sexta-feira, 16 de novembro de 2007

OLHA O AVIÃONZINHO: A DITADURA DO ABSURDO E O REALISMO DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU).

Quando os filhos não querem comer, os pais brincam de aviãozinho e felizes dizem: “Olha o aviãozinho meu filho”. Outro dia deste peguei do quarto do meu filho dois aviãozinho de brinquedo e coloquei na sala de televisão como decoração.

Eu, nunca vou esquecer a primeira vez que fui andar de avião, estava em Belo Horizonte, num curso de escritores da Editora Betânia. Para mim foi uma sensação de “medo” e de “satisfação” como também de “reflexão” e “oração”.

Medo” por que quando ele começou a subir me deu um tremendo calafrio na barriga. “Satisfação”, por que estava tendo minha primeira experiência dentro daquela nave. “Reflexão”, por que percebi a capacidade humana de construir aquele enorme avião e “oração”, por pedir a Deus que aquele avião pomposo não caísse.

Outro dia deste o mundo ficou abismado com o maior avião do mundo A380 que foi fabricado pela Airbus. O vôo de inauguração foi um glamour e custou 100 mil dólares, na cabine havia cama de casal, vinho a vontade e toda a regalia que um rico pode ter.

Santos Dumont, o pai da aviação que voou e encantou o mundo com seu 14 Bis, se estivesse vivo iria ficar pasmo com este maior avião do mundo A 380 fabricado pela Aibus e iria ficar arrepiado em saber que o bilionário príncipe saudita Wald Bin Talal Bin Adbul Aziz Al Saud, comprou para o seu uso particular este avião que custou para ele mas de 320 milhões de dólares.

Com isto o bilionário saudita mostrou para o mundo que a brincadeira “ Olha o aviãozinho’, pode ser ressuscitada a preço de ouro ou de muito petróleo. Os críticos de plantão dizem que isto não custou nada para o saudita de fato para ele foi uma bagatela em virtude de sua bilionária fortuna. Seria talvez como um brasileiro comprar em 1.99 um aviãozinho de plástico para os seus filhos.

Bem, se achávamos que foi uma fortuna os ricos pagarem 100 mil dólares para andar no avião inaugural, com esta atitude do príncipe esses 100 mil dólares são como moeda de um centavo comparado com sua mina interminável.

Essas expressões de arrojos bilionários, nos levam a reflexão da ditadura do poder e da falta de percepção do mundo. Enquanto milhares e milhões de pessoas morrem de fome o príncipe quer brincar de aviãozinho. Enquanto milhões de pessoas estão na linha da miséria o príncipe quer brincar de aviãozinho, enquanto milhões de pessoas não tem moradia, não tem teto, não tem pão, não tem segurança, não tem orfanato, não tem esperança o príncipe saudita brinca de aviãozinho.

Pois bem, acredito que sua mãe nunca brincou de aviãozinho com ele quando era criança, por que se brincasse talvez este dinheiro todo ele poderia ajudar aqueles que ainda morrem de fome, que ainda estão sem teto, que ainda andam pelo vale da sombra da morte.

De fato está certo Jesus Cristo quando disse: "Que adianta o homem ganhar o mundo todo e perder a sua alma"?, Que adianta ajuntar tesouro aqui na terra onde os ladrões roubam, pois quem der um copo de água para um dos meus pequeninos a mim está dando.


Que a brincadeira de aviãozinho seja somente entre as crianças e não entre os marmanjos bilionários que não sabem onde colocar o dinheiro, se eles precisarem de um conselho para colocar o dinheiro convido a conhecer a pobreza da África e de vários países pobres aqui na America Latina e tantos outros lugares que iriam ficar muito mas satisfeito com o estômago cheio do que ver um avião lá bem longe voado como já apelidaram como o "Palácio Voador".

Para uma refrescada na memória da ditadura da fome e do absurdo milionário a ONU, mostra para nos a realidade do mundo que vivemos e o descaso dos ricos como sinaliza O Globo Online.

Se os países ricos cumprissem a promessa de investir 0,7% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em ajuda ao desenvolvimento, mais de 500 milhões de pessoas poderiam sair da miséria e dezenas de milhares escapariam da morte na próxima década.

Essa é a principal conclusão do relatório "Investindo no Desenvolvimento: Um Plano Prático para Atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio", divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que já é considerado o maior estudo da História já realizado sobre a pobreza no mundo.

Os dados do relatório são dramáticos, como os que mostram que 11 milhões de crianças morrem a cada ano de doenças que poderiam ter sido evitadas; mais de um bilhão de pessoas no mundo vive com menos de US$ 1 por dia; 840 milhões de pessoas vivem com fome crônica; e outro bilhão não tem acesso à agua potável.

O estudo foi elaborado por 265 especialistas liderados pelo economista Jeffrey Sachs, diretor do Instituto da Terra da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e nasceu em 2002 com a iniciativa da ONU de propor ações para que seja alcançado o objetivo de reduzir à metade a pobreza do mundo até 2015, o que todos os países se comprometeram a fazer ao assinar as Metas do Milênio, em 2000.

Para alcançar os objetivos das Metas do Milênio da ONU, será necessário a partir do próximo ano um investimento de US$ 135 bilhões anuais, que deverá crescer até US$ 195 bilhões em 2015, segundo o relatório. Para efeito de comparação, os governos do mundo gastam US$ 900 bilhões ao ano em armas.

"Não é nada utópico. É perfeitamente realizável", disse o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Segundo o estudo, os países de renda média, como Brasil, China, Malásia, México e África do Sul, têm condições de acabar sozinhos com seus bolsões de miséria e podem ajudar as outras nações da Ásia e da África a sair da pobreza.

Segundo Jeffrey Sachs, "o mundo tem tecnologia e know-how para acabar com a pobreza no mundo". "Como está, o sistema não está funcionando. Há uma enorme preocupação com a paz e a guerra, mas uma preocupação muito menor com a pobreza e com os necessitados. Não estamos sugerindo que os países dêem um centavo a mais do que se comprometeram a fazer.

Não estamos exigindo nenhuma promessa nova. Se for cumprido o combinado, a nossa geração pode acabar com a miséria no mundo", afirmou Sachs, lembrando que apesar de serem os mais ricos do mundo, os americanos só investem 0,15% do PIB em ajuda aos pobres.

Além dos Estados Unidos, Japão e Alemanha, para citar apenas alguns, estão longe de investir em ajuda ao desenvolvimento o que prometeram. Só cinco dos 22 países ricos estão dedicando 0,7% do PIB em ajuda às nações mais pobres: Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Holanda e Suécia. Outros seis - Bélgica, Finlândia, França, Irlanda, Espanha e Inglaterra se comprometeram a alcançar a meta em 2015.

"Os US$ 135 bilhões necessários em 2006 para cumprir os objetivos das Metas do Milênico empalidecem ao serem comparados com os US$ 30 trilhões movimentados na economia das nações desenvolvidas, sendo que US$ 12 trilhões só nos Estados Unidos", disse Sachs, argumentando que só deveriam ter assento no Conselho de Segurança da ONU as nações cumpridoras do compromisso de destinar 0,7% do PIB ao combate à pobreza.
O diretor gerente do FMI, Rodrigo Rato, reiterou o compromisso da organização de contribuir com as Metas do Milênio.

Que Deus tenha misericórdia de todos nós e que as injustiças abram alas para a justiça e que as arrogancias abram alas para a humildade e que o individualismo abram alas para a fraternidade e que o consumismo excêntrico abram alas para a ajuda mútua, pois de fato devemos amar a Deus e também o próximo.

Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

OS DOZE APÓSTOLOS DE JESUS CRISTO.

Portanto, Ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mateus 28.19)

Há história da Igreja pouco fala do paradeiro dos apóstolos após a morte do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. De fato alguns apóstolos são fartamente mencionados outros são poucos citados em virtude da escassez de fontes confiáveis.

A Bíblia de fato é a nossa primeira fonte quando queremos resgatar de maneira sintética a vida desses homens de Deus. O Evangelho de Lucas deixa isso clarificado para todos nós quando diz:

“ E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos":

"Simão, a qual também chamou de Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor"( Lc.6.12-16)

A listagem dos Apóstolos de Jesus Cristo, também é encontrado no Evangelho Segundo escreveu Mateus ( Mt.10.1-4), como também no Evangelho segundo escreveu Marcos (Mc.3.13-19).

O livro de Atos dos Apóstolos também narra para nós a listagem dos apóstolos após a ressurreição e ascensão de nosso Senhor Jesus Cristo todavia o historiador Lucas não menciona o apóstolo Judas Iscariotes que traiu Jesus Cristo ( At.1.13).

Lucas o historiador canônico mostra em primeira mão qual foi o paradeiro de Judas Iscariotes em sua narrativa sobre o inicio da igreja ( 1.15-20). Em seguida o próprio Lucas historiador preciso mostra que o colégio apostólico escolheu Matias em lugar de Judas o traidor (At.1.22-26). Em Atos dos Apóstolos, Lucas narra à conversão do Apóstolo Paulo (At.9.) e mostra que ele foi apresentado aos apóstolos pelo Servo Barnabé ( At. 9.27).

O próprio Apóstolo Paulo em uma das suas cartas mas antigas, nos diz que quando esteve em Jerusalém no inicio daquele movimento santo não encontrou muitos apóstolos ali a não ser Pedro na qual ficou com ele 15 dias e também Tiago, irmão do Senhor (Gal.1.17-19). O apóstolo dos gentios diz que conheceu Tiago, Cefas e João e acrescentou dizendo que eles eram considerados como colunas (Gal.2.9).

Todavia vimos que o Apóstolo Paulo nesta narrativa não cita os outros Apóstolos, alguns historiadores cristão dizem que muitos dos apóstolos já não estavam mas em Jerusalém e seus paradeiros eram incertos.

Os únicos dois apóstolos que a Bíblia narra a sua morte é justamente o de Judas Iscariotes que traiu Jesus Cristo e se enforcou (Mt.27.1-5) e o apóstolo Tiago que foi executado por Herodes por volta do ano 44 D.C ( At. 12.2). Os outros apóstolos a Bíblia fica em silencio.

Neste sentido somos obrigados a apelar para a tradição da igreja para sabermos ao menos onde esses homens de Deus estiveram. O relato Bíblico não nos permite fazer ponderações em torno disto, porém recorreremos à história da igreja e a tradição eclesiástica como caminho de descoberta para chegarmos até esses homens de Deus.

O próximo estudo falaremos do paradeiro dos apóstolos: Vida, Ministerial e Morte

Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O MOTIVO MEU DEUS

O motivo meu Deus para querer-te,
Não é o céu que me tens prometido, Nem o inferno tão temido
O motivo para deixar de ofender-te.
O Senhor é o meu motivo.

Motiva-me ao ver cravado na cruz escarnecido,
Motiva-me as tuas afrontas e a tua morte,
Motiva-me em fim o teu amor de tal maneira,
Que ainda que não houvesse céu eu te amaria.
E ainda que não houvesse inferno te temeria.
Nada tens que me dar, porque te quero,
Pois se o que espero não esperasse
O tanto que te quero te quereria.

JOÃO DA CRUZ
SÉCULO 17

Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

UM OLHAR DE COMPAIXÃO PARA OS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS: PROPOSTAS E CAMINHOS PARA UMA PASTORAL DE CUIDADO.

Nosso trabalho sobre o cuidado pastoral para os portadores de necessidades especiais é de suma importância para a igreja que há séculos vem esquecendo essa verdade pulsante.

Como igreja brasileira precisamos abrir os nossos olhos para os excluídos da sociedade de consumo pós-moderna e esse abrir os olhos passa pelo caminho da compaixao e da inclusao como também um caminho para uma pastoral da dor em meio os dramas da vida.

Nossa proposiçao tem como foco uma proposta justa para essa lacuna em muitas igrejas sejam elas históricas ou pentecostais. Iniciaremos nosso trabalho mostrando o ostracismo de uma pastoral para os portadores de necessidades especiais no complexo de uma eclesiologia contemporânea.

Em seguida trabalharemos com dois personagens que ao longo dos seus ministérios desenvolveram uma pastoral de compaixao que serve de modelo para repensarmos a nossa caminhada. Olharemos para Henry Nouwen e seu despojamento em busca da compreensao do outro e esse outro sao pessoas deficientes que precisam ser amadas na doce e amarga caminhada da vida.

Depois olharemos para Camilo de Lelles que viveu no século XVI no ardor da reforma protestante e do Concílio de Trento. Longe das questoes teológicas que marcaram aquele período Camilo de Lelles seguiu uma estrada nova em sua época entregou a sua vida a cuidar de doentes, pessoas excluídas, mal amadas, abandonadas e rejeitadas pela sociedade. Em seu despojamento Camilo deixou um exemplo da práxis de uma pastoral de cuidado em meio ao caos.

Em seguida estaremos focando nossa visao de maneira sintética na pessoa de Jesus Cristo e os portadores de necessidades especiais como um caminho para uma pastoral marcada pela paixao e pelo cuidado.

Encerraremos com uma proposta de cuidado pastoral através da análise de Ana Paula Costa, pedagoga crista que trabalha com deficientes mentais na Apae de Santa Catarina.

Como em todas as épocas os portadores de necessidades especiais lutam com o gigante Isbi Benobe do preconceito, da falta de respeito, dos maus tratos, da falta de um programaçao justa que inclui a todos dando espaço para todos no vasto mundo humano.

Nossa argumentaçao em mostrar alguns pontos esquecidos pela ala evangélica nao é colocar o dedo na ferida dos eclesianos mais trazer a tona um erro histórico que precisa ser corrigido pela igreja de Cristo na luz do Evangelho e da contextualizaçao.

Geralmente o máximo que as igrejas cristas fazem é uma pista para os cadeirantes ter acesso ao templo, culto para os surdos, bíblias em braile para os cegos etc. Tudo isso é importante mais falta de fato um programa pastoral para essas pessoas que como Adam sao amados por Deus e nao podem ser esquecidos pela igreja.

É verdade que muitas igrejas tem levado esse programa a sério mais a realidade mostra o quanto estamos omissos no que tange essa temática. Que Deus nos ajude nesta tarefa de glorificar o seu nome entre os necessitados e portadores de deficiencia especiais.

Há algum tempo através eu e minha esposa fiquemos profundamente impressionados com a palestra do Professor Stevem Dubner um dos melhores palestrantes do Brasil que trabalhou o tema “Nao sabendo que era impossível ele foi lá e fez”.

O auditório da Universidade ficou perplexo em ver em Stevem um profundo amor pelos deficientes físicos como também sua proposta apaixonante por cada um deles. Seu foco sua missao seu dinamismo e sua visao impressionou a todos que estavam naquela noite na Universidade do Sul de Santa Catarina.

Steven Dubner ministra em empresas, escolas, universidades etc. e sua palestra é considerada entre os maiores empresários brasileiros e associaçoes de RH como uma das 10 melhores palestras em todo o Brasil. Com uma experiencia de mais de 25 anos com o esporte adaptado ele foca a grande importância da inclusao e da habilidade dos deficientes físicos.

Steven mostra que podemos através do incentivo e de uma visao clara transformar frustraçoes, decepçoes desafios oriundo de um preconceito numa sociedade niilista, narcisista, capitalista e excludente principalmente com os necessitados e portadores de deficiencia especiais em oportunidades para formar atletas que vencem tanto no campo do esporte adaptado como no campo da vida. Stevem deixa claro sua paixao em realizar seu trabalho com os deficientes físicos.
Ele já palestrou mais de mil vezes em todo o Brasil e fora do Brasil e o que impressiona em sua obstinaçao é que suas palestras de consciencia, alerta, motivaçao e realismo nao é um exibicionismo nem um estrelado. Toda a verba arrecada com o brilhantismo de suas palestras sao revertidas para a compra de cadeiras de rodas e para a Associaçao Desportiva para Deficientes.

Como pastor fiquei pensando que esse deve ser o papel da igreja que é sal e luz para o mundo. Ela mais do que ninguém deve ter um acento permanente na causa dessas pessoas criadas a imagem de Deus. Fico refletindo aonde esta a igreja diante dos gritos dos excluídos que precisam urgentemente de esperança messiânica de ouvir as boas novas do evangelho.

Nossa pastoral em tom eclesiano nao tem olhado para o realismo dos necessitados e portadores de deficiencia especiais. A igreja brasileira caminha em passos lentos para esse ministério de compaixao e justiça. Os pastores, seminaristas etc ainda vivem num ostracismo de uma pastoral de cuidado integral para com esse tipo de verdade ontológica.

A igreja tem se preocupado com tantas coisas e as vezes nao consegue se desvencilhar de sua aridez teológica, seu clericalismo, seu denominacionalismo suas estratégica de programas que sao voltados para “dentro” numa manutençao doentia de segurar a membresia alimentando o status quo eclesiástico.

As muitas programaçoes eclesiásticas os frenesis cristaos voltados para o céu, para o meu bem querer e para as necessidades humanas tem desfocado a igreja de olhar para o mundo e perceber que ao redor dela existe uma grande multidao de pessoas vivendo em estado de sofrimento, miséria física-emocional, social-espiritual e que essas pessoas precisam urgentemente ouvir o Evangelho de Cristo.

Grande é o número dos necessitados e portadores de deficiencia especiais que estao clamando “ passe a Macedônia e nos ajude”, se formos obedientes como o apóstolo Paulo que diante deste fato foi em busca dos necessitados abandonando todo o seu projeto inicial ou persistencia racionalista iremos também nos deparar com o amor de Deus sendo derramado para essa gente como foi derramado em Filipos nos primórdios da igreja em Atos dos apóstolos no capítulo dezesseis.

É claro que diante de um fato novo e urgente as barreiras se levantam, as lutas e perseguiçoes se agigantaram mais como Paulo e sua equipe devemos ser fiel ao chamado e a vocaçao para uma pastoral de cuidado.

Jesus Cristo modelo para todo ministério pastoral e também para a pastoral eclesiológica que nao inclui somente os ordenados mais todo o povo de Deus “ laos Dei” e isso é salutar pensarmos assim pois é sem dúvida o redescobrimento reformado do sacerdócio de todos os crentes que nao visa somente o clero mais todo o povo no entroncamento da vida e do dia a dia da ontologia humana ele o filho de Deus se deparou e se encontrou com deficientes físicos, deficientes visuais, deficientes auditivos etc. e nao ficou indiferente aos seu dramas mais num olhar de compaixao estendeu a mao em forma de cuidado e amor.

Jesus Cristo é um protótipo de amar aqueles que pouco sao amados, de incluir aqueles que sao excluídos, de dar esperança aqueles que em virtude de seu problema perderam a esperança a utopia e o sonho. No caminho da cruz de Cristo surge uma proposta urgente para a igreja no que tange o cuidado pastoral para os necessitados e portadores de deficiencia especiais que é a imitaçao de Cristo como diz Tomás de Kempis “ Sao as palavras de Cristo que nos exortam a imitarmos sua vida e costumes, se verdadeiramente quisermos ser iluminados e livres de toda a cegueira de coraçao ”.

É no tecido do ministério de Jesus Cristo que brota a verdadeira cristologia que nao é somente uma verbalizaçao academicista mais um pélago encarnacional, relacional de uma práxis de compaixao e exemplo integral. A igreja de Cristo deve compreender a sua responsabilidade neste aspecto aqui mencionado.

Ela nao deve fugir da sua responsabilidade espiritual de anunciar o evangelho todo para todas as pessoas em todo o tempo e em todo lugar como sinaliza o pacto de Lausanne. A igreja de Cristo nao deve jamais se esconder no manto do descaso social como fez Jonas que diante do desafio de ir para Nínive preferiu ir para Társis longe da vontade de Deus ( Jn. 1. 1-3)

A tarcirizaçao da igreja que é a indiferença com o mandamento de Deus e sua missao é pecado diante do Altíssimo. A igreja é voz profética e deve em nome de Deus denunciar toda a injustiça, todo o descaso social, todo o patrulhamento preconceituoso contra os necessitados e portadores de deficiencia especiais ( Prov.31.8-9)

O teólogo anglicano Dr. John Stott em seu livro Mentalidade Crista: Posicionamento do Cristao em uma Sociedade nao Crista, aponta para o dever integral da igreja diante do mundo. Stott diz que o laissez-faire da igreja que é justamente a apatia e a indiferença é um grande erro eclesiológico que traz conseqüencia.

Como igreja nao podemos ficar indiferente com a situaçao de injustiça, descaso social etc em todas as formas que deforma. Na verdade estamos diante de uma situaçao que precisamos abraçar em nome de Deus que é uma pastoral de cuidado para com os necessitados e portadores de deficiencia especiais.

E esse cuidado nao é uma fuga para Tarsis mais um ir para Nínive em busca do fraco, do perdido, da ovelha ferida que nao consegue discernir entre a mao direita e a mao esquerda no jogo dúbio da vida

Segundo o Unicef, uma em cada 10 crianças é portadora de necessidades especiais e 190 milhoes de crianças no mundo estao nessa situaçao, das quais cerca de 150 milhoes nos países nao-desenvolvidos.

A Organizaçao Mundial de Saúde estima que no Brasil existam 15 milhoes de portadores de necessidades especiais, dos quais cerca de 7 milhoes com deficiencia mental, 3 milhoes com deficiencia física, um milhao e meio com múltiplas deficiencias, 750 mil com deficiencia visual e cerca de 2 milhoes com deficiencia de audiçao. Outras fontes dizem que esse número já chegou a casa dos 25 milhoes de pessoas.

Os necessitados e portadores de deficiencias especiais vivem um drama diário juntamente com suas famílias. O poder público nao tem uma resposta satisfatória quanto a essa realidade. Esse realismo é presente já no inicio da vida, pois muitas creches nao tem condiçoes para receberam essas crianças. Assim como dizem os estudiosos no assunto muitos pais tem que renunciar o seu trabalho principalmente a mae para poder cuidar do filho que é portador de deficiencia.

Este fato percorre por toda a vida, pois a integraçao a inclusao o afeto ainda é uma realidade tardia, labutante nas fazes adultas. Outro ponto desfavorável é justamente á oportunidade de trabalho para essa fatia grande na sociedade que é esquecida.

É certo que várias medidas a nível político já foi tomada, todavia a práxis da inclusao trabalhista é barrada pelo mercado narcisista que coloca esse tipo de pessoas nao por causa do amor e do afeto mais por causa de um decreto de lei que obriga esta açao.

Estamos longe de ver uma sociedade que inclui através do amor e do olhar de compaixao. Esse papel sem dúvida deve ser da igreja que é por assim dizer a comunidade do amor, do perdao, da reconciliaçao, do afeto, do abrigo.

A igreja de Cristo nao pode ficar no ostracismo dessa realidade mais em nome de Deus deve fazer um programa que atinge essas pessoas como também ser participadora de órgaos que á anos vem lutando esta causa justa. Ela deve ser humilde em aprender o caminho técnico do desdobramento desse realismo e como trabalhar isso no patamar da interdiciplinidade como ajuste e encontro de ramos da ciencia em prol do sofrido.

Muitos profissionais estao em nossos bancos de igreja em virtude de um conceito errado de vocaçao eles estao no corpo de Cristo inativos enquanto poderiam ser capacitados- para essa sublime tarefa, pois temos pedagogos, médicos, professores, psicólogos, assistentes sociais etc. que poderiam servir a igreja e consequentemente o mundo nas suas formas mais complexas.
Como igreja achamos que vocaçao é algo no campo dos “ordenados” dos treinados no campo da teologia. Esse engano histórico deve ser removido das fileiras do evangelho, pois vocaçao nao está vinculada somente no brasao da ordenança mais cada profissao é uma vocaçao que deve ser servida no reino de Deus para o louvor da sua glória.

Um projeto de cuidado pastoral para os necessitados e portadores de deficiencia especiais passa por esse romper barreiras e fronteiras dentro da própria estrutura eclesiástica e pastoral. Se queremos contribuir para essa fatia crescente em nossa naçao devemos ter um olhar de compaixao para com essas pessoas e seu mundo imediato que envolve família, renda, sonhos, dedicaçao etc.

A igreja deve ser humilde em reconhecer a sua omissao tanto em projeto da igreja local como em sua voz profética junto aos órgaos públicos e na conscientizaçao humanizadora de seus membros quanto a essa questao. Jesus Cristo deixou exemplo para a igreja seguir e esse exemplo deve ser teologizado, encarnado, vivido para gloria de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Pensando assim iremos juntos romper o ostracismo de uma pastoral para os necessitados e portadores de deficiencia especiais no complexo mundo da eclesiologia contemporânea. Sabemos que a tarefa é árdua mais prazerosa, pois sabendo que era impossível ele foi lá e fez nós como cristao determinados a ajudar esse enorme grupo de 25 milhoes de necessitados e portadores de deficiencia servimos o Deus do impossível que pela sua graça já fez um programa especial para esses seu filhos queridos.

Agora cabe a nós redescobrir as velhas e sempre novas palavras de Jesus Cristo “ assim como o pai me enviou eu envio a vós” entao “ide por todo mundo e pregai o evangelho para toda a criatura” e sem dúvida aqui se coloca com sublimidade os portadores de deficiencia especiais.
A igreja contemporânea e o seu complexo eclesiástico devem revisitar as frases do general

William Booth fundador do Exército de Salvaçao que expressou dizendo:
“ Enquanto mulheres chorarem, como choram agora, Eu lutarei; Enquanto criancinhas passarem fome, como passam agora, Eu lutarei; Enquanto homens passarem pelas prisoes, entrando e saindo, entrando e saindo, Eu lutarei; Enquanto houver uma moça vagando perdida pelas ruas, Enquanto restar uma alma que esteja nas trevas sem a luz de Deus, Eu lutarei; até o fim, Eu lutarei”.

O Pacto de Lausanne maior evento contemporâneo da cristandade evangélica que ocorreu em 1974 na Suíça e que foi representado por mais de 150 naçoes em seu artigo V “ A responsabilidade Social Crista”, deixa claro que o ostracismo eclesiástico diante das camadas desfavorecidas da sociedade é um grave erro cristao.

Lausanne salientou que o ser humano foi feito a imagem de Deus e toda pessoa independente de raça, religiao, cor cultura, camada social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca razao pela qual deve ser respeitada e servida e jamais explorada.

O evangelho e a açao social nao sao incompatível excludente como sublinha o Pacto “ embora a reconciliaçao do homem com o homem nao signifique a reconciliaçao deste com Deus, nem a açao social evangelizaçao, e nem emancipaçao política salvaçao, contudo afirmamos que a evangelizaçao e o envolvimento sócio-político sao ambos parcelas do nosso dever cristao”.
Sem dúvida nosso dever como igreja é rever em primeiro lugar nosso propósito, nossa identidade, nossa missao.

Nao podemos ter um evangelho voltado para dentro “ centrípeto” , mais um evangelho voltado para fora “ centrífugo”, que enxerga o caído, o desfavorecido, o ferido, o excluído que espera em nós os eclesianos uma pastoral de cuidado e amor.

O estudo continua na parte dois

Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo