terça-feira, 17 de abril de 2012
Dr. MARTIN LUTHER KING: DEIXE-NOS VOTAR: REFLEXÃO EM PERÍODOS DE ELEIÇÃO
Deixem- nos votar, e não mais importunaremos o governo federal para falar de nossos direitos básicos. Deixem-nos votar, e não mais imploraremos ao governo federal pela promulgação de uma lei antilinchamento; com a força de nosso voto, inscreveremos essa lei nas leis do sul e acabaremos com os atos covardes dos encapuzados que disseminam a violência.
Deixem-nos votar, e transformaremos as má ações visíveis de multidões sanguinárias na calculada boa ação de pacatos cidadãos. Deixem-nos votar, e colocaremos, nos tribunais do sul, juízes que atuarão com justiça e amarão a misericórdia, e colocaremos, á frente dos estados sulistas, governadores que experimentaram não só a amargura dos homens, mas o ardor de Deus. (...) Neste momento decisivo da história de nossa nação, precisamos com urgência de uma liderança corajosa.
Precisamos reconhecer que combatemos o mais penoso problema social do país, e, ao combater um problema tão complexo como esse, não há lugar para sentimentalismos enganadores. Devemos trabalhar apaixonada e continuadamente pela liberdade; mas devemos ter certeza de que, no decorrer da luta, não sujaremos as nossas mãos.
Não devemos lutar com falsidade, ódio ou malícia. Nem devemos guardar mágoas. Sei como nos sentimos as vezes. Há o perigo de alguns de nós, que tanto tempo forçados a permanecer no meio de uma trágica noite opressão - aqueles de nós que fomos pisoteados, aqueles de nós que fomos esmagados - há o perigo de sermos tomados pela mágoa. Mas se nos abrirmos á magoa e cedermos a uma campanha de ódio, a nova ordem que surge nada será além da reprodução da velha ordem.
Enfrentaremos o ódio com o amor. Enfrentaremos a força física com a força da alma. Há ainda uma voz clamando através dos tempos: " Amai os vossos inimigos, abençoai os que amaldiçoam, e orar pelos que vos ultrajem e vos perseguem". Então,e apenas, poderemos nos matricular na universidade da vida eterna. Essa mesma voz clama em termos que se elevam a proporções cósmicas: "Quem vive pela espada,pela espada morrerá". E a história está repleta de ruínas das nações que falharam ao não seguir essa lei. Devemos seguir a não violência e o amor.
Mas não estou falando de um tipo de amor sentimental e superficial. Não estou falando de Eros, que é uma espécie de amor estético e romantico. Também não falo de Philia, que é uma espécie de afeição íntima entre amigos. Estou falando do Ágape. Estou falando de um tipo de amor que nos fará amar o pecador ao mesmo tempo que odiamos o pecado cometido. Amemos.
E aqueles de nós que invocam o nome de Jesus Cristo encontram, em nossa fé cristã, algo com a força de um evento que nos diz isso. Há algo em nossa fé que nos diz: "Jamais se desespere; jamais desista; jamais acredite que a causa da virtude e da justiça está condenada". Há algo no âmago de nossa fé cristã que nos diz que a Sexta-Feira Santa pode ocupar o trono por um dia, mas ao fim dará lugar ao triunfante rufar dos tambores da Páscoa.
Ás vezes é duro, mas é sempre difícil abandonar o Egito, pois o Mar Vermelho está sempre adiante com as suas dimensões assustadoras. E, mesmo depois que se cruza o Mar Vermelho, é preciso atravessar um deserto com os prodigiosos monte do mal e as gigantescas montanhas da oposição. Mas nesta tarde lhes digo: Continuem andando. Não diminuam o passo. Sigam com dignidade, e honra, e respeito.
Martin Luther King Jr. nasceu em 15 de janeiro de 1929, em Atlanta, na Geórgia, e morreu assasinado em 4 de abril de 1968, em Memphis, no Tennessee. Tornou-se doutor em teologia pela Universidade de Boston, em 1955, mas foi como pastor de uma igreja Batista de Montgomery, no Alabama, que iniciou a sua história como líder do movimento por direitos civis no sul dos EUA. Pregando a não violência como forma de protesto á discriminação racial, ás injustiças econômicas e á guerra, Luhter King recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1964.
Extraído do livro "Os Melhores Discursos de Martin Luther King": Um Apelo á Conciência, editado por Clayborne Carson e Kris Shepard. Jorge Zahar Editor Ltda, pelo Pastor carlos Augusto Lopes
Esse discurso memorável do reverendo Luther King, jogou luz para novas transformações sociais em seu país. Ele apontava para as cabines de votação como expressão eloquente da democracia. Em seu discurso ele apontava para as questões mais complexas como "emprego", "educação", "saúde', "moradia', "justiça" etc. King, percebeu á força que existe no voto e isso não poderia ser negado a nenhum ser-humano, por isso ele Bradou: "Deixe-nos Votar".
Carlos Augusto Lopes
pastor da Igreja ADI- Tubarão-SC, Teólogo, Historiador Social
e membro do Conselho da Aliança Evangélica Brasileira
é secretário Geral do Conpet e do CAD-Brasil
"Nas Coisas essenciais, Unidade;
Nas Coisas não essenciais, Liberdade;
Em todas as Coisas, Amor"
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