segunda-feira, 29 de março de 2010

AO REDOR DA MESA DO SENHOR: UMA REFLEXÃO PRÁTICA DA SANTA CEIA.

TODOS OS QUE SE ASSENTAM EM TORNO DA MESA DO SENHOR SAO IGUAIS (E.BRAGG)

Nesta noite estamos diante da mesa do Senhor que é a Santa Ceia. Ela é marcada por dois elementos importantes “ O Pão e o Vinho”, que representam o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo. Neste sentido entendemos a santa ceia nao como transubstanciação como querem os romanistas e nem como consubstanciação como ensinam o luteranistas mais cremos que o pão e o vinho sao símbolos que formam o âmago do mistério revelado " Chisto Deo Salvatori"

Antes de Instituir a Santa Ceia e de morrer na cruz do calvário por nós o Nosso Senhor Jesus Cristo e seus discípulos comeram a refeição pascal. Todo o povo de Deus durante, décadas, séculos e milênio tinham que comer a refeição pascal como ordenança divina.

No Antigo Testamento precisamente no livro de Êxodo 12 vimos Deus Instituindo a Páscoa:
1) Antes de Deus realizar o livramento do seu povo que durante 430 anos ficou escravo no Egito.
2) Antes de Deus abrir o Mar Vermelho por intermédio de Moisés
3) Antes de Deus dar para eles o Maná que iria sustentar aquele povo no deserto durante 40 anos
4) Antes de Deus dar para eles água que brotava da rocha,
5) Antes de Deus dar para eles as Tábuas da Lei os 10 Mandamentos que iria reger toda aquela nação,
6) Antes de Deus dar a terra prometida para eles.

Deus disse que eles deveriam entrar nas suas casas trancar as portas e se assentar ao redor da mesa para comer a refeição pascal. Alguns estudiosos remontam o Exodo e afirmam que eles comeram em pé numa forma de pressa mais isso mais tarde foi mudado.

Toda aquela refeição e seu preparo tinham símbolos importantes para o povo de Deus e também para a Cristandade. Com isso Deus estava mostrando para Eles e para nós que Ele é o Deus Todo Poderoso e que nada é impossível para Ele.

1) O Cordeiro não poderia ter defeito e tinha que ter a idade de um ano
2) O Cordeiro tinha que ser morto e seu sangue tinha que ser aspergido nas vergas das portas como proteção
3) O Cordeiro tinha que ser assado inteiro e tinha que ser comido por todos
4) O Cordeiro era servido com ervas amargas e com Pão Asmo e eles tinham que fazer aquela refeição vestidos para a viagem.

Todo o Povo de Deus que obedeceu esse mandamento de se assentar ao redor da mesa para se alimentar e em suas portas estivessem a marca do sangue do cordeiro foi poupado da morte que assolou naquele noite o Egito. Enquanto lá fora havia julgamento de Deus com o Anjo da Morte e com isso havia tristeza, dor, sofrimento e desespero na casa do povo de Deus havia vida, proteção, refeição e cuidado.

Em toda a Bíblia quando vimos pessoas ao redor da mesa se confraternizando e se alimentando elas são abençoadas por Deus.

Isso ocorreu com Abraão (Gn.18.1-15) que preparou uma refeição nos Carvalhais de Manre para três pessoas desconhecidas. Ele não sabia mais o próprio Deus estava ali e Abraão e Sara foram abençoados ao redor da mesa com um filho chamado Isaque. É verdade que existe refeição com caracteres dúbio, sem sentido, sem propósito que não glorifica a Deus.

O apóstolo Paulo escreveu para os Coríntios e tocou nesta nota censurando seus banquetes desfocado do verdadeiro significado da Mesa do Senhor que é a santa ceia.

O próprio ministério de Jesus Cristo foi marcado por encontros ceaticos no sentido que Jesus sempre cruzou a linha da comunhão e participava de banquetes e refeições que ao longo do seu ministério foi marcante tanto no ensino clássico parabólico como na vida prática do desenvolvimento do seu ministério de cidade em cidade como afirma o Evangelho de Lucas.

Por isso que as pessoas que são hospitaleiras são as pessoas mais abençoadas na Bíblia. É ao redor da mesa tanto do Senhor como da minha casa que somos abençoados fortalecendo amizades, se aprofundando na comunhão e se alimentando de Cristo. Eugene Peterson resumiu isso em tom teológico dizendo que o "Comum" e o "Miraculoso" estão numa única linha contínua.

O livro de Mateus deixa isso claro quando o próprio Jesus Cristo obedecendo os mandamentos de Moisés ( Ex.12.14,17,42) convoca os seus discípulos para preparar a Páscoa que nada mais era do que uma Refeição ao Redor da Mesa que relembrava o que Deus fez em favor do seu povo livrando eles das garras de Faraó e de seu sistema hermética, calculista e escravatório.

A Refeição que Jesus Cristo fez com os seus discípulos antes de morrer na cruz e ressuscitar ao terceiro dia era sinônimo de comunhão que devemos ter uns com os outros. Os 12 apóstolos estavam reunidos no cenáculo. A santa ceia não é individual ela é relacional e esta relação tem dois anglos. O Primeiro é o nosso relacionamento com Deus e o segundo e o nosso relacionamento com o próximo.

No Evangelho de João no capítulo 13 Jesus Cristo percebendo o individualismo árido dos discípulos faz o serviço do servo comum e lava os pés de cada um deles demostrando serviço, modelo, comunhão e exemplo. Richard Fooster delineou este ato com o símbolo cristológico do serviço cristão que é a "Bacia e a Toalha".

Gregory Dix pastor anglicano, apresentou, em agosto de 1941 um exposição sobre a Santa Ceia do Senhor nos Evangelhos. Ele observou que a refeição eucarística apresenta "Quatro Verbos" que Jesus Cristo sempre usou nos Evangelhos e agora usa aqui na Santa Ceia.

O Evangelho de Marcos diz:

E, enquanto comiam, tomou (LABON), Jesus um pão e , abençoando-o ( EULOGESAS), o partiu ( EKLASEN) e lhes deu ( EDOKEN), dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. A Seguir, tomou Jesus um cálice e , tendo dado graças, o deu aos seus discípulos; e todos beberam dele. Então, lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos ( Mc. 14.22-24)

1) Tomar
2) Abençoar
3) Parti
4) Deu

Esses quatro verbos “TOMAR, ABENÇOAR, PARTIR E DAR”, aparece em varias partes da Bíblia. Como por exemplo na Multiplicação dos Paes (Mc.6.41). Na refeição em Emaus com os dois discípulos um de nome Cleopas. ( Lc.24.13-35)

Também escrevendo para a Igreja de Coríntios o Apóstolo Paulo também usa esses verbos para coroar a Santa Ceia do Senhor ( ICor. 11.23-27). O apóstolo num ato fidedigno entrega para a Igeja o que ele também havia recebido.

Em forma teológica e prática esses quatro verbos tem haver com a igreja, com a vida de Jesus Cristo e também com a nossa vida. Cada um obedecendo os seus critérios escriturístico e contextual. (Sitz in Leben)

A Santa Ceia o ato do Pão aconteceu literalmente na vida de Jesus Cristo. Isso não é transubstanciação mais plano e ação Divino.

1) Jesus Cristo é o Pão da Vida. Ele Estava nas Mãos de Deus. Deus o Tomou seu Filho em suas mãos.

2) Jesus Cristo foi Abençoado por Deus. Deus é o único que pode abençoar


3) Jesus Cristo foi Partido por Deus. Na cruz como um pão ele foi assado por Deus, ele foi partido, sofreu, derramou seu sangue para nos salvar

4) Na cruz Deus Deu seu Filho para o mundo dando salvação e vitória. A Bíblia diz: "Por que Deus amou o mundo de tão maneira que DEU seu filho para todos aqueles que nele crer não pereça mais tenha a vida eterna".


Assim também é a igreja. Deus Toma a sua igreja em suas mãos, e livra de todo o mal. Esta igreja esta nas mãos de Deus. Como o pão estava nas mãos de Jesus.

Deus abençoa a igreja com toda a sorte de benção em Cristo Jesus e as portas do Inferno não prevalece contra a igreja do Senhor.

Deus trabalha na igreja. Ele parti a igreja não no sentido caótico do divisionismo excentrico mais na dinamica salutar do "oleiro e o vaso". Passamos por lutas, dificuldades, sofrimento, por que Deus esta trabalhando em nossas vidas não para nos destruir mais para que sejamos sal da terra e luz para o mundo. A teologia do sofrimento tem fundamento cristológico, soteriológico e eclesiológico. O proprio teólogo do século V Aurélio Agostinho afirmou com maestria a teologia do sofrimento dizendo:

" Deus teve apenas na terra um Filho sem pecado, mas nenhum sem sofrimento". Ele estava se referindo ao sofrimento do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A.W. Tozer falando sobre isso diz que Deus só usa um homem quebrado. Ele estava se referindo ao agir de Deus em nossas vidas em todos os seus anglose formatos.

Deus também envia a igreja para o mundo. Assim como Jesus Cristo foi dado ao mundo assim a igreja deve estar no mundo pregando o evangelho, dando glória a Deus e sendo uma benção. A igreja é chamada para glorificar a Deus "Soli Deo Glória", mais também para servir ao mundo. Ela tem uma missão que é a "Missio Deo", ou seja a missão de Deus em todos os seus contornos.

Assim somos nós também. Somos como Pão nas mãos de Jesus Cristo. Ele nos Toma nas mãos, ele nos abençoa, ele nos parti e ele nos envia. Peterson nos lembra que lançando mão dos verbos "tomar, abençoar, partir, e dar", Mateus, Marcos, Lucas, João e Paulo relatam como Jesus alimentou os milhares, os doze e os dois, para estruturar a ceia pela qual lembramos e anunciamos Cristo e a salvação. Ele avança motrando a importancia da hospitalidade cristã usado o poema teológico de Dorothy Day que diz:

"Não podemos amar a Deus a menos que amemos uns aos outros e, para isso, precisamos conhecer uns aos outros. Conhecemos o Senhor no partir do pão, e nos conhecemos uns aos outros no partir do pão, e não estamos mais sozinhos. O Céu é um banquete, mesmo que feito com um naco de pão".

Que Deus nos ajude a comprender a sua Palavra em santo temor. Devemos sempre confiar em sua doce providencia como expressou Martinho Lutero: " Não conheço o caminho por onde Deus me conduz, mas conheço muito bem o meu guia".


Pregação realizada na ADI/ Tubarão/ SC
Pelo Pastor Carlos Augusto Lopes

Para um aprofundamento desta temática consulte o livro
" A Maldição do Cristo Genérico - A Banalização de Jesus na Espiritualidade Atual" Dr. Eugene H. Peterson

Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

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