sábado, 24 de outubro de 2009

HOMENAGEM A REFORMA PROTESTANTE PARTE II: LUTERO, BUCER E CALVINO: REFLEXÃO E APONTAMENTOS PARA A NOSSA CAMINHADA DE FÉ

O Reformador Martinho Lutero: Reflexões em Mateus 6.19-21 e 26

Por volta de 1500, os fundamentos da velha sociedade medieval estavam ruindo e uma nova sociedade estava surgindo. O frei Agostiniano Martinho Lutero rompeu com a Igreja Romana e deu inicio a Reforma Protestante.

Paul Tillich em seu livro História do Pensamento Cristão comenta o seguinte.

O ponto decisivo da Reforma, e da história da igreja em geral, foi a experiência de um monge agostiniano em sua cela monástica. Martinho Lutero Não apenas ensinou doutrinas diferentes; outros já o haviam feito, como Wyclif. Mas nenhuns dos que protestaram contra o sistema romano havia conseguido romper com ele. O único homem que realmente conseguiu essa ruptura, e com ela transformou a face da terra, foi Lutero (1967,p.209).

Tillich nos mostra que, vários homens precederam Lutero no afã de ensinar doutrinas diferentes do sistema aprisionador papal. Porém, ele foi mas a frente do que eles, ele ensinou doutrinas diferentes e iniciou a reforma protestante.
Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, no sopé da montanha do Harz na cidade de Eislebem. No dia seguinte o menino foi levado a pia batismal, onde recebeu o nome de Martinho, em homenagem ao santo do dia. O reformador Martinho Lutero era filho de um minerador de prata de classe média.

O jovem foi destinado para estudar direito, porém, assustado durante uma tempestade perigosa numa estrada próximo de Erfurt, ele prometeu a Santa Ana tornar-se monge caso fosse livre. Todavia o que levou Lutero a tomar o hábito foi o seu profundo interesse pela própria salvação.

Em junho de 1505, antes de completar os vinte e dois anos de idade, Lutero ingressou no Mosteiro Agostinho de Erfurt. Desgostoso com a Igreja Romana em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou sua 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg.
A vida deste homem não só ficou marcada como reformador mais Lutero foi um grande expositor bíblico. Durante um período de um ano e meio Lutero ministrou todas as quartas feiras na Igreja em Wittenberg o Sermão do Monte.

O comentário do Sermão do Monte proferido pelo reformador protestante Martinho Lutero entre os anos (1530-1532), nasceu quando Lutero exerceu sua atividade pastoral em Wittenberg, substituindo o pastor Johannes Bugenhagen que durante este período estava reorganizando a vida eclesiástica nos lugares que aceitaram a Reforma. Durante um período de um ano e meio todas as quartas-feiras Lutero pregou sobre Mateus.

Nossa exposição sobre essa obra de Lutero que foi publicada no ano 1532, será em Mateus. 6.19-21 e 6.24.

Não se preocupem em acumular riquezas aqui, onde tudo pode estragar-se ou ser roubado. Guardem, sim, coisas preciosas no céu, onde nunca perdem seu valor, e estão livres dos ladrões! Se as riquezas estiverem no céu, o seu coração também estará lá. (...) Vocês não podem servir a dois patrões: Deus e o dinheiro. Porque vocês odiarão um e amarão outro, ou vice versa. (B.V.).

Martinho Lutero começa seu comentário em Mateus 6.19-21, dizendo que Jesus Cristo atacou com veemência esse grande vício chamado ganância.

Lutero tem razão para abordar de maneira enérgica esse ponto que foi tão forte na Igreja Romana. Leão X, o Papa que instituiu as indulgência falando aos Bispos Romano expressou Oh! Quanto dinheiro já nos rendeu a fábula de Cristo.(Just,1983,p.65).

Lutero diz que foi justamente isso que Cristo advertiu seus discípulos em (Mt.10:10) falsa doutrina e a ganância, para ele estes dois pontos corrompem a cristandade e o próprio ministério ( grifo meu). Como pastores numa época globalizada capitalista devemos deixar de lado toda vaidade, interesse monetária e realizar a obra de Cristo em santo temor.

Ora foi justamente esses dois pontos que fez o Monge Lutero romper com a igreja Romana. A Igreja estava corrompida com o sistema e se distanciou por completo da Palavra por causa da ganância e da falsa doutrina e essa era agora a preocupação do Reformador com os irmãos de Wittenberg.

Lutero deixa claro aqui a mordomia sincera do dinheiro que o nosso coração não pode se apegar. Muitas vezes é inevitável o nosso contato com os tesouros desse mundo, todavia se tivermos os nossos olhos fixados no tesouro que estão reservados no céu, desprezaremos esse tesouro aqui na terra.

Lutero considera a ganância como idolatria. Quando Lutero trata de Mt.6.24, na qual Jesus esta falando dos dois senhores ele diz que Cristo emitiu terrível juízo sobre os gananciosos de sua época que queriam ser santos mais era autênticos gananciosos.

Lutero interpreta essa passagem dizendo que assim como esses judeus são os padrecos e clérigos ele diz: Não passam de malandros mesquinhos, que tudo fazem por amor de Mâmon, mesmo servindo a Deus (1994,p.440).
Temos que entender aqui o Sitz In Leben, na qual Lutero estava inserido. Se fosse hoje Lutero não ia só acrescentar os padrecos mais vários pastores. Para Lutero o verdadeiro culto a Deus vem por meio da palavra a isso ele diz:

Porque culto a Deus é apegar-se apenas à sua palavra, com empenho exclusivo. Quem portanto, pretende viver de acordo com sua palavra e perseverar nela, precisa renunciar sumariamente ao deus Mâmon ( 1994,p.441).

Numa época a onde a opulência reinava no coração de muita gente, o reformador Lutero traz uma proposta bíblica-teológica à respeito do dinheiro e Cristo. Lutero não economiza palavras e com veemência denunciou a corrupção reinante.
O pastor Lutero traz para o centro de suas reflexões o Sermão do Monte que estava esquecido na sua época. Seu protesto contra o clero e sua preocupação com a igreja de Wittenberg faz ele encontrar no Sermão proferido por Cristo respostas e caminhos para a Igreja de seus dias seguir.
Lutero era um tipo de líder que não se conformava com o sistema estragado vigente, mais com muita ousadia ele denunciava. Ele não fazia isso na sua força, mas na palavra de Deus ele mesmo disse:

Simplesmente ensinei, preguei, escrevi a Palavra de Deus; não fiz nada. E então, enquanto eu dormia, ou bebia cerveja de Wittenberg com meu Felipe e meu Amsdorf, a Palavra enfraqueceu tão intensamente o papado que nenhum príncipe ou imperador jamais fez estrago assim. Não fiz nada. A palavra fez tudo (GEORGE,1994,p.55).

Lutero tinha a total convicção que a Palavra de Deus era Poderosa para transformar as circunstâncias e trazer uma visão correta daquilo que estava incorreto. Por isso durante o tempo que o reformador passou pastoreando a Igreja em Wittenberg ele pregou essa Palavra Poderosa porque ele sabia que essa Palavra é geradora de transformação. Lutero sabia que o Sermão do Monte é contracultural e não intracultural e por isso que ele sem medo mais confiante em Deus denunciou seus patrícios e o sistema papal opressor.

Martinho Lutero contribuiu muito para o resgate da teologia pastoral. Ele defendeu a tese da “Sola Scriptura’ , ( Somente as Escrituras) “Sola Gratia”, ( Somente a Graça) “Sola Fide”, ( Somente a Fé) “Sola Deo Glória”, ( Somente a Deus a Glória) “Sola Cristo” ( Somente a Cristo) como ensinou o “Sacerdócio de todos os Crentes”
Ele de maneira clássica resgatou princípios que estavam enterrados pelo sistema aprisionador, jorrando luz numa época de escuridão. Lutero também foi um reformulador da música pois ele entendia que a música tinha um valor no resgate da verdade e da espiritualidade sadia .


Martinho Bucer teólogo Pastoral da Reforma (1491-1551).

Ele foi discípulo do reformador Martinho Lutero e professor do teólogo mais fértil da reforma protestante João Calvino. Alguns estudiosos dizem que ele foi o teólogo pastoral da reforma.
Ele identifica quatro tarefas do pastor que precisa estar constantemente no nosso ministério: A) Primeira é que o pastor deve ser mestre diligente das Escrituras Sagradas. B) Administrar os sacramentos. C) participar da disciplina da igreja ( vida, jejum, adoração, penitência etc.) D ) Cuidar dos necessitados .

O pastor no Brasil contemporâneo tem um legado histórico para margear o seu ministério. Os fundamentos lançados aqui por Martinho Bucer é um retornar historicamente para Bíblia. De fato todo pastor hodierno jamais pode colocar nas prateleiras do seu ministério o modismo tão ventilado hoje que carece de base bíblica.
O pastor segundo Deus deve sem dúvida como disse Bucer ser um mestre das Escrituras. É a Bíblia que deve dirigir o seu ministério. É a Bíblia que ele deve pregar no seu púlpito e ensinar o povo. Nada pode substituir a palavra de Deus na igreja e o resgate da verdadeira poemenologia (pastoral) está neste primeiro requisito declarado aqui por Bucer.

Ele também mostra a grande importância de ministrarmos biblicamente o batismo e a santa ceia que são os dois únicos mandamentos dado por Jesus Cristo para a igreja. O líder cristão jamais pode desconsiderar esses mandamentos pois eles foram dados por Jesus Cristo Senhor da igreja. O ensinamento correto dessa ordenança traz benefício para a igreja e glória para Deus

Ele também toca num ponto importante que é justamente a disciplina como meio de crescimento da igreja. A disciplina bíblica jamais pode ser esquecida no tecido pastoral ela é necessária e precisa para a saúde da igreja.
Por fim Bucer diz para nos pastores que o ministério tem caráter integral e deve socorrer os necessitados e aflitos dessa vida. O ministério é prática e misericordioso é bíblico e constante
Martinho Bucer também diz que:

Os pastores e mestre das igrejas que quiserem cumprir seu ofício e manter-se limpos do sangue dos que estão perecendo em seus rebanhos devem não somente administrar publicamente a doutrina cristã, mas também anunciar, ensinar e clamar arrependimento para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo, e qualquer coisa que contribua para a piedade, entre todos os que rejeitam esta doutrina de salvação, mesmo nas casas e com cada um em particular. Pois os ministros fiéis de Cristo devem imitar o pastor mestre e supremo das igrejas, e devem eles mesmos buscar com o máximo amor aqueles que estão perdidos, inclusive a centésima ovelha que se desgarrou do aprisco, deixando para trás as noventa e nove que permanecem no aprisco do Senhor

Esse comentário de Bucer precisa ser refletido em nosso ministério, pois é extraído da palavra do Senhor e tem perdurado durante os séculos. De fato temos uma grande responsabilidade como ministros no Brasil contemporâneo e devemos sem titubear resgatar esse ministério segundo a vontade de Deus em humildade e oração e ajudar o povo de Deus na sua caminhada cristã



João Calvino: Teólogo, Eclesiástico e Pastor ( 1509-1564).

A excelência do ministério pastoral e da vida cristã prática sem dúvida alguma passa pelo caminho reflexivo de João Calvino. Alguns relegam Calvino como um teólogo sistemático, árido, outros dizem que foi um homem que trouxe problemas para o campo eclesiológico em virtude de seus estudos sobre predestinação, soberania de Deus etc.

Calvino de fato nesta geração tem sido esquecido, não citado, não estudado, principalmente nos círculos das igrejas livres não tradicionais não históricas. Os poucos materiais em língua portuguesa “ ad fontes ac fontibus” ( ás fontes e a partir das fontes) de Calvino faz ele um desconhecido entre nós pastores.

Ele é lembrado nos livros de história como Reformador ao lado de Lutero, Zuinglio, Knox etc. mais isso nada contribui para a excelência do ministério pastoral que Calvino tanto se dedicou e amou.
Ele também é mencionado no meio acadêmico da ala teológica brasileira principalmente a reformada, calvinista que nutri no tecido da sua teologia um calvinismo brasileiro.
Fora isso Calvino infelizmente é uma sombra, uma peça de museu teológico, um desconhecido caricaturado pouco lembrado, pouco querido, pouco desejado, pouco estudado, pouco citado.
A igreja hodierna (hoje) fascinada com o pragmatismo, com o receituário fácil de crescimento, superficialidade doutrinária, não tem conhecido Calvino como um homem de Deus, simples, humilde, espirituoso e de uma habilidade e consciência pastoral que eleva o ministério no patamar excelente.

As igrejas históricas no Brasil não tiveram habilidade como receptora da herança reformada de passar a tradição para as igrejas novas. Fossilizaram-se em sua própria denominação e preconceito e esqueceram de contribuir calvinisticamente para a igreja brasileira.
Carlos Ribeiro Caldas Filho, ministro presbiteriano, mestre em missiologia pelo Centro Evangélico de Missões em Viçosa (MG), doutor em Ciência da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo em seu estudo “ Do Lugar dos Estudos em João Calvino na Formação dos Pastores da Igreja Presbiteriana do Brasil”, mostra que os livros sistemáticos de Strong e de Berkoff marcaram toda uma era na estrutura dos pastores presbiterianos no Brasil do que as Institutas de João Calvino.

Ele mesmo diz que os estudos em Calvino foi relegado a segundo plano e muitos pastores conhecem Calvino só de ouvir falar. Caldas ainda diz

A forte ênfase em estudos em teologia sistemática contribuiu para que se conheça pouco Calvino (...). A ênfase em teologia sistemática na formação dos pastores da IPB contribuiu para que Calvino seja pouco estudado e consequentemente pouco conhecido (...). A IPB será beneficiada se enfatizar estudos em Calvino no processo de preparação formal de seus pastores ( Fides Reformata, 1996,p.52-53).

Nosso interesse em Calvino é de cunho poemênico (pastoral) aqui não reside uma teia de “calvinófobos” e nem “calvinólatras”. Desejamos perceber a excelência do ministério cristão na perspectiva dele para a nossa geração.

Estudar Calvino de fato é um pélago prazeroso, pois ele é profundo e no dizer de Barth é uma catarata. Sabemos da limitação equacionada e da complexidade de sintetizar Calvino, todavia a tentativa de olhar para o mestre genebrino é salutar para o (re) descobrimento da pastoral do século XXI e da vida cristã.

João Calvino Teólogo protestante francês nasceu na Picardia, e estudou filosofia na universidade de Paris entre 1523 e 1527. Em 1528, recebeu o grau de mestre em teologia. Em 1536 na Suíça publicou sua grande obra com 26 anos, As Institutas. Calvino faleceu a 27 de maio de 1564, foi um dos grandes teólogos e reformador que sistematizou a teologia.

O teólogo alemão Karl Bart disse que Calvino é uma catarata, uma floresta primitiva, na qual ele se assentaria e passava o resto da sua vida somente com Calvino. (GEORGE,1994,p.164).

Calvino tem tido uma grande influência para a teologia. Seus conceitos e sua lucidez teológica têm ajudado vários teólogos ao longo da história. Alguns pensam que Calvino só tratou a questão da "predestinação", todavia Calvino tem contribuído muito para a teologia pastoral, pois Calvino não foi só um exegeta, teólogo, mas foi pastor e eclesiástico, pois ele fala da igreja em suas Institutas de maneira firme, versa sobre doutrinas centrais da fé, mostra a importância da oração na estrutura pastoral e na igreja e tece comentários profundos nos livros da Bíblia sendo um profundo expositor bíblico e critica de maneira eloqüente os falsos mestres tendo sempre a autoridade das escrituras em punho.

A carreira pastoral de Calvino se deu em Genebra. Ele foi convidado por Guilherme Farel para ajudar estabelecer a reforma protestante naquele lugar. Calvino em 1536, tinha escrito suas Institutas, quatro anos mas tarde ele foi convidado por Farel para ficar em Genebra.

A princípio Calvino estava somente de passagem e recusou o convite feito, porém Farel foi incisivo e até amaldiçoou Calvino e ele entendeu que era um chamado de Deus para a sua vida e aceitou o encargo.
Na cidade de Genebra Calvino pregou, ensinou, visitou, escreveu, organizou a igreja etc. Porém ali na doce Genebra Calvino enfrenta seu primeiro embate pastoral e junto com Farel foi perseguido e expulso da cidade em 1538.

Calvino vai para Estrasburgo e ali é acolhido por Martinho Bucer que convida ele para pastorear os refugiados franceses. Calvino pastoreia essas pessoas durante três anos na qual foi de suma importância para a sua vida. Ali ele casou, perdeu seu filho e ficou viúvo mas com perseverança continuou sua jornada pastoral e acadêmica.
Como pastor sua casa era um lugar de encontro, de refúgio, de aconselhamento, de ajuda, de orientação, de ensino e de conversas. Calvino tinha saúde fraca, debilitada, frágil, mas nada impedia de realizar suas atividades pastorais em Estrasburgo. Ele visitava, escrevia carta, dava estudo, orientava as pessoas, pregava e era muito ativo.

Mais em 1541 pela providência divina João Calvino retorna a Genebra, a Genebra da luta, a Genebra que o expulsou, a Genebra da dor, a Genebra dos dias amargos, a Genebra que Calvino não almejava mais pois se sentia desqualificado de estar ali.

Mas obediente à chamada divina ele retorna para o seu antigo ninho pastoral e quando chega na sua igreja e sobe no púlpito faz questão de abrir a Bíblia na mesma página que tinha pregado seu último sermão.

Agora ali Calvino desenvolve com firmeza, destreza o seu ministério pastoral por mas de vinte anos influenciando profundamente a história da igreja. É bom recordar que Calvino nas suas atividades pastorais viveu uma vida simples.

No início do seu ministério ele passou dificuldades no campo financeiro ao ponto de vender parte de sua biblioteca mas sempre foi fiel ao seu chamado pastoral como pregador, expositor, ensinador, ajudador e articulista da reforma.
Dr. Timothy George em seu livro Teologia dos Reformadores afirma que poucas pessoas na história do cristianismo tem sido tão supremamente estimado ou tão mesquinhamente desprezado como João Calvino.

Timothy tem razão quando diz que Calvino não é um anjo nem um diabo. Ele foi como declarou Lutero para todos os cristãos “ santo e pecador” " simul justus et peccator "(1994,p.167).
Em suas Institutas o reformador João Calvino deixa claro o seu pensamento sobre o ministério pastoral. Ele diz que os pastores de fato devem anunciar o evangelho de Cristo e administrar os sacramentos.

O pastor deve ensinar publicamente e também deve ensinar particularmente conforme diz Paulo (At.20.31). Calvino também salienta sobre a doutrina da disciplina na igreja, pois segundo ele somos atalaias na igreja e não podemos ser negligentes caso contrário Deus irá requerer de nossas mãos o sangue daqueles que pereceram por ignorância ( Ez.3.17,18).
Calvino também dá ênfase ao ministério local e adverte o transito de cá para lá entre os pastores salvo quando uma igreja necessitar da ajuda mútua. Ele diz que cada um deve estar contente no lugar aonde esta “no seu limite”.
O teólogo Timothi George em seu livro Teologia dos Reformadores nos ajuda a compreender a visão de Calvino sobre a Poemênologia. Timothi mostra que para Calvino os temas neotestamentários bispo, ancião (presbítero), ministro, pastor e às vezes mestre, referem- se todos ao mesmo ofício.
Qual é o papel do pastor? Para o reformador é “Representar o Filho de Deus”, “Erigir e estender o reino de Deus”, “Ocupar-se da salvação das almas”, “Governar a igreja, que é patrimônio de Deus” .

Para Calvino cada cidade deveria ter pelo menos um pastor. Para ele a ordenação era um rito solene de instituição ao ofício pastoral, ele referiu a ordenação como um sacramento e admitiu que era conferida graça por meio desse sinal externo.

Para ele os pastores devem ser completamente ensinados nas Escrituras, para que possam instruir corretamente a congregação na doutrina celeste. " Como um pai repartindo o pão em pequenos pedaços para alimentar seus filhos".

Para o reformado a pregação não deve ser apenas sã doutrina mais benefício concreto, ou seja, deve ser prática, aplicável. Calvino de maneira firme e didática diz que o pastor precisa de duas vozes: uma para reunir o rebanho e outra para afugentar os lobos e os ladrões. Para ele o papel disciplinador do pastor exige que sua própria conduta esteja acima de qualquer censura.
Em seu comentário sobre a epístola de Romanos Calvino diz que os ministros devem exercer seu ofício com dedicação e o ensino da palavra de Deus é que forma e instrui a igreja ( Calvino,432-433). Em seu comentário na carta ao Efésios, Calvino traça para nós ministros do evangelho a grande importância do nosso ofício.
Ele declara que o fato da igreja ser governada pela proclamação da Palavra não constitui uma invenção humana, o fato de termos ministros do Evangelho, é um dom divino. Calvino entende que doutrinar é dever de todos os pastores, porém há um dom particular “ mestre”, de interpretar a Escrituras, para que a sã doutrina seja conservada e um homem pode ser doutor mesmo que não seja apto para pregar ( Calvino p. 122)

Calvino diz que ao seu ver os pastores são responsáveis pelo rebanho do Senhor. No seu comentário sobre a epístola aos Hebreus Calvino diz que o escritor ao Hebreus se preocupa com os pastores que exercem seu ministério com lealdade quando escreve para os irmãos ( Hb.13.17).

O escrito aos Hebreus diz que devemos Obedecer e honrar, porém aqueles que são pastores e só possui o título e usam mal o título de pastor e traz vergonha e destruição para a igreja merecem mui pouca reverencia e menos confiança ainda. O ofício ministerial é de tal proporção que envolve as lutas mas renhidas e os perigos mais extremos ( Calvino, p.395-397)

De fato a igreja evangelica brasileira deve redescobrir os pilares da reforma protestante que nada mas é do que voltar para a Palavra de Deus e colocar ela em grande valor no tecido do ministerio pastoral e da vida do cristão normal.


Que Deus Abençoe a todos

Estudo realizado pelo Pastor Carlos Augusto Lopes em homenagem a Reforma Protestante e seu legado para a igreja de hoje

Um comentário:

Anônimo disse...

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