sexta-feira, 29 de julho de 2011

ANATOMIA DA DOR C.S.LEWIS- HOMENAGEM A CIDA PACHECO LOPES

Homenagem da família Lopes a Maria Aparecida Lopes Pacheco.


Pedadoga,mãe,amiga e serva de Deus, que nos deixou com seus 49 anos para morar com Deus e desfrutar das benção conquistadas por Jesus Cristo. Iremos sempre te amar e jamais sairás do nosso coraçào, pois, o tempo jamais pode apagar o amor derramado. Saberemos que um dia iremos todos juntos ao lado de Deus desfrutar de seu infinito amor. Neste escrito eu faço a resenha do livro Anatomia da dor de Lewis. Minha reflexão e análise do livro tem como objetivo ajudar e consolar através de Deus os corações abatidos.


Clive Staples Lewis nasceu em 1898 e faleceu em 1963. No mundo da cristandade ele é conhecido de C. S. Lewis. Ele nasceu na Irlanda do Norte, mas migrou para o país da Inglaterra aonde grande parte da sua vida ele viveu ali. Lewis se tornou um academico renomado e foi considerado como um dos maiores intelectuais do século XX se tornando sem dúvida um dos mais capacitados, respeitado e influente escritor cristao.

LEWIS O HÁBIL ESCRITOR

Em sua vida profissional ele foi um hábil professor e deu aulas nas renomadas universidades de Cambridge e Oxford. Também contribuiu muito em várias áreas do saber como no campo da crítica literária, infantil, ficçao e acima de tudo no campo solene da teologia.

C.S. Lewis escreveu várias obras que contribuíram para o acervo do mundo cristao como “ O grande Abismo”, “Milagres”, Surpreendido pela Alegria”, “O Problema do Sofrimento”, “ Os Quatro Amores”, “ Cristianismo Puro e Simples”, “As Crônicas de Nárnia”, “O Mais Relutante dos Convertidos”, “ O Peso de Glória: Mensagens Para o Homem Moderno”, “ Para Além do Planeta Silencioso” e tantas outras obras importantes que somam quarenta livros que saíram da lavra deste servo de Deus.

A INFLUENCIA DE LEWIS

Sua habilidade em escrever e seu raciocínio lógico misturado com uma espiritualidade sadia tem abençoado de forma rica a igreja crista espalhada em todo o mundo. Seus livros já foram traduzidos para mais de 30 línguas e mais de 200 milhoes de cópias já foram vendidas.

A DOR E SOFRIMENTO DE LEWIS

Em seu livro a Anatomia de uma dor: Um luto em Observaçao, Lewis deixa vazar nas suas entrelinhas suas dúvidas, sua fragilidade, seu desabafo, sua dor, seu desespero, sua solidao em virtude da morte de sua esposa Joy Davidman.Como no mundo dos salmos onde a alma humana é vista na abertura, sem máscara do coraçao e exposta como um pélago de dor para o leitor sacro, em Lewis percebemos esse detalhe de desnudamento frente a crise da vida. Ele nao coloca a máscara do “foi melhor assim”, mas enfrenta o sofrimento e mergulha no caminho solitário do luto e da saudade que o faz arder em dor, explodindo numa anatomia vista, tocada, percebida da alma humana em face a dor e o medo no enfrentamento da solidao que corrói a alma brotando o questionamento e a abertura do coraçao.

O BREVE CASAMENTO DE LEWIS

O casamento de C.S. Lewis, motivo de seu desabafo e fragilidade, expostos em seu livro, foi com a americana “Joy Davidman”, e teve uma duraçao rápida em virtude de sua doença um câncer que se mostrou fatal e que cedo levou ela ao óbito fazendo murchar toda a alegria deste servo de Deus, colocando-o numa masmorra de dor e sofrimento como também de questionamento diante de Deus e dos fatos ocorridos em seqüencia.

O SOFRIMENTO DE LEWIS O ESCRITOR HÁBIL FRENTE A FRENTE COM A DOR

Agora viúvo o erudito cristao enfrenta de frente a dor da separaçao e o duro drama do sofrimento humano que cruza a vida de todas as pessoas na árdua caminhada ontológica.
O Dr. Carlos Cauda analisando o livro de C.S. Lewis nos lembra que antes de acontecer todo esse fato de dor em sua vida Lewis tinha escrito um livro sobre “ O Problema do Sofrimento”. De fato neste livro ele mostra que o sofrimento é o “megafone de Deus”, usado para falar aos seus filhos.

Caudas acentua que neste livro existe uma defesa filosófica da inevitabilidade do sofrimento, porém em “A anatomia da Dor” o vento muda e Lewis escreve a mais sombria de suas obras que no primeiro instante leva o leitor a questionar o próprio autor tamanho é a sua crise, seus medos, seus questionamentos e sua dúvida.

Caudas mesmo afirma que agora em luto em solidao e no estado de viuvez o escrito de Lewis nao é mais uma teoria a respeito do sofrimento, mas um relato sincero de toda a confusao emocional, mental e espiritual experimentada por alguém que perdeu a pessoa amada.

O LIVRO DE LEWIS E O REALISMO DA VIDA

O livro de C.S. Lewis “A anatomia de uma dor”: Um luto em Observaçao é dividido em quatro capítulos que expressam o lamento do autor. Ele é prefaciado pelo brasileiro Carlos Cauda que nos dá uma visao clara do livro fazendo uma análise séria, madura e introdutória.

Em seguida é analisada pela escritora “Madaleine Engle” que faz uma comparaçao do seu luto com o luto do autor na qual se sente grata pelo fato de Lewis expressar em palavras a sua dor e drama aquilo que Madaleine chamou de “grito e crise”.

Na introduçao percebemos seu enteado Douglas Greshan por quem foi adotado em 1956, mostrar para o leitor um relato importante para a compreensao desse servo de Deus. Ele traça um caminho do desabafo de Lewis e diz que ele um homem que escreveu tantas coisas importantes, um cristao dedicado, mergulha solitário no turbilhao de pensamentos e sentimentos instáveis e procurou atordoado, por apoio e orientaçao no fundo do abismo escuro da dor.


A SOLIDÃO DE LEWIS E A DOR DA VIUVEZ

Esses tres pontos aqui mencionados sao importantes considerarmos para nao julgarmos com frieza e aridez a dor deste homem frente o questionamento com Deus.
Lewis nos relata que ninguém disse para ele que o luto parecia tanto com o medo. “Eu nao estou com medo” disse ele: “mas a sensaçao é a mesma agitaçao no estômago, inquietaçao, bocejo, boca seca”.

Com essas palavras inicia o lamento de Lewis que durante todo o percurso do livro nos leva a perceber a fragilidade humana, a crise humana, a falta de fé humana e seu questionamento com Deus. Neste livro o autor “grita se agita” e se mostra cansado na árdua estrada da “solidao e separaçao”.Ele trasborda seu sofrimento e enche o cálice de sua dor. Sua expressao, sua redaçao, seu desabafo e seu pélago de solidao é o realismo de muitos “cristaos” que diante da dor escorrega na areia movediça do questionamento, do sofrimento que insiste em nao querer calar, das pulsantes lágrimas, do medo e da solidao.

HÁ DOR DE LEWIS É A NOSSA DOR FRENTE AO LUTO

Muitos cristaos nao expressam isso em “redaçao escrita”, mas expressam na redaçao do lamento, no silencio da alma em busca de auxílio e compreensao no complexo mundo da hermeneutica dos sentidos.O que vimos aqui é uma interpretaçao da dor que Lewis faz e que muitos cristaos tem medo de fazer.

Na nossa cultura eclesial este tipo de comportamento feito e analisado por Lewis soa como “desvio da fé”, “carnalidade em expressao”, “fraqueza diante do fato novo”. Porém Lewis nao ve assim ele “rasga o seu coraçao”, ele “grita”, e “canta” com maestria a cançao da dor que nao foi entoada em épocas atrás.

Assim como o salmo 137 por um momento Lewis pendura a sua harpa nos salgueiros da dor e da dúvida e num misto paradoxal ele grita e se cala, se abre e se fecha, tem desconfiança mais expressa confiança, tem medo mais é corajoso para rasgar o seu coraçao diante de todos e se despir de seu intelectualismo, de sua fama academica, de sua compreensao teológica e se colocar como voluntário na fila dos angustiados, dos amargurados se matriculando na escola da dor e do luto e aprendendo sem dúvida, com Deus o mistério da vida.

ONDE DEUS ESTÁ?

O autor viveu num mundo de afliçao e padeceu no cadinho da angustia como também da dor física e da visibilidade de ver sua amada sendo tirada dele pelo bravio câncer. A pergunta “onde está Deus?” também é feita por ele num desabafo de dor e lamento. Para ele simples palavras de consolo nao fazem calar a tempestade da dor e da separaçao, por isso ele mergulha num ostracismo de solidao e de angustia.Seu relacionamento com sua esposa sao expressos em versos numa formataçao de amor provado, derramado, vivido, algo que ele nunca tinha experimentado e que agora foi tirado dele deixando seu castelo em escombros.

LEWIS E O DEUS QUE CONHECE TODAS AS COISAS

Lewis relata em sua agonia que Deus certamente nao estava fazendo experiencia com a sua fé e nem com o seu amor para provar a sua qualidade, pois ele já os conhecia muito bem “Eu é que nao o conhecia”. Ele prossegue que nestes casos Deus nos faz assentar no banco de réus, o banco das testemunhas e o assento do juiz de uma só vez.

Lewis afirma que Deus sabia que seu templo era um castelo de cartas e a única forma de faze-lo compreender o fato foi colocá-lo abaixo.Em todo tempo e por traz de sua fala Lewis sabe que Deus age de forma que ás vezes o homem nao compreende e nunca vai compreender e isso no dizer de Blaise Pascal é o “ Deus abscoditus”.

O DEUS CONSOLADOR DE LEWIS

Seu desabafo, sua crise, sua lamuria, seu vazio só encontra abrigo e compreensao no próprio Deus “ Deus Revelatus”, pois ele permite e nos deixa a vontade como pai amoroso de lançarmos nele o nosso desabafo e traumas como também as nossas carencias e impotencias diante do mistério da separaçao e da dor.

ESTOU EM PAZ COM DEUS

Ele encerra seu livro no drama de sua esposa que com serenidade se despede dizendo: “Estou em paz com Deus”, com esse adendo expresso aqui por ele, fica explicitado sua também confiança em Deus, que mesmo em guerra interior concede para nos a sua paz. Seu livro é uma expressao de dor frente ao luto é um realismo humano frente aos escombros da vida.

O REALISMO DA VIDA

Muitas pessoas enfrentam essa realidade em suas vidas. Vários cristaos espalhados por todo mundo tem experimentado a dor da separaçao, da luta, do sofrimento e do luto.Para o público brasileiro é bom expressar aqui que “A Anatomia de uma dor” pode suar em dois tons. Primeiro, para aqueles que compreendem que a vida se processa também no caminho da dor e que a espiritualidade sadia pode ser expressada diante de Deus sem máscaras, sem manto por que somos humanos e Deus nao nos robotiza e nem arranca de nos a nossa humanidade, pois mesmo no Reino de Deus a gente continua sendo gente, que sofremos, passamos por dor, desilusoes etc.

Segundo, o livro de Lewis pode soar como alguém que perdeu a fé e super valorizou seu relacionamento a cima da soberania de Deus, pois suas palavras em tom de desabafo questionam Deus, analisa a dor numa perspectiva puramente humana e nao fundamenta sua crise a luz do Canôm bíblico.

A MATURIDADE E A DOUTRINA DE LEWIS

Para alguns leitores brasileiros que nunca leram C.S. Lewis e seu brilhantismo como cristao comprometido com a ortodoxia sadia da Bíblia pode pensar que Lewis entrou no toboga de um questionamento complexo, infundado, sombrio que sufocou a doutrina do sofrimento na Bíblia e elevou a sua dor acima dos conceitos clássicos do sofrimento.

Uma leitura superficial de Anatomia da dor pode causar espanto em alguns leitores brasileiros principalmente num ponto do livro que Lewis em tom de desabafo e no aspecto cultural arrisca a falar que ora pelos mortos. Isso é algo que a cristandade brasileira rejeita por completo e que deveria ser explicado de maneira mais clara na nota de rodapé, que ficou simplória, manca e rude.

LEWIS EM SOLO BRASILEIRO

A introduçao de C.S.Lewis em solo brasileiro como vários livros dele já publicados em língua portuguesa, deve ser o guisa para lermos com satisfaçao esse seu livro resenhado aqui. O autor deve ser dito aqui é um cristao sério, um teólogo profundo, um erudito cristao que em seu desabafo deixa vazar seus mais profundos questionamentos e quem nao tem questionamento no complexo maravilhoso da vida? Acredito que todos.

A obra de Lewis deve ser vista como a arte dos salmistas de revelar a sua angustia.O mundo dos salmos é o mundo do desnudamento da alma que chora, grita, se assusta, tem medo, se sente solitária e geme. Assim deve ser visto o livro de Lewis numa ótica de desabafo e nao numa discursao teológica, coisa que ele faz com maestria em seus outros livros.

AS PERDAS DA NOSSA VIDA E O DEUS QUE NOS CONVIDA A CAMINHAR COM ELE

Aprendemos aqui que o Deus que nós servimos é o Deus do coraçao e nao da epiderme, é Deus que em seu conhecimento e soberania permite que nós abramos o coraçao para ele e que nesse abrir o coraçao, em nada espanta o soberano do mundo que conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó.

Deus sabe que as perdas fazem parte da nossa caminhada no complexo da nossa vida e por isso como um pai amoroso ele inclina seus ouvidos para ouvir a nossa dor, o nosso lamento, o nosso desabafo, as nossas crises, os nossos medos, pois fazendo assim Deus se mostra como pai que “cuida, que olha, que supre, que nutri” mesmo sabendo que neste momento de dor nossos olhos estao sombrios, lagrimejoso e ansioso por consolo e afago.

Pastor Carlos Lopes
Teólogo

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