu salvador, e não como uma exigência externa;

• Batismo voluntário em obediência a Cristo: Como já foi falado, o batismo nas águas, em si, não tem poder para salvar. Reafirmamos que as pessoas são batizadas, não para serem salvas, mas porque já são salvas. É uma conseqüência. O batismo é a concretização pública do que Deus fez na vida do indivíduo, a expressão exterior daquilo que o Espírito realizou no homem interior. Dessa forma, o batismo não é só um banho de água, mas uma confissão de fé e de amor.

• Vida cristã exemplar: A vida cristã tem o seu nascedouro no novo nascimento, na concretização do batismo e na santificação como caminhada de fé. É de suma importância, para todos os crentes, que a vida cristã genuína seja marcada pelos frutos do bom testemunho. A vida exemplar do cristão é uma marca de que Jesus realmente é o Senhor da sua vida e de que esse mundo não tem mais atrativos para o regenerado.

Logo, o desejo dele é agradar a Deus, vivendo uma vida cristã exemplar, quando o nome de Deus será glorificado na Igreja e na sua vida. Um cristão que se batiza e vive ainda na velha vida, sem a marca do arrependimento, simplesmente participou de um teatro batismal, tomou um banho, mas o seu coração ainda está longe de Deus e de Sua palavra.

Reafirmamos que o batismo é um símbolo externo de uma regeneração interna. Dessa forma, entendemos que uma criança não pode ser batizada, pois ela ainda não reúne condição de crer. A Bíblia diz: “...aquele que crer e for batizado...”

Se o batismo está numa ordem de fé e obediência, uma criança não tem discernimento disso, pois o batismo é uma declaração pública de uma decisão em virtude da regeneração já efetuada pelo Espírito Santo no homem interior. Não existe nenhuma menção de batismo infantil na Bíblia.

A prática do batismo de crianças só apareceu após o período apostólico, sendo que muitas Igrejas evangélicas a praticam da mesma forma que os católicos.

No lado evangélico, eles defendem sua prática infantil apelando para o pacto. Logo, eles ligam o batismo ao ato judeu da circuncisão e a uma regeneração futura da criança, que no momento encontra-se sob a tutela dos pais (Hayes).

A pratica de muitas igrejas evangélicas não é batizar crianças (pedobatismo) mas as apresentar a Deus, pois o próprio Senhor Jesus Cristo disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Mc.10:14).

Para encerrar o nosso estudo sobre o batismo em águas, talvez alguém possa perguntar: E aquelas pessoas que aceitaram Jesus Cristo no leito de morte e não tiveram a oportunidade de descer às águas do batismo?

Neste caso, segundo a sua fé e a obra realizada por Deus nele (regeneração, justificação...), ele é capacitado por Deus para a salvação, pois temos exemplos clássicos na Bíblia, sobre isso (Lc. 23.43).
O batismo tem um significado muito importante, pois é uma confissão de fé em Cristo (Rm. 6:3-4; I Pe. 3:212; At. 8:37). Ele está associado com o reconhecimento público de Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

Então, Jesus aproximou-se deles e disse: Foi-me dada a autoridade nos Céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, BATIZANDO-OS em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos ( Mt.28:18-20NVI)

O batismo também é uma experiência de comunhão com Cristo (Cl 2:12). Para o Novo Testamento, portanto, o batismo é o momento simbólico em que o pecador é unido a Cristo em todo o curso de seu ato redentor: Vida, Morte, Ressurreição, Ascensão e Reino (Gl. 2:20; Ef. 2:5ss). O batismo é uma consagração para se viver para Cristo (Rm 6: 4-22).

TEOLOGIA BÍBLICA DA SANTA CEIA DO SENHOR

Eu não gostaria de chegar á lua, mas gostaria de chegar á porta da casa de meu inimigo. Não gostaria de semear divergências, gostaria antes de ser instrumento de tua paz, Senhor. Dá-me coragem para construir pontes, dá-me coragem para dar o primeiro passo. Faze-me confiar nas pontes que tu constróis, e quando as atravesso, se tu comigo – K. Rommel

Por que eu recebi do Senhor o que também vos entreguei, que o Senhor Jesus na noite em que foi traído, tomou o pão; e tendo dado graças, o partiu e disse”: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Por que, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice anunciais a morte do Senhor, até que ele venha (I CORÍNTIOS 11.23-26).

A igreja de Jesus Cristo, ao longo dos anos, celebra a Santa Ceia do Senhor. Os escritos antigos, como o “Didaquê”, mostra que os irmãos do passado celebravam com fervor, amor e reverência a Santa Ceia do Senhor. Este segundo Sacramento dado pelo Senhor Jesus Cristo é de suma importância para a vida da igreja (Mt. 26.26-30; Mc.14.22-26; Lc. 22.14-23; I Cor. 11.23-29).

A Santa Ceia do Senhor, também chamada de “Comunhão” e “Partir do Pão”, deve ser obedecida por todos aqueles que são nascidos de novo e que tem Cristo como seu único Senhor e Salvador.

Durante a história da Igreja três escolas interpretaram a Santa Ceia de maneira diferente.

• Doutrina da Transubstanciação: Essa doutrina foi adotada formalmente pela Igreja Católica Romana, através do IV Concílio de Latrão (1215), defendendo a idéia de que as substâncias do vinho e do pão transformam-se literalmente no corpo de Cristo (hoc est corpus meum - Isto é o meu corpo).

• Doutrina da Consubstanciação: Essa segunda corrente foi burilada no período da reforma (1500), ensinando que Cristo está presente nos elementos;

• Doutrina Simbólica: Essa terceira corrente diz que a Santa Ceia do Senhor é algo que caracteriza a presença simbólica e espiritual de Cristo.

O teólogo reformado João Calvino advoga esta posição, quando diz que o pão e o vinho simplesmente simbolizam o corpo e o sangue de Cristo. Esse é um sinal visível de que Cristo verdadeiramente está presente.

A maioria da ala evangélica, crê com clareza na “doutrina simbólica”, pois o pão e o vinho simbolizam o corpo e o sangue de Cristo.

Nós cremos piamente que esse mesmo Cristo que se ofereceu em sacrifício por nós está presente na bendita Santa Ceia do Senhor, nos fortalecendo, abençoando, ouvindo o nosso clamor e aceitando a nossa adoração. Pois Ele mesmo disse: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt. 18.20).
Devemos compreender, então, como cristãos genuínos, que a Santa Ceia não é uma opção, mas um “sacramento”, ou seja, um “mandamento” dado pelo Senhor da Igreja aos Seus filhos.

Logo, esse mandamento, que são dois (Batismo e Santa Ceia) devem ser obedecidos, pois a obediência a eles produz benção para o povo de Deus e compreensão do sacrifício de Cristo por nós, na cruz do Gólgata.

A celebração da Santa Ceia do Senhor é um sinal de adoração, agradecimento, recordação, etc., por tudo que Jesus Cristo é, por tudo que Jesus Cristo fez e por tudo que Jesus Cristo faz e fará. Como Cristãos nascidos de novo, devemos sempre glorificar o nome de Deus e dar-Lhe graça por tudo que Ele fez por nós.

A nossa eucaristia, palavra grega que significa “Dar graça”, deve ser constantemente demonstrada quando participamos com alegria e gratidão do “Pão e do Vinho” — a Santa Ceia do Senhor.

A Ceia do Senhor também tem um caráter pedagógico, pois devemos ensinar aos nossos filhos o porquê desse ato em “memória de mim”, glorificando o nome do nosso Deus na visibilidade da sua graça.

Devemos também, como cristãos, entender que a Santa Ceia do Senhor não pertence a nenhum grupo organizado, a nenhuma Igreja, a nenhum indivíduo, etc., mas que pertence exclusivamente ao Senhor Jesus Cristo, pois foi Ele quem estabeleceu e nos ordenou que celebrássemos esse ato em comunhão e em “memória Sua”, pois como diz a Bíblia:

Porventura, o cálice da benção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que participamos não é a comunhão do Corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão ( I Cor.10.16-17).

Com esse ato santo, devemos celebrar a nossa total comunhão uns com os outros e também a nossa total união com Cristo. A Santa Ceia do Senhor pode ser vista numa ação tripartida: passado, presente e futuro. Olhando neste aspecto, enxergamos todo o quadro e o propósito de Deus.

Quando voltamos os nossos olhos para o “passado”, percebemos que a Santa Ceia do Senhor é um memorial segundo a Bíblia (Lc. 22.19; I Cor. 11.24-25), o que nos leva para o Calvário e nos faz ver a morte do Filho de Deus, o Cordeiro Santo, por nós. Sua morte salvífica e Sua redenção é motivo de nos alegramos por tamanha graça imerecida.

No “presente”, a Santa Ceia do Senhor é um ato santo de comunhão com Cristo e com os irmãos, e também uma demonstração plausível do senhorio de Cristo na Igreja e nas nossas vidas, além de ser a celebração da nossa vida de santificação, missão e convicção e adoração, pois o Cordeiro que estava morto ressuscitou e está presente no meio do seu povo (Mt. 18.20; Ap. 1.4-8,18)

No “futuro”, a Santa Ceia do Senhor declara com eloqüência a volta de Cristo (I Co.11.26) “até que ele venha” e também aponta para o grande banquete no porvir, quando todos os servos do Senhor estarão presentes com o nosso Deus, como está escrito no Santo Evangelho ( Mt. 8.11; Lc. 1.22; Mc. 14.25; Lc. 22.18).

Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça (..). E, tomando o cálice e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que já não beberei do fruto da vinde, até que venha o Reino de Deus. E tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lhe dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue que é derramado por vós. (Palavras de Jesus Cristo, narrada por São Lucas 22.7-20)

Edward Bragg disse com clareza: “ Todos os que se assentam em torno da Mesa do Senhor são iguais”. Encerro com a sentença do erudito Langstom que falando a respeito da igreja disse:

A Igreja é a comunidade cristocêntrica ( Cristo é o centro); as suas atividades devem ser inspiradas e dirigidas por Cristo. O motivo é Cristo. O modelo é Cristo. O objetivo é Cristo.


Autor: Pastor Carlos Augusto Lopes – ADI/Tubarão SC/ pastorcarloslopes@hotmail.com

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